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24/06/2015 - 07h30

Ricos transformam apartamentos londrinos em 'supercasas'

LUCY WARWICK-CHING
DO "FINANCIAL TIMES"

A moda de unir imóveis caros localizados em alguns dos mais cobiçados endereços de Londres vêm ganhando ímpeto, com os londrinos ricos e alguns proprietários internacionais correndo para criar casas de altíssimo padrão.

Os pedidos de alvarás para juntar imóveis em uma única unidade mais que quadruplicaram em Kensington e Chelsea de 2010 para cá. No ano passado, esse distrito londrino registrou 68 pedidos de licença para esse tipo de combinação, entre elas propostas de transformação de apartamentos em casas com espaço para academias de ginástica, adegas, spas e mais dormitórios e áreas sociais.

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Em um mercado com oferta limitada e em que é cada vez mais difícil escavar porões e ampliar casas, os proprietários vêm encontrando novas maneiras de aumentar a área de suas residências, diz Ollie Hooper, diretor da Huntly Hooper, consultoria especializada em imóveis residenciais no centro de Londres.

"Os compradores nas áreas nobres do centro de Londres estão se adaptando às recentes mudanças nas normas de planejamento urbano, que começaram a restringir a expansão das áreas construídas, acima e abaixo do solo", ele diz.

Suzanne Plunkett - 3.jun.2015/Reuters
Apartamentos típicos da região londrina; unidades viram mansões na mão de endinheirados
Apartamentos típicos da região londrina; unidades viram mansões na mão de endinheirados

O conselho local de Kensington e Chelsea decidiu que porões com mais de um pavimento não serão mais autorizados, por exemplo. A área de construção de porões sob jardins também foi reduzida, de 85% da área do jardim a 50%.

Especialistas em imóveis dizem que esse "boom" imobiliário –que inclui extensões laterais e traseiras, conversões e escavação de porões– se deve, principalmente, ao custo cada vez mais alto de mudar de casa. No mercado "super prime", de casas no valor de 10 milhões de libras ou mais, a tendência também foi estimulada pela falta de casas maiores nas regiões mais prestigiadas do centro da cidade.

Hooper disse que juntar apartamentos trazia ainda a vantagem adicional de valorização da unidade. No final do ano passado, os imóveis com valores superiores a 10 milhões de libras atingiram 30 mil libras por metro quadrado, o que representa 89% de ágio sobre o valor por metro dos imóveis de mais de dois milhões de libras, que era de pouco menos de 16 mil libras por metro quadrado.

ESPAÇO LATERAL

Noel de Keyzer, diretor da imobiliária Savills Sloane Street, também reporta alta no número de apartamentos que estão sendo unidos para criar vastos espaços laterais em edifícios tradicionais de época. "Entre os compradores internacionais, há o desejo de apartamentos laterais, em lugar das casas altas e muitas vezes estreitas que caracterizam a cidade", ele diz. "Viver em espaço lateral é muito mais comum nas outras cidades importantes do planeta, e os compradores internacionais preocupados com o estilo de vida esperam esse padrão quando estão em busca de uma casa".

Em Paris, Nova York, Cingapura ou Hong Kong, por exemplo, viver em um só pavimento é muito mais comum do que no Reino Unido. "Os apartamentos de época convertidos para abarcar dois ou três edifícios são incrivelmente raros em Londres, especialmente nos endereços prestigiados. Assim, quando eles estão disponíveis, sempre atraem forte demanda, da parte de pessoas de alto patrimônio e bom discernimento", disse Keyzer.

Carl Court - 30.ago.2011/AFP
Em um mercado com oferta limitada, proprietários buscam formas de ampliar suas casas
Em um mercado com oferta limitada, proprietários buscam formas de ampliar suas casas

CRÍTICAS

Nem todo mundo vê de modo tão positivo a ascensão das "supercasas". Duncan Stott, diretor da PricedOut, uma campanha por habitação de preço acessível, disse que "existe imensa pressão sobre o estoque de moradias de Londres, e por isso precisamos garantir que os edifícios residenciais existentes sejam usados ao máximo".

"Permitir que moradias sejam combinadas resultará em menos gente dotada de moradia e agravará a escassez de habitações. Os legislativos locais deveriam fazer tudo que puderem para evitar a perda de habitações dessa maneira", ele acrescentou.

Existem sinais de que os políticos locais começam a se opor à tendência. O conselho de Westminster recentemente rejeitou uma solicitação de um membro da família real do Qatar para combinar duas mansões perto do Regent's Park em uma só casa –com 3,1 mil metros quadrados, ela seria mais de 30 vezes maior que a residência londrina média. O conselho mencionou a escassez de moradias na capital.

O conselho de Kensington e Chelsea estima que pelo menos 50 casas sejam perdidas no distrito a cada ano devido à tendência de união.

A onda de combinação entre imóveis londrinos caros reverte uma tendência do final do século 19, quando grandes casas foram convertidas em apartamentos devido à rápida urbanização, com mais conversões permanentes acontecendo depois da Segunda Guerra Mundial.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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