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01/03/2014 - 10h00

Livro reúne histórias e apartamentos de mercado de luxo nos EUA

PENELOPE GREEN
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK

No final de 2004, especialistas em antiguidades estavam trabalhando no velho Mayflower Hotel, em Nova York, nos Estados Unidos, para recolher pias de pedestal, caixas de correio de bronze e candelabros de cristal.

Projetado por Emery Roth, arquiteto responsável por edifícios famosos da região, como o San Remo e o Beresford, o hotel, aberto em 1926, teve sua fachada decorativa removida décadas antes.

Após um estudante ser morto, em 1979, por um pedaço de cimento que caiu de um edifício da Universidade Colúmbia, a cidade adotou uma lei exigindo que edifícios com mais de cinco pavimentos passem por inspeções de segurança em suas fachadas.

Em vez de perder tempo com reparos dispendiosos, os proprietários do Mayflower decidiram simplesmente remover os ornamentos da fachada –das cornijas aos frontões.

Em 2005, o edifício seria demolido. Na época, David Dunlap, do jornal "New York Times", o descrevia como "uma construção discreta [...] que oferece calma em meio à tempestade visual". E previa, corretamente, que o edifício que poderia surgir em seu lugar nada teria de discreto.

O Mayflower havia sido adquirido por US$ 401 milhões pelos incorporadores imobiliários William e Arthur Zeckendorf, em parceria com a divisão imobiliária do banco Goldman Sachs e com o magnata da navegação e de imóveis Eyal Ofer.

O preço, da ordem de US$ 7,5 mil por metro quadrado, foi recorde para a cidade –quase o dobro do valor de qualquer venda de terreno recente.

O edifício que eles construíram, o 15 Central Park West –projeto de Robert Stern com 15 andares revestidos de pedra calcária–, bateu novos recordes quando os primeiros bilionários a comprarem apartamentos lá os revenderam por somas ainda mais extravagantes.

Em 2011, Sanford Weill, antigo presidente do Citigroup, vendeu sua cobertura por US$ 88 milhões a um fundo de investimento estabelecido para a filha de 22 anos de um oligarca russo. No final do ano passado, os preços dos apartamentos no edifício haviam atingido os US$ 62 mil por metro quadrado.

PODER, DINHEIRO E EGO

Essas peripécias e superlativos são relatados em "House of Outrageous Fortune: Fifteen Central Park West, the World's Most Powerful Address", o novo livro de Michael Gross, 61, no qual ele conta quase tantas histórias quanto o edifício tem de apartamentos (202).

São histórias que vão da saga da família Zeckendorf, vinda da Alemanha e depois assentada no Upper West Side, ao colapso do banco Lehman Brothers, passando por curiosidades como a escala das gorjetas dadas pelos moradores e o suposto salário anual do administrador residente do edifício (US$ 600 mil).

O livro está ainda mais repleto de bilionários e suas aventuras do que "740 Park: The Story of the World's Richest Apartment Building", best seller publicado em 2005 por Gross sobre edifício que abrigava a onda precedente de plutocratas de Manhattan.

Gross diz que gosta de mapear as expressões de poder, dinheiro e ego. E mesmo que seu plano original não fosse ser "o cara que escreve sobre edifícios", como ele definiu recentemente, certos desdobramentos na história de Manhattan foram especialmente frutíferos para ele.

BOLO DE NOIVA

A "história imobiliária" pessoal do escritor em Manhattan, no entanto, é um pouco menos luxuosa. Gross já morou em uma quitinete de porão, pela qual pagava US$ 175 mensais.

Gross estava morando na quitinete há cerca de um ano quando o jornal de bairro "SoHo News" pediu que ele escrevesse sobre a experiência de encontrar um apartamento na cidade. Foi durante a pesquisa que ele encontrou seu segundo apartamento, um loft duplex na rua Bond, perto do Bowery (aluguel: US$ 225 mensais).

Seu atual apartamento tem dois quartos e preço estimado de venda de US$ 2,875 milhões.

Construído em 1909, o edifício em que mora é um verdadeiro "bolo de noiva" na esquina da Sétima Avenida, revestido de terracota.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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