Publicidade
24/10/2014 - 22h30

Em zona de enchente, sistema garante portas e janelas amplas na casa

PENELOPE GREEN
DO "NEW YORK TIMES", EM NOVA YORK

Uma porta transparente de garagem nos fundos da casa que Jaime Roark, 38, projetista de exposições no museu Guggenheim, e Ben Krone, 37, projetista arquitetônico que comanda o Gradient Design Studio, reformaram, no Brooklyn, em Nova York, permite que o ambiente seja inundado por luz natural.

Como boa parte do bairro fica à beira-rio em uma antiga área industrial, a região está sujeita a inundações.

Escoadouros de proteção contra enchentes foram instalados entre os painéis de acrílico da porta, a partir de um esboço de Krone.

A planta de Krone para a casa segue meticulosamente os códigos de construção adotados depois da tempestade Sandy, mas de maneiras inteligentes e econômicas.

O furacão varreu diretamente essa modesta casa de três andares, e o proprietário na época, que a mantinha como imóvel de aluguel, teve de remover toda a estrutura interna, deixando só as paredes.

Sem encanamento, paredes e pisos, a casa estava inabitável. Nenhum, banco aceitaria financiá-la. Krone e Roark viviam em um apartamento alugado em Williamsburg e queriam construir uma casa. Estavam procurando há meses e, em outubro, compraram o imóvel por US$ 880 mil usando dinheiro que Krone herdou do pai e da avó para pagar a entrada.

O financiamento do saldo remanescente foi bancado pelo proprietário, em um arranjo anual com baixíssimas taxas de juros, que disparariam caso eles atrasassem os pagamentos. A ideia era obter uma hipoteca convencional sobre a casa assim que ela se tornasse habitável.

Roark estava grávida, o que aumentava ainda mais a pressão de tempo. Mas Krone, um modernista engenhoso cujos trabalhos passados incluem obras comerciais, residenciais e alguns condomínios, serviu de empreiteiro para o projeto e conseguiu concluir a reforma em seis meses, por cerca de US$ 350 mil.

Para fazê-lo, ele e Roark usaram suas economias e cartões de crédito e tocaram boa parte do trabalho sozinhos.

O principal elemento da reforma era o acréscimo de um pavilhão de dois andares nos fundos da casa, uma nova fundação e, claro, a substituição de todos os elementos internos destruídos.

O foco era uma cozinha que Krone e Roark compraram a preço de custo na Henrybuilt, produtora de cozinhas de Seattle, por US$ 10 mil, uma fração de seu preço no varejo.

Foi com base nas dimensões da cozinha que Krone desenhou os 200 metros quadrados da casa: uma ampla área aberta com cozinha, sala de jantar e sala de estar no primeiro pavimento, com todos os elementos mecânicos embutidos em uma despensa, bem acima do nível do chão –em casas como essa, o primeiro piso fica um andar acima da rua.

No piso inferior, eles instalaram um escritório e uma sala, e, no piso superior, ficam o dormitório e uma sala de vestir.

CONTRATEMPOS

Essa configuração aberta, que permitirá mudanças à medida que a família cresça, causaria problemas mais tarde junto ao banco, cujos cálculos não conseguiam acomodar uma casa de apenas um quarto. "Cada quarto a mais representa US$ 30 mil adicionais em crédito", diz Krone. "Construir uma parede me custaria só US$ 1 mil, mas é desperdício e não é o que queríamos".

Outro revés foi uma complicação de crédito que só autorizava uma hipoteca de 70% do valor da casa caso ela fosse realizada menos de um ano depois da compra do imóvel.

Os dois antecipavam que o dinheiro da hipoteca liquidasse os saldos devedores de seus cartões de crédito e que lhes propiciasse alguma liquidez. "Primeiro foi como um soco no estômago", diz Krone. "Mas agora nossa casa representa capital e não dívida".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

Publicidade

 
Busca

Encontre um imóvel









pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag