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14/07/2015 - 08h27

Tendência em grandes cidades, microapê na Argentina perde nos detalhes

MIGUEL JURADO
DO "NEW YORK TIMES", EM BUENOS AIRES

Se você deseja viver em uma grande cidade prepare-se para morar em um apartamento minúsculo. Nova York aderiu pesadamente à onda dos microapartamentos, especialmente no distrito de Brooklyn.

Tudo começou com um bloco de 55 unidades pré-fabricadas, com área de entre 24 metros quadrados e 34 metros quadrados, mas há mais desses apartamentos em construção, com guindastes empilhando as unidades umas sobre as outras como se fossem caixas.

Há quem diga que esses apartamentos serão úteis apenas para os investidores, e péssimos para os moradores. Outros discordam, afirmando que com um estoque maior de espaços menores, os preços cairão e todo mundo sairá ganhando.

Enquanto isso, aquilo que na Big Apple é conhecido como "microapartamento" –moradias tão pequenas que seu tamanho é quase chocante para os norte-americanos que não vivem em grandes cidades– muitas vezes representa espaço maior do que o dos apartamentos de preço acessível em Buenos Aires.

Conforme o arquiteto Agustin García Puga, especialista em normas construtivas e segundo vice-presidente da Sociedade Central de Arquitetos argentina, em Buenos Aires, a área mínima para um apartamento sem divisórias é de 29,3 metros quadrados.

"O espaço de sala-banheiro-refeições não pode ter menos de 20 metros quadrados, o banheiro menos de 3,3 metros quadrados e a cozinha menos de 6 metros quadrados. Ah, e é obrigatório que haja uma sacada de 1,2 metro quadrado".

Com isso, seria possível dizer que os miniapartamentos de Buenos Aires pelo menos ficam a meio caminho dos entre 24 e 34 metros quadrados de suas contrapartes novas-iorquinas.

Mas como diz García Puga, "o problema são os detalhes". Em alguns bairros, "os edifícios residenciais podem ter até um terço de suas unidades usadas como escritórios ou oficinas para profissionais".

E o que isso significa? "As unidades podem ter área de apenas 16 metros quadrados, com um lavabo e sem sacada".

MAIS SOLTEIROS

Nos Estados Unidos, os novos microapartamentos são uma forma de obter espaço para locação mais barato em uma cidade onde é quase impossível alugar nem um cubículo a preço acessível. Os aluguéis em Nova York custam em geral de US$ 2.000 a US$ 3.000 por mês.

Para atrair inquilinos, os investidores equipam os espaços com mobília dobrável e mesas sobre rodas que permitem que a área sirva como sala de estar durante o dia e quarto à noite. Os norte-americanos também descobriram que quanto menor o apartamento, mais instalações compartilhadas são necessárias.

Felipe Gutierrez/Folhapress
Rua do bairro da Recoleta, em Buenos Aires
Rua do bairro da Recoleta, em Buenos Aires

Em Brooklyn e Queens, os edifícios de miniapartamentos contam com terraços, áreas de trabalho, jardins, academias de ginástica e lavanderias, espaço para bicicletas e depósitos de armazenagem.

Os norte-americanos argumentam que reduzir os requisitos de área mínima para moradia não é problema porque a maioria dos nova-iorquinos solteiros está acostumada a viver em pequenos espaços compartilhados, e cada vez mais gente mora sozinha.

O mesmo aparentemente está acontecendo em Buenos Aires. Em 1980, uma em cada 15 pessoas com mais de 15 anos de idade vivia sozinha. Em 2010, a proporção era de uma em seis. As pessoas que vivem sozinhas na cidade hoje são primordialmente jovens adultos entre os 25 e 34 anos e pessoas com mais de 65 anos de idade.

Estatísticas mostram que, nos últimos anos, quase 80% dos alvarás para construção eram para edifícios com apartamentos consistindo de apenas um ou dois cômodos.

POPULAÇÃO ENCOLHE

Paradoxalmente, a área construída em Buenos Aires está crescendo à medida que a população encolhe, o que significa que os moradores terão mais espaço per capita.

Em 2001, o espaço construído por habitante de Buenos Aires era de 31 metros quadrados, e em 2010 de 52 metros quadrados.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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