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25/03/2015 - 02h00

Construtoras revisam planos após vendas fracas e estoque elevado em 2014

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DOUGLAS GAVRAS
DE SÃO PAULO

As vendas de imóveis residenciais fracas no ano passado impactaram nos planos das construtoras. Segundo as empresas, o foco para 2015 será zerar a quantidade de imóveis "encalhados" e avaliar novos projetos com cautela.

As vendas de imóveis residenciais fracas no ano passado impactaram nos planos das construtoras. Para as empresas, o foco em 2015 será zerar a quantidade de imóveis "encalhados" e avaliar novos projetos com cautela.

A Gafisa –que teve seu lucro comprometido pelo fraco desempenho do segmento Tenda, de habitação popular– postergou projetos, na expectativa de que o mercado reaja. Já a Even condiciona os próximos produtos à demanda e ao ritmo de venda dos imóveis em estoque –os que não são vendidos até três anos após o lançamento.

A Rossi, que teve prejuízo líquido de R$ 619,4 milhões em 2014 (veja abaixo), também diz ter reduzido o número de lançamentos para se focar na venda de estoque. "Continuaremos atentos às condições de mercado, e focados na venda do estoque com alta liquidez, e adequação da nossa estrutura e custos a esta nova realidade", diz a empresa em seu balanço.

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  • Lucro ou prejuízo líquido das construtoras (em milhões de R$)
Empresa Lucro em 2013 Lucro em 2014
MRV 423 720
Cyrela 719 661
Even 283 252,4
PDG -529,2 -271
Direcional 228,2 205,9
Tecnisa 221,8 155,3
Eztec 586 474,3
Rossi 41,1 -619,4

Fonte: Balanços das empresas

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Na contramão do resto do mercado, a MRV –que concentra seus lançamentos em empreendimentos populares– lançou 99 empreendimentos no ano passado. A empresa teve lucro de R$ 103 milhões no quarto trimestre de 2014, alta de 42% na comparação com o mesmo período de 2013.

No ano passado, a maioria das empresas de capital aberto registrou queda no número de lançamentos na comparação com 2013. Na Cyrela, por exemplo, foram lançados 29% menos empreendimentos em 2014 do que no ano anterior. PDG, Direcional e Tecnisa registraram queda em novos projetos.

Os números são resultado de um ano fraco de vendas e as empresas trabalham com a perspetiva de zerar o alto estoque de unidades –aquelas que não são vendidas até três anos após o lançamento. Apenas na cidade de São Paulo, o número de imóveis em estoque foi recorde em 2014, com 27.255 imóveis em estoque, segundo dados do Secovi-SP (o sindicato do mercado imobiliário). É o maior número em dez anos.

Segundo os analistas Lucas Gregolin Dias e Caio Moreira, da Fator Corretora, o mercado imobiliário passa por um momento de ajuste e mesmo empresas que tiveram lucro em 2014 planejam lançar menos.

Para Marco Barbosa, analista da CM Capital Markets, as empresas aceleraram a produção quando o mercado apresentava uma outra dinâmica, de custos elevados para aquisição de terreno e alta nos encargos trabalhistas. Assim, é mais difícil para elas, agora, conseguirem vender o estoque, quando as vendas já estão desaquecidas.

"As empresas estão demorando mais de 30 meses para vender esses estoques. Imóveis parados têm um custo financeiro alto e há empreendimentos entregue com apenas 20% das unidades vendidas, quando o normal é chegar ao final da obra com 10% dos imóveis ainda não vendidos."

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  • Empreendimentos lançados
Empresa Lançamentos em 2013 Lançamentos em 2014
MRV 81 99
Cyrela 74 53
Even 27 20
PDG 27 19
Direcional 26 15
Tecnisa 18 11
Eztec 12 8

Fonte: Balanços das empresas

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CANCELAMENTOS EM ALTA

O mercado prevê que o número de distratos –o cancelamento de compra de imóveis– siga alto neste ano, em decorrência do aumentos das taxas de juros de financiamento imobiliário e do maior rigor por parte dos bancos na hora de conceder crédito ao consumidor.

Para analistas financeiros, como a taxa de juros deve seguir elevada, o que impacta na renda e no emprego, os distratos devem subir, pois mais gente tende a desistir da compra do imóvel em um cenário de maior insegurança econômica.

Na MRV, o total de distratos chega a R$ 1,45 bilhão –alta de 33% em relação a 2013. A MRV prevê queda no número de distratos a partir de 2016. O número de cancelamentos também é alto na Rossi, de R$ 1,4 bilhão, uma alta de 82% ante 2013.

 

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