Infiltração, barulho e vaga de garagem lideram disputas em condomínios
DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO
A coordenadora editorial Adriana Wrege, 46, passou por dois problemas de infiltração no imóvel em um intervalo de menos de dois anos. Em um deles, foi a "culpada". No outro, a "vítima".
Neste último caso, a vizinha do andar de cima fez uma reforma que originou uma "enxurrada" no seu apartamento. Avisada do problema, a moradora logo se dispôs a pagar o conserto.
Morador deve atentar ao perfil do condomínio
No outro, um problema no encaixe do vaso sanitário do seu banheiro atingiu o apartamento de baixo. Adriana pagou a reforma, também sem dificuldade de entrosamento com a outra vizinha.
Infiltração, barulho e disputa por vagas estão no topo das tensões da vida em condomínio. Como nesse caso, negociar com o morador costuma ser a melhor saída.
"O vazamento era uma 'queda-d'água', mas a vizinha foi super solícita e pagou o conserto", conta Adriana.
Mas nem sempre o desfecho é tão simples.
Davi Ribeiro/Folhapress | ||
Em menos de dois anos, Adriana Wrege passou por dois problemas de infiltração no imóvel, solucionados sem mediação do síndico |
Quando o incômodo bate à porta, não há uma saída mágica para resolvê-los, mas há uma alternativa que normalmente é eficaz. Trata-se da conversa entre os moradores, o que sofre com o problema e aquele que o causou.
Segundo o síndico Nilton Savieto, do Conselho de Síndicos do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), cerca de 75% dos conflitos costumam ser resolvidos entre os moradores.
Outros 20% exigem mediação do síndico e só 5% dos incomodados vão à Justiça ou à delegacia registrar queixa.
A vantagem de procurar o causador do incômodo é que isso minimiza o clima de desconfiança que pode surgir quando a "denúncia" é feita ao síndico ou porteiro.
E, quando envolve o condomínio, a reclamação pode provocar resistência, criar troca de acusações e até gerar rivalidade entre os envolvidos nas assembleias.
"O primeiro ponto é tentar uma aproximação amigável. Uma criança briga com a outra e logo estão brincando de novo. Já os pais não se falam mais e agem mais como crianças do que os filhos", diz Marcelo Mahtuk, diretor da administradora Manager.
Evidentemente, é preciso cuidado ao lidar com pessoas agressivas e evitar se expor a brigas desnecessariamente, não prolongando conversas com pinta de que irão se transformar em discussão.
CONDOMÍNIO
Muitos problemas ocorrem também por falta de ação dos profissionais do prédio ou por ausência de regras no regulamento interno, o que, nesses casos, exige uma ação na assembleia do condomínio.
É o caso das disputas por vagas de garagem, que, segundo Savieto, estão entre as principais disputas a exigir mediação do síndico.
"Problemas com vagas são culpa do condomínio, não dos condôminos. Se há um critério de disciplina, de sorteio, de ocupação de espaço e demarcação, não é para haver problemas", diz Rubens Carmo Elias Filho, presidente da Aabic (associação de administradoras de condomínio de São Paulo).
Para evitar os conflitos, Elias Filho recomenda que seja sorteada uma vaga por apartamento, independentemente da presença do morador na assembleia ou se ele está adimplente.
Outro papel que o condomínio deve exercer para não haver desavenças é regularmente encaminhar dicas ou informar os moradores das regras do empreendimento, como de barulho.
É bastante comum, por exemplo, que o morador ou a moradora só descubram que incomodavam ao receber uma reclamação.
Entre as causas estão não só o som alto depois das 22h, mas até as batidas da porta ou o barulho do salto alto.
A orientação pode ser feita por meio de e-mail, com circulares ou mesmo com a divulgação do regulamento interno aos condôminos.
Ilustração Carolina Daffara Ferreira/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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