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18/11/2014 - 08h18

Casa na Califórnia tem escavadeira na sala e corrimão de LED no jardim

ELAINE LOUIE
DO "NEW YORK TIMES"

Arnold e Maria Forde têm um modo interessante de pensar sobre mobília. A primeira coisa que você percebe ao entrar na casa deles em Laguna Beach, Califórnia, comprada por US$ 800 mil nos anos 1980, não é um sofá ou uma mesa, e nem mesmo a deslumbrante vista do oceano.

É uma escavadeira. Ou "Bulldozer", para ser exato, uma peça de 2,27 toneladas criada pelo artista conceitual Chris Burden que domina o saguão.

"Isso vai chocar todo mundo que visitar a casa", recorda alegremente Arnold Forde, 78, sobre o momento em que comprou a peça. "Não é só um quadro na parede".

E na sala de estar? Há um Lotus Europa 1973 estacionado ao lado dos sofás de couro. Exceto que, no contexto, não se trata de um carro, mas de "Lotus", outra peça conceitual de Burden.

Os Forde, colecionadores ávidos de arte conceitual e de vanguarda, viram as duas peças em 2007 e as adquiriram no espaço de alguns poucos dias.

"Enlouquecemos e decidimos comprar o trator, e eles tiveram de vir aqui para ter certeza de que o peso não o afundaria assoalho abaixo", conta Maria Forde, 82, voluntária da ONG World Vision. "E meu marido, que estava conversando com a mulher da galeria, disse "ei, podemos colocar o carro aqui, na sala de estar", e eu respondi "com certeza".

É claro que qualquer pessoa que conheça Arnold Forde sabe que ele tende a não evitar o surpreendente ou o não convencional. Afinal, ele é presidente da Forde & Mollrich, a agência de publicidade que em 1978 organizou a campanha pela proposição 13, uma medida de consulta que resultou em um grande corte nos impostos imobiliários estaduais, e que trabalhou na campanha de Arnold Schwarzenegger em 2006 para o governo da Califórnia.

Assim, quando os Forde decidiram que seu jardim precisava ser repaginado, havia pouca chance de que o resultado final fosse um gramado bem cuidado.

E, de qualquer forma, grama eles já tinham, em uma série de áreas em degrau que conduziam da garagem ao nível da rua à casa, 3,60 metros abaixo. "A grama estava lá desde que tínhamos comprado a casa", disse Arnold Forde. "Não é que fosse ruim. Mas era banal e tediosa".

Além disso, os corrimões estavam desgastados, e alguns dos refletores estavam enferrujados e não funcionavam mais, o que atrapalhava o casal quando queria caminhar pelo jardim de noite.

Mas ainda assim havia algo que amavam: uma enorme pinheiro de 75 anos de idade, com o tronco todo rugoso e retorcido e uma altura de quase 11 metros, e uma copa com 14 metros de diâmetro –quase o tamanho do jardim. A árvore, fortemente inclinada para um lado, tinha uma viga de aço como apoio e servia de ponto focal ao jardim. Eles de jeito algum queriam perdê-la.

Ken Smith, o paisagista de Manhattan que os Forde contrataram para o projeto, criou seu design em torno da árvore –ela e algumas variedades de plantas capazes de sobreviver à espécie de seca que a Califórnia teve de enfrentar recentemente. Smith escolheu trabalhar com uma palheta "primária de verde, azul-acinzentado, prata", ele diz, "com plantas de baixo consumo de água, incluindo salvas locais que no verão florescem com lindas flores azuis, e plantas mediterrâneas".

Na costa oeste dos Estados Unidos, "onde não há muita água", disse ele, "é comum plantar com grande separação". Um benefício, acrescenta, é que "você vê as plantas individuais, e elas têm essas cores interessantes".

Com isso, o paisagismo é contido e severo, com um piso de vidro reciclado azul e verde, cores que complementam as plantas, combinado a lascas de mármore e borracha negra.

Não é o mais comum dos jardins, ele admitiu, mas "os Forde adoraram a ideia de fazer algo mais provocante".

E a pièce de résistance nessa paisagem estranhamente atraente?

"O corrimão", disse Smith. "Foi a coisa mais expressiva e interessante que consegui fazer".

O jardim, cuja reforma de US$ 300 mil foi concluída este ano, é organizado em torno de um corrimão de alumínio vermelho brilhante, que brilha no escuro com a ajuda de LEDs. O apoio percorre os diferentes terraços do jardim em percurso sinuoso, se retorcendo, subindo e descendo, acentuando tudo que toca, incluindo o velho pinheiro.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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