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03/01/2015 - 10h00

Torre medieval em rota de peregrinação é restaurada para moradia na França

CAROLINE EDNIE
DO "NEW YORK TIMES"

Até recentemente, a torre medieval que se ergue por sobre o rio Dordogne, em Montvalent, uma pequena aldeia no sudoeste da França, era uma romântica ruína, habitada apenas por pombos.

A casa adjacente "mal e mal era habitável", diz Pamela Marshall, 63, uma das atuais proprietárias do imóvel. "A torre estava desocupada há décadas. É provável que não fosse ocupada desde o século 19".

Mas Pamela e seu marido Richard, 66, um casal britânico de Lincolnshire que tem laços antigos com a região, não se deixaram desanimar. Nos anos 1970, eles haviam restaurado outra ruína, um celeiro dilapidado na Dordogne, e usam a construção como casa de férias desde então.

"É um lugar maravilhoso para as férias de verão", diz Pamela. "Mas achamos que era hora de procurar um lugar na França que pudéssemos usar também durante o inverno".

E a aldeia, que no passado era uma das paradas na rota de peregrinação a Santiago de Compostela, na Espanha, atraiu-os imediatamente.

"Existe uma atmosfera em Montvalent que é difícil descrever, mas que me fez parar e prestar atenção", diz Pamela. "Existe um verdadeiro senso de história no lugar, e eu talvez seja mais sensível a ele do que uma pessoa comum".

Pamela prossegue: "Somos provavelmente a família ideal para comprar esse imóvel. Sou arqueóloga de edificações, Richard é advogado e nosso filho Mark é arquiteto".

Eles começaram pela compra da casa ao lado, em 2002, por US$ 75 mil. Teriam preferido adquirir a torre ao mesmo tempo, porque as duas edificações têm uma parede compartilhada, mas isso seria mais complicado.

Porque estava abandonada há muito tempo, foi difícil descobrir quem era o proprietário da torre. No fim, eles tiveram de obter a permissão de 11 descendentes da família a que a torre um dia pertenceu –o mais velho deles com mais de 80 anos e o mais jovem com menos de cinco–, para organizar a compra, por fim realizada em 2006 por US$ 31 mil.

E foi então que o trabalho verdadeiro começou. Mark Marshall e seu sócio na arquitetura, James Daykin, do escritório Daykin Marshall Studio, em Londres, encararam o desafio de determinar o que devia ser restaurado, o que eles deveriam tentar reconstruir e o que deveria se tornar uma reinterpretação moderna.

Em certa medida, as condições da torre ditaram suas escolhas. "Decidimos que a edificação precisava ser devolvida à sua estrutura básica, do século 15", disse Pamela. "Também tomamos a decisão de que não reconstruiríamos coisa alguma sem sólidas provas arqueológicas".

Informações derivadas de precedentes locais e do que restava da torre foram compiladas para criar um modelo de computador que orientou o entalhe das pedras que faltavam, e estas foram utilizadas para reconstruir os dois e meio pavimentos que haviam ruído.

Mas havia duas fachadas arruinadas que precisavam ser reconstruídas sem indícios históricos. Como disse Daykin, "tínhamos muito mais espaço arquitetônico para criar algo contemporâneo na lateral e nos fundos, mas não queríamos que o projeto se tornasse uma grande declaração de ousadia arquitetônica injustificada –mesmo que nós dois fôssemos arquitetos jovens, começando nossas carreiras e repletos de exuberância juvenil".

MISTURA DE SÉCULOS

Uma ponte branca de concreto funciona como entrada dos fundos do casa agora. A fachada tem um recorte que propicia um terraço com vista para os jardins abaixo, e o moderno telhado com estrutura suspensa ecoa as
formas dos telhados medievais que o circundam.

Foi um projeto de quatro anos de duração e com custo superior a US$ 400 mil, mas para Pamela o tempo e o dinheiro foram bem gastos.

"É emocionante viver em uma casa do século 15 com uma parte do século 21, magnífica, moderna, deslumbrante e integrada de maneira inconsútil", ela diz, "e sem comprometer a integridade da construção original".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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