Imóveis de dois e três quartos devem ser 'carro-chefe' em São Paulo
DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO
Com expectativa de crescimento nas vendas e nos lançamentos em 2014, o mercado imobiliário paulistano prepara o terreno para que novos empreendimentos saiam do papel.
Quem busca apartamentos na planta deverá encontrar mais opções na Barra Funda, Itaim Bibi e Pinheiros, na zona oeste, segundo a empresa de pesquisas Geoimovel, que levantou, a pedido da Folha, os distritos com mais lançamentos previstos.
Na Barra Funda, onde torres ocupam o lugar de galpões industriais, 1.647 unidades são anunciadas como futuro lançamento. A maioria é de médio e alto padrão.
Já no Itaim Bibi, o metro quadrado dos lançamentos custa mais de R$ 15 mil (ante cerca de R$ 8.500 da média da cidade). Ainda assim, há à venda imóveis novos com área que ultrapassa os 200 m².
Lucas Lima - 22.ago.2012/Folhapress | ||
Operário percorre prédio ainda em obras na região do parque do Ibirapuera, na zona sul da cidade de São Paulo |
Pinheiros ganhou impulso com a chegada do metrô ao largo da Batata em 2010, e incorporadoras apostam com força na região.
Quanto ao número de quartos, a perspectiva é de redução da oferta de um-dormitório, após um salto na participação nos lançamentos de 1,4% em 2007 para 24,4% em 2013. A fatia de dois e três-quartos deve crescer.
Se o ritmo de lançamentos de imóveis de um quarto cresceu muito nos últimos anos, os de dois e três é que devem ganhar espaço em 2014.
Essas duas tipologias predominam nos bairros de classe média, com produtos que vão de perfil econômico a alto padrão, voltados normalmente a famílias que têm ou que querem ter filhos.
"É um público sustentável, não especulativo, a quem gostamos muito de vender", diz o diretor da construtora PDG Mauricio Salles.
Para Enzo Riccetti, diretor da Tecnisa, na cidade, os apartamentos de dois e três dormitórios compactos devem ser o "carro-chefe" dos lançamentos em 2014.
Editoria de arte/Folhapress | ||
INVESTIMENTO
Antecipando-se ao menor apetite de investidores, principais compradores de imóveis de um quarto, as incorporadoras devem reduzir os lançamentos no segmento.
O investidor hoje tem à disposição aplicações financeiras mais rentáveis, resultado das recentes elevações da taxa básica de juros, a Selic.
A poupança fechou ontem com rendimento mensal de 0,61%. Quem compra imóvel para alugar busca, em geral, cobrar a partir de 0,5% do valor do imóvel ao mês.
"O mercado imobiliário trabalha de forma inversa ao mercado financeiro. Se há aumento na taxa de juros, isso realmente desaquece um pouco o investidor puro na área imobiliária", diz Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário).
Quanto aos imóveis de quatro quartos, a oferta deve permanecer em patamar baixo, mesmo com a redução do estoque após promoções para desovar imóveis encalhados nos últimos anos.
Para Miguel Jorge Filho, administrador da incorporadora Tucuman, a escassez de terrenos grandes em áreas nobres dificulta o lançamento de produtos de altíssimo padrão com mais de 250 m².
O novo Plano Diretor, que deve ser aprovado neste semestre, deverá ter grandes reflexos no mercado a partir de 2015, já que os lançados em 2014 devem, na maioria, ser formados por projetos aprovados sob as regras atuais.
"A tendência com o plano é que os apartamentos nos eixos de transporte público sejam menores", diz Ricardo Laham, diretor de negócios da Brookfield.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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