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21/12/2014 - 01h30

Compactos esfriam com o mercado, mas não encerram ciclo

DE SÃO PAULO

Desafiando o status de "modinha", apartamentos pequenos sustentaram o mercado de imóveis em São Paulo nos últimos dois anos e não devem esgotar o ciclo tão cedo.

A tipologia representou 31,5% dos lançamentos na cidade de São Paulo de janeiro a outubro deste ano e 28% no fechamento de 2013, segundo dados do Secovi-SP (sindicado do mercado imobiliário). Em 2010, eram 11%.

Apartamento de 8 m² em Paris tem quarto embutido no armário

Ainda que o ímpeto do investidor, seu alvo principal, tenha diminuído, o setor vê demanda por compactos entre o consumidor final e descarta que seja apenas uma nova onda.

"São Paulo ainda tem pouco desse produto ante outras metrópoles, ao mesmo tempo em que se aproxima da configuração familiar menor dessas cidades", diz João Mendes, diretor comercial da Setin Incorporadora, dona da menor unidade na cidade, com 18 m².

Divorciada e com um filho que mora fora do país, a designer gráfica Joara Mello, 50, trocou uma unidade de 120 m² na Vila Nova Conceição (zona sul) por duas de 43 m² no mesmo bairro. Uma será para uso próprio e a outra, para investir. "Escolhi imóveis menores por causa da liquidez na venda e na locação, pela praticidade e pelo custo menor com manutenção e condomínio."

Para Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da imobiliária Abyara, a miniaturização dos apartamentos em São Paulo é um caminho sem volta, mas o ritmo da oferta dependerá da "volta do crescimento econômico".

Na opinião de Alexandre Lafer, dono da construtora Vitacon, trata-se de um segmento que atende a um estilo de vida. "É para quem privilegia viver com menos."

Zanone Fraissat/Folhapress
A designer gráfica Joara Mello valoriza a praticidade do apartamento de 43 metros quadrados que comprou na zona sul de São Paulo
A designer gráfica Joara Mello valoriza a praticidade do imóvel de 43 metros quadrados que comprou na zona sul de São Paulo

A miniaturização dos apartamentos não deve se esgotar com a recente oferta de unidades, que chegam a 18 metros quadrados, na cidade de São Paulo. O ritmo de lançamentos, no entanto, é que deve esfriar.

Para Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, o segmento é promissor, mas houve excessos. "A tendência é que as construtoras segurem os lançamentos até escoarem o estoque."

A oferta de um-dormitório em estoque (unidades não vendidas até três anos após o lançamento) somava, em outubro, 6.148 imóveis na cidade, de um total de 23.652.

Editoria de arte/Editoria de Arte/Folhapress

"Muito se lançou em um período curto e justamente quando o mercado travou", diz Vivanco.

Segundo especialistas do mercado imobiliário, a produção de compactos responde à nova configuração familiar (com menos usuários por moradia) e ao estilo de vida de grandes cidades. Metrópoles, como Paris e Londres, chegam a ter unidades de até 8 metros quadrados (leia mais abaixo).

Para Vivanco, uma cidade "caótica como São Paulo" sustenta o encolhimento dos imóveis. "Aqui, estar próximo de suas necessidades é fundamental. Se isso demandar um apartamento microscópico, um lugar minimamente habitável, vai ter gente se dispondo a isso."

LOCALIZAÇÃO

Os novos projetos têm se concentrado na região central, como na República, e próximos de polos comerciais e eixos de transporte, como no Campo Belo (zona sul).

"Quem mora em imóveis desse tipo quer, sobretudo, encurtar distâncias", diz Afonso Celso Bueno Monteiro, presidente do CAU-SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo).

Antes da compra, no entanto, é preciso considerar os custos dessa operação.

Além do metro quadrado mais caro em relação a uma unidade de dois dormitórios, é preciso ponderar os gastos com a mobília (que exige talento no jogo de encaixe) e com serviços do condomínio.

"A decoração de um apartamento de 20 metros quadrados custa em torno de R$ 70 mil, incluindo móveis, eletrodomésticos e acabamento", diz Monteiro, que lembra ainda que muitos prédios não oferecem vaga de garagem.

Para o comprador, no entanto, o valor nominal é compensado, segundo Eduardo Muszkat, diretor-executivo da incorporadora You,Inc.

"A área molhada dos pequenos, que inclui cozinha e banheiro, corresponde a cerca de 40% a 50% do total e é mais cara", diz ele. "Você paga mais por um metro quadrado mais útil, mas a metragem também é menor."

Rogério Santos, presidente-executivo da imobiliária RealtOn, pondera que a miniaturização das unidades pode comprometer o investidor –alvo principal desse mercado até meados de 2014.

"Um imóvel de 19 metros quadrados pode se tornar um negócio de risco, porque é um produto para um público muito específico", diz.

Colaborou Anaïs Fernandes

 

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