Investimento em medidas ecológicas reduz gasto em prédios
TAÍS HIRATA
DE SÃO PAULO
Se a escassez de água e o aumento na conta de luz não eram motivos suficientes para adotar medidas econômicas em casa, os paulistanos podem ganhar novo incentivo: a prefeitura da capital acaba de encaminhar à Câmara um projeto de lei que propõe descontos de até 12% no IPTU de condomínios "verdes", que incorporem ações em prol do ambiente, como o reúso da água.
O desconto valeria para edifícios novos ou já existentes que apresentem certificação ambiental –um selo emitido por uma organização do setor garantindo que a construção é ecológica. Entre os selos mais conhecidos estão o Leed, da ONG Green Building Council, e o Aqua, da Fundação Vanzolini.
A proposta ainda não tem previsão para ser votada, mas, se aprovada, vai beneficiar um número crescente de condomínios.
"É uma tendência. Ainda são poucos, mas, com o custo da energia pesando no bolso e o risco da falta de água, as pessoas estão olhando para essas alternativas", diz Marcos Casado, diretor da Sustentech, especializada em construções sustentáveis.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
A síndica Vanessa Munis e o zelador Israel Carvalho regam o jardim de seu edifício, na Mooca, em SP, com água de reúso |
O edifício Park One Ibirapuera, no Paraíso, zona sul de SP, segue o figurino ecológico completo: a água da chuva e dos chuveiros é reutilizada, o lixo é reciclado, e o aquecimento da água vem de 20 painéis solares.
Os benefícios são sentidos no bolso. O aquecimento da piscina, estimado em R$ 7.000, cai para R$ 3.000 com o sistema solar, afirma a subsíndica Amélia Caetano, 42.
INVESTIMENTO
Mesmo com a promessa de economia, o grande entrave para adotar as soluções ecológicas é convencer os condôminos a abrir o bolso.
"Se dependesse de mim, mudaria tudo, mas muitas coisas são barradas na assembleia", diz a síndica Vanessa Munis, 35, que, há três anos, adota práticas ecológicas em seu prédio, na Mooca, zona leste de SP.
Os preços, de fato, podem assustar. A adoção do reúso de água, por exemplo, custa entre R$ 20 mil e R$ 80 mil.
Um dos fatores que aumenta o valor é a necessidade de uma nova tubulação para levar a água de reúso, vinda da chuva ou dos chuveiros, e de um reservatório adequado para fazer o tratamento.
Já a construção de tetos "verdes" ou jardins verticais –que reduzem a carga térmica e a necessidade de usar ar-condicionado– gira entre entre R$50 mil e R$ 150 mil.
No caso de Vanessa, a saída foi mudar aos poucos: começou com a reciclagem do lixo e do óleo; depois, implementou o reúso de água. Agora, ela tenta instalar lâmpadas de LED e iluminação com sensores automáticos.
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