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08/02/2015 - 01h30

Arquitetura deve contemplar cenário de seca, diz norte-americano

DOUGLAS GAVRAS
DE SÃO PAULO

University of California
LEGENDA
David Sedlak, professor na Universidade da Califórnia

A casa do futuro deverá ser pensada para o uso racional da água, diz David Sedlak, professor de engenharia na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e especialista em desenvolvimento de tecnologias voltadas para a segurança hídrica das cidades.

Ele é autor de "Water 4.0 - The Past, Present and Future of the World's Most Vital Resource" ("Água 4.0 - O Passado, Presente e Futuro do Recurso Mais Vital do Mundo", em tradução livre), livro em que desvenda as soluções por trás dos sistemas de abastecimento das grandes cidades.

Para Sedlak, a crise hídrica que afeta São Paulo e outros Estados do Brasil não deve ser encarada como surpresa, mas como um alerta para que as cidades se planejem para ser mais sustentáveis e aprendam a reutilizar a água cinza e tratar seu esgoto.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por e-mail.

*

Folha - São Paulo e Los Angeles enfrentam crises de falta de água. O que pode ser feito?
David Sedlak - Los Angeles e outras cidades no sul da Califórnia estão se preparando para secas graves desde os anos 1990. As cidades têm feito grandes investimentos em conservação de água, ampliação de reservatórios subterrâneos e reúso da água residual. Assim, a pior seca em cem anos não causa grande sofrimento nas cidades. A maioria dos danos acontece nas áreas agrícolas, onde se investiu menos.

Que soluções você vê para as cidades e casas sem água?
Cada cidade é única e a solução adequada depende de clima, geografia, infraestrutura e também de questões culturais. Apesar disso, a conservação da água é o primeiro passo. Considerando-se que o uso per capita de água nas cidades chega a 200 litros por dia, faz sentido investigar novas fontes e formas de uso para a água.

A casa do futuro será pensada de um jeito mais sustentável?
Nossas casas terão de se tornar mais eficientes no consumo de água e energia e essa será uma preocupação constante dos moradores das grandes cidades. As habitações deverão ser pensadas desde o projeto para gastarem menos e ter recursos tecnológicos que nos eduquem e ajudem a consumir menos. Mas isso não será o bastante.

É possível enfrentar crises, como a atual, sem planejar?
Quando não se planeja, fica mais caro ampliar o abastecimento. Na Austrália, demoraram a adotar medidas de reeducação contra o desperdício e foi preciso investir bilhões em pouco tempo em usinas de dessalinização. Essas usinas são úteis e estão atingindo o máximo de eficiência, mas a energia para operá-las ainda é muito cara.

Cidades no Oriente Médio, no Caribe e na Austrália estão se voltando para a dessalinização como uma forma eficiente de suprir o abastecimento, mas esses lugares não têm muitas alternativas.

Utilizaremos melhor a água?
Sistemas de água urbanos tendem a sofrer mudanças rapidamente. Essas mudanças são como pequenas "revoluções", porque a tecnologia envolvida e o desempenho do sistema realmente sofrem uma transformação radical -e mudam para melhor.

Acredito que estamos prestes a entrar em uma nova "revolução", com a propagação do tratamento de esgoto nas grandes cidades. Nos Estados Unidos e na Europa, a tecnologia torna realidade recuperar praias, rios e lagos antes gravemente poluídos.

O reúso da água nas residências vai se tonar mais comum?
Sim. A água de reúso nas casas, como as de máquinas de lavar e do chuveiro, ou o tratamento pesado de esgoto para que a água se torne boa para uso têm bons resultados. Na Califórnia, estuda-se soluções há mais de 40 anos.

Os investimentos em infraestrutura são essenciais em uma cidade como São Paulo. É preciso olhar para as soluções encontradas em outros países, como Cingapura e Israel, e perceber que o problema da água tem uma solução.

 

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