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04/05/2014 - 01h30

Preço leva brasileiros a investir em imóveis no exterior

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

Após o estouro da crise imobiliária nos Estados Unidos em 2007, que no ano seguinte se alastrou para o restante da economia, muitos brasileiros aproveitaram para ir às compras.

Hoje o cenário de preços de imóveis "no chão" já passou, mas o interesse estrangeiro pelo mercado imobiliário americano persiste.

Adriano Vizoni/Folhapress
Isabela Menezes comprou um imóvel nos Estados Unidos para passeio
Isabela Menezes comprou um imóvel nos Estados Unidos em 2011, ano em que os preços começaram a se recuperar

No caso dos brasileiros, o principal objetivo é ter um local para ir algumas vezes por ano e passar as férias. Quando a casa não está em uso, pode ser alugada, o que ajuda a pagar o imposto de propriedade e a taxa de condomínio.

A relações-públicas Isabela Menezes, 45, comprou um apartamento em Miami em 2011, ano em que os valores começaram a se recuperar.

"Vou muito a Miami e comprei numa fase muito boa, com o valor lá embaixo", afirma Menezes, que pagou U$S 200 mil pelo imóvel. Hoje, diz ela, o apartamento vale U$S 350 mil (cerca de R$ 780 mil).

Menezes diz perceber que, mesmo com a valorização, os preços estão mais baixos do que apartamentos semelhantes no mercado brasileiro, que passaram por forte alta nos últimos anos.

"No Leblon [zona sul do Rio], um igual ao meu sairia por R$ 1,2 milhão", diz Isabela, que inspirou a mãe a também comprar um imóvel na Flórida no ano passado.

PERSONALIZADO
Alguns dos lançamentos trazem características novas ou permitem adaptações na planta para atender aos brasileiros, segundo Basilio Jafet, presidente da Fiabci Brasil (Federação Internacional das Profissões Imobiliárias).

"Nos imóveis mais compactos, principalmente, a lavanderia fica nos fundos de um dos banheiros, e o brasileiro odeia isso. Os americanos entenderam que para vender para nós têm de fazer adaptações", diz Jafet.

Renato Teixeira, presidente da rede de franquias imobiliárias Re/Max, afirma que varanda gourmet e quadra de futsal são itens pensados sob medida para brasileiros em alguns empreendimentos recentes.

"Há muitas coisas que estão fazendo pensando nos brasileiros, que representam de 15% a 20% dos compradores. Varanda gourmet e quadra de futsal são alguns exemplos", diz Renato Teixeira, presidente da rede de franquias imobiliárias Re/Max Brasil.

A design de interiores Christina Hamoui lembra que o comprador que busca contratar um profissional brasileiro para decorar o imóvel pode também fazer tudo a partir do Brasil. Nesse caso, o próprio escritório pode se encarregar de contratar a mão de obra no exterior.

INVESTIMENTO
Apesar de o real ter se desvalorizado perante o dólar (comparando com o período da crise americana), o interesse dos brasileiros pelo mercado imobiliário dos EUA permanece alto.

E, com preços em recuperação, torna-se maior a presença de investidores. No Brasil, a tendência é de acomodação, o que afugenta quem busca rentabilidade.

Craig Studicky, diretor da ISG World, empresa de assessoria imobiliária, ressalta que cerca de 20% dos brasileiros que adquiriram imóveis em Miami em 2013 o fizeram por investimento, o que, segundo ele, não ocorria em 2009.

O médico Luiz Carlos, 59, comprou um imóvel na Flórida que estava sendo retomado de um cliente pelo banco. Um ano depois, vendeu-o com lucro de 30%.

Já em Nova York, a liquidez é o que chama atenção de investidores. "O que se lança lá é logo vendido, por causa da percepção de que a cidade é um porto-seguro", diz Basilio Jafet, da Fiabci Brasil.

No caso de quem financia o imóvel, a variação cambial deve ser levada em conta. Por isso, informar-se sobre as perspectivas para as moedas estrangeiras ajuda no planejamento financeiro.

Cassio Faccin, da consultoria Faccin Investimentos, recomenda que quem comprou um imóvel financiado abra conta bancária nos EUA.

Com isso, na remessa de valores para o exterior, segundo ele, incidirá uma alíquota de 0,38%, não de 6,38% como ocorreria sem a conta.

Mesmo com a recuperação desde 2011, o índice de valores das residências nos EUA é 7,6% menor do que no pico de preços, em abril de 2007, segundo a FHFA (Agência Federal de Financiamento Imobiliário, na sigla em inglês).

No Brasil, a realidade é bem diferente. O Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados, que mede o preço em 11 regiões metropolitanas e é calculado pelo Banco Central, acumula alta de 204% nesse período.
segurança

Leo Ickowicz, proprietário da consultoria Elite, conta que nos últimos meses aumentou também o número dos que adquirem um imóvel para morar nos EUA.

Quem compra para passeio ou emigração, além dos preços, normalmente ressalta a boa infraestrutura e a segurança maior como fatores decisivos para fechar o negócio.

A tabeliã Mônica Ferreira comprou um apartamento em Miami para ir eventualmente. Ela já tem uma casa em Orlando. "A Flórida é um lugar superseguro. No Brasil, meu carro é blindado. O que tenho nos EUA não é."

Na Europa, Portugal e Espanha, com preços depreciados, são os mercados preferidos dos brasileiros. Um chamariz é obtenção de visto de residência para quem comprar imóveis a partir de € 500 mil (R$ 1,6 milhão).

Na América do Sul, o destino principal é Punta del Este, no Uruguai. No balneário, brasileiros costumam usar a casa em parte do ano e alugá-la no restante.

Editoria de Arte/Folhapress
 

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