Cliente não tem paciência para marcenaria tradicional, diz designer

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O designer Igor Hatanda cria luminárias de madeira e bambu

O designer Igor Hatanda trocou a carreira em uma grande empresa para se dedicar ao design e, mais especificamente, à marcenaria.

Atualmente, ele produz luminárias para decoração, com madeira de manejo sustentável e design leve.

Seu trabalho pode ser conferido na feira Craft Design, que segue até terça-feira (24) no Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, 5° andar), em São Paulo.

Confira a entrevista de Hatanda à Folha.

Folha - Por que trabalhar com iluminação?
Igor Hatanda - A iluminação é apenas o começo. Hoje trabalho no meu ateliê-garagem, onde o espaço é limitado. Por isso, ainda não consigo fabricar peças de grande porte, como mesas e cadeiras. Mas como todo o empreendedor, sonho em expandir meu negócio.

Quais são os cuidados particulares ao se criar uma luminária?
O principal cuidado é com a função que ela exercerá, que para uma luminária é, basicamente, decorar de dia e iluminar à noite. Minha principal preocupação é com a luz que ela irá produzir. Quando alguém compra uma luminária raramente liga para isso, a preocupação principal é se ela é bonita. Mas o efeito se fará presente quando a noite chegar. Se sua função surpreender positivamente, isso eleva ainda mais a decisão da compra da peça.

Qual é a sua "marca"?
A utilização de madeira clara e o bambu, combinados com um detalhe de cor viva –o cabo com revestimento têxtil colorido, por exemplo.

Por que usar madeira?
Porque é o material que melhor se adapta às máquinas que eu tenho, mas desejo muito trabalhar com outros materiais e estou estudando novas possibilidades. Ultimamente ando pensando muito no bambu como o protagonista da peça. Se a madeira continuar sendo explorada do jeito que está, a falta dela será uma catástrofe. Acredito que o bambu será o material natural do futuro, basta olhar para o teto do aeroporto de Madrid.

Quais são as técnicas de marcenaria que utiliza?
Exploro técnicas mais atuais, adaptadas ao consumo atual. Por mais que eu saiba muita coisa dos encaixes da marcenaria japonesa ou que ame a do período Art Nouveau, o consumidor hoje não tem mais a paciência para aguardar o tempo de fabricação ou disposição para arcar com o preço que uma peça fabricada assim pode demandar.

É influenciado pela cultura nipônica?
Por ser filho de japoneses, essa cultura sempre esteve presente na minha vida, eu me percebia em uma fronteira entre duas culturas bastante distintas. Isso influencia diretamente o meu trabalho e vejo como uma vantagem. Uso a disciplina e a qualidade japonesa em todos os detalhes. Acredito que isso faz a diferença na fabricação das peças e na reação do público quando as tocam ou olham de perto.

E o "toque brasileiro"?
O famoso "jeitinho brasileiro" é percebido por alguns como algo negativo, para outros como indispensável, mas se você souber trabalhar com ele terá um grande aliado para resolver problemas. Ele é indispensável para eu conseguir lidar com a falta de alguma ferramenta ou máquina que não tenho.