Para ajudar em casa, robôs ninam bebês e limpam a churrasqueira

A cada ano que termina, pelo menos nos últimos tempos, os entusiastas da tecnologia preveem o ano seguinte como aquele em que os robôs começarão, enfim, a tirar de nossos ombros o fardo das desgastantes tarefas domésticas.

São rotinas como lavar o chão, limpar a churrasqueira, cortar a grama, regar as plantas, mudar a areia na caixa de areia do gato, passar aspirador no tapete e –um acréscimo importante– acalmar o bebê e cuidar das crianças mais velhas.

Embora a revolução da robótica caseira não tenha exatamente vingado este ano, Don Kara, analista de robótica da ABI Research, disse que um punhado de estreias robotizadas interessantes em 2014 aproximou o consumidor da "casa do futuro".

A opinião é compartilhada por dois outros observadores que acompanham de perto os produtos ao consumidor do setor de robótica: Eric Guizzo, editor do blog "Automation", do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos dos Estados Unidos, e Andra Keay, diretora executiva da Silicon Valley Robotics, uma associação setorial.

Com base em recomendações desses especialistas, eis 10 robôs notáveis que chegaram ao mercado este ano.

ROBÔ ASPIRADOR DE PÓ

Os robôs aspiradores de pó formam a maior e mais competitiva categoria entre os bens robotizados de consumo, e eles estão melhorando. Os modelos iniciais foram criticados por dependerem demais dos seres humanos para sua manutenção. O Neato Botvac (de US$ 480 a US$ 600) requer menos limpeza do que os primeiros modelos e oferece bom poder de sucção e um perfil baixo que o ajuda a entrar embaixo dos sofás. Quando a bateria está baixa, o Botvac volta sozinho à sua base de carregamento.

ROBÔ LIMPADOR DE CHURRASQUEIRA

Limpar uma churrasqueira é um trabalho pequeno e incômodo, muitas vezes esquecido até a hora de colocar o churrasco na grelha. O Grillbot, que custa US$ 130, funciona como um Roomba em miniatura, mas tem escovas de metal mais ameaçadoras. Em uma churrasqueira fria ou quente, basta ligar o robô, fechar a tampa e em 10 a 30 minutos ela estará limpa o bastante para uso. Alguns usuários perceberam que o robô tende a soltar cerdas metálicas, mas Ethan Woods, o presidente-executivo da companhia, disse que uma mudança de design resolveu o problema. Os esquecidos apreciarão o alarme do aparelho, que toca quando ele é deixado por tempo demais em uma churrasqueira quente.

ROBÔ FILMADOR

Filmar a si mesmo, por diversão ou para o trabalho, é fácil se você ficar parado. Mas para fins menos estáticos, filmar mutuamente fica mais difícil. O Soloshot 2 é um sistema de US$ 400 composto por uma armação com câmera robotizada e um sensor separado que você afixa àquilo que deseja filmar. A armação aponta a câmera na direção do sensor. Com alcance de 600 metros e bateria com duração de oito horas para a base e quatro horas para o sensor, o Soloshot2 pode ser usado para gravar em vídeo qualquer atividade, até mesmo uma sessão de nado sincronizado (o sensor é à prova de água.)

ROBÔ LIMPADOR DE CAIXA DE AREIA PARA GATO

Mudar a areia da caixa de areia do gato é uma tarefa ingrata, mas o Litter-Robot pode mudar isso. Ele é construído com um sensor que sabe quando o gato visitou a caixa de areia e, depois, a unidade gira como uma betoneira, separando o excremento e depositando-o em uma bandeja de resíduos. Há desvantagens: o Litter-Robot é bem grande –pode não se encaixar facilmente em apartamentos pequenos. Custa US$ 389, ou seja, não é barato. E é preciso mantê-lo abastecido de filtros de carbono e de revestimentos para a bandeja de resíduos.

ROBÔ 'NANA, NENÊ'

A 4moms, uma companhia sediada em Pittsburgh, criou o rockaRoo para registrar o peso e posição de sentar de um bebê centenas de vezes por segundo, e reproduzir os movimentos de um "nana, nenê" por meio de um assento com apoio flexível. Os movimentos incluem "cair na velocidade da gravidade", diz a companhia, e o motor é silencioso o bastante para permitir cochilos ou para que o bebê ouça as músicas que os pais escolherem com os fones de ouvido do aparelho.

ROBÔ ESFREGÃO

Nenhuma companhia fez mais para popularizar a robótica doméstica do que a iRobotics, produtora do aspirador robotizado Roomba, do limpador de calhas Looj, do limpador de piscinas Mirra e, este ano, do Scooba 450, para limpar pisos. O aparelho de US$ 600 molha o chão, passa limpador, esfrega e depois aspira a água suja; a última passagem é com um rodinho que asperge água. Um solavanco que registramos durante o nosso teste, em geral bem sucedido, foi que o "Virtual Wall", um acessório que cria uma barreira infravermelha a fim de manter o Scooba fora de determinadas áreas, usava uma luz infravermelha tão forte em áreas pequenas que o aparelho relutava em limpar qualquer porção do cômodo.

ROBÔ CORTADOR DE GRAMA

A maioria das tarefas caseiras pode ser deixada para depois sem muita consequência. Mas se você enrolar para aparar a grama, termina pagando caro. O Robomow RS (de US$ 1,1 mil a US$ 2 mil) está entre as mais recentes ofertas em uma categoria que vem atraindo concorrência de marcas estabelecidas e de startups. Programar o cortador de grama pode ser uma complicação, porque você precisa mapear seu jardim com cabos a fim de definir os limites de atuação do Robomow. Mas depois que essa tarefa é realizada, o robô corta a grama com a frequência que você desejar e retorna à sua base carregadora quando a bateria está baixa.

ROBÔ PARA BRINCAR

O mercado de brinquedos está lotado de robôs que dançam e fazem barulho. O Kibo é um robô de outra ordem, tendo emergido do laboratório de tecnologia para crianças da Universidade Tufts. Projetado para crianças dos quatro aos sete anos, ele é uma ferramenta de aprendizado disfarçada em brinquedo: as crianças programam o robô de US$ 230 usando blocos de madeira que formam diferentes comandos. O Kibo digitaliza a sequência dos blocos e executa os comandos, e também reage a sons, luzes e obstáculos.

ROBÔ HUMANOIDE

A Robotis conquistou muita atenção com o robô humanoide Robotis-OP, elogiado por sua sofisticação e versatilidade, mas cujo preço é de US$ 12 mil. Este ano, a empresa lançou uma versão miniaturizada do produto, com menos versatilidade e durabilidade que o irmão mais velho, mas ainda assim uma maravilha tecnológica. Ao contrário dos demais robôs humanoides do mercado de brinquedos, o Mini, de US$ 500, é programável e responde a comandos de toque, gesto e voz, com fluidez e precisão. Alguns proprietários se queixaram de que montar o robô era difícil demais, e a companhia admitiu tacitamente que isso era verdade ao lançar tutoriais em vídeo para ajudar os proprietários no processo de montagem, que leva horas. Outro problema significativo, por enquanto, é que você precisa de um aparelho móvel Android equipado com o Android 4.0 para controlar o aparelho. O mais barato deles custa por volta de US$ 150. A companhia informou que uma versão para produtos Apple está em desenvolvimento.

ROBÔ REGADOR DE PLANTAS

As pessoas que têm empregos vidas complicadas, mas gostam de cuidar de seus jardins, sabem que regar as plantas é um problema clássico. O processo precisa ser exato e regular, mas o comum é encharcar as plantas no intervalo entre o jantar e ir dormir, ou só quando seus caules começaram a se dobrar de sede. O Droplet custa US$ 300 e oferece uma solução cara, mas confiável. Você instala o sprinkler, programa o sistema em um computador ou aparelho móvel e o conecta ao roteador Wi-Fi de sua casa. O sistema cuida do resto. O Droplet verifica as condições meteorológicas e aponta o sprinkler para áreas específicas do jardim, para regá-las quando e tanto quanto precisem. Com alcance de 10 metros em todas as direções, o aparelho pode cuidar de jardins e gramados maiores com menos desperdício de água.

Tradução de PAULO MIGLIACCI