Condomínios trocam papelada por aplicativos para celular
DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO
A advogada Sandra Santos, 38, tem o controle de 199 apartamentos do Condomínio Pinot Noir, no Morumbi, zona sul de São Paulo, na palma da mão. A síndica saca o celular, dá poucos cliques e, logo, tem um diagnóstico financeiro de todo o prédio.
Às 18h14 da última quarta-feira, enquanto era entrevistada, ela levou segundos para saber que dez imóveis estavam inadimplentes e acumulavam uma dívida de R$ 62 mil. O que ela usa? Um aplicativo de gestão de condomínios para smartphone.
"Na era do papel, era preciso cruzar várias informações para saber quem estava devendo. Tudo era muito demorado e burocrático", diz.
O administrador de empresas Eduardo Rodrigues da Silva, 54, também organiza as contas de seu apartamento, em Moema, na zona sul, via aplicativo. "Você consegue clicar na despesa e tem acesso à nota fiscal", diz.
Carlos Augusto Setti, 65, subsíndico do Monticelli, na Vila Suzana (zona sul), diz que não consegue mais cuidar do condomínio no modo off-line. "Havia contas que a gente nem sabia de onde vinham. Hoje, faço a aprovação das despesas no aplicativo."
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
O administrador Eduardo da Silva, 54, em seu apartamento em Moema, na zona sul de SP* |
O uso de tecnologias para gerir residenciais é um caminho sem volta, segundo a Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo).
A crise imobiliária forçou as empresas a criar um serviço transparente, diz o diretor da entidade, Flávio Martins. "O mundo virou um tribunal de contas aberto", afirma.
Em geral, as ferramentas são desenvolvidas pelas administradoras, e a prestação de contas virtual é apenas um dos itens disponíveis.
HELIPONTO
Neles já é possível fazer assembleia virtual, comprar pão, convidar amigos para festas e até reservar horário para pouso de helicóptero.
"Essa é uma tendência de mercado: reunir para o morador uma gama de serviços não apenas financeiros", afirma Rodrigo Gebara, diretor da Hubert, que tem 14 mil dos 50 mil imóveis sob sua gestão inseridos no aplicativo.
Há um ano, na Lello Condomínios, 15 funcionários cuidavam da prestação de contas em papel de 150 mil apartamentos. Um aplicativo mudou isso.
"Deixamos de imprimir 6 milhões de folhas de papel por mês e o serviço ficou automatizado. Em novembro, vamos lançar um segundo aplicativo para a folha de pagamento do condomínio", diz Angélica Arbex, gerente de relacionamento da empresa.
Para Marcelo Mahtuk, da administradora Manager, os aplicativos reduziram a burocracia, mas, por outro lado, criaram novas demandas. "Tive que montar um exército de 60 profissionais para atender aos questionamentos dos moradores", diz. E, no caso da Manager, apenas 4% de seus clientes aderiram à tecnologia.
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