Cerejeiras do parque do Carmo, em Itaquera, vieram do Japão há 38 anos
TAÍS HIRATA
DE SÃO PAULO
Há 38 anos, chegavam 600 mudas de cerejeira direto do Japão para o parque do Carmo, em Itaquera, zona leste de São Paulo.
Desde então, a chegada da primavera no bairro é celebrada à moda nipônica.
"No Japão, contemplar as flores é um ritual para abençoar a estação", conta Koniti Wada, 68, um dos organizadores do Festival das Cerejeiras, realizado todos os anos no início de agosto, quando as árvores estão floridas.
A versão itaquerense da celebração surgiu com um imigrante japonês, Katsutoshi Matsubara, que tinha o sonho de trazer a festa ao Brasil. "Por coincidência, na mesma época estava sendo inaugurado o parque", diz Wada.
Robson Ventura/Folhapress | ||
Festival das Cerejeiras no parque do Carmo, em Itaquera, na zona leste de São Paulo |
Quando o japonês pediu para plantar as árvores no local, o então prefeito da cidade, Olavo Setúbal, não acreditou que as mudas se adaptariam ao clima tropical. "Diz a lenda que Matsubara se ajoelhou e prometeu que, se em três anos as árvores não vingassem, ele cometeria seppuku [ritual suicida japonês]", conta Wada.
Lenda ou não, o pedido deu certo: em 1978 foi feita a primeira edição do festival, "ainda sem flores, porque a árvore demora ao menos dois anos para florir".
Atualmente, o parque do Carmo tem 4.000 pés de cerejeira. Na comemoração, o gramado fica cheio de toalhas de piquenique, barracas de comida e grupos de dança.
TERRA DOS PÊSSEGOS
Itaquera já foi um reduto nipônico na capital: nos anos 1960, eram ao menos 22 famílias, a maioria empenhada na agricultura, que, na época, era forte na região. "Aqui era a terra do pêssego, tinha uma festa da fruta todos os anos", recorda Wada.
A atividade batizou a que hoje é uma das artérias viárias de Itaquera, a avenida Jacu-Pêssego –a outra parte do nome, Jacu, vem do rio que corta o lugar.
Nas diversas chácaras agrícolas do bairro, também plantavam-se morangos, goiabas e ameixas.
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