Itaquera tem o metro quadrado mais caro que bairros vizinhos da zona leste
TAÍS HIRATA
DE SÃO PAULO
A Copa do Mundo passou, mas ainda deixa rastros por Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo. Junto com o estádio Itaquerão vieram os investimentos em transporte público, as novas estruturas viárias e a valorização do bairro que, embora seja aquém da expectativa de imobiliárias, foi significativa.
Entre 2011 ano em que começou a construção do estádio e 2015, a valorização real do metro quadrado para novos apartamentos foi de cerca de 13%. No caso de condomínios de casas, o ganho foi maior: 33%. Os dados são da consultoria Geoimovel.
"Hoje, o bairro é pelo menos 20% mais valorizado que as regiões vizinhas", diz Raquel Zimmerman, gerente da Lumiar, construtora especializada na zona leste.
Desde 2011, 1.622 imóveis foram lançados em Itaquera contando empreendimentos verticais e horizontais. Desses, 85,20% foram vendidos. A maioria dos imóveis (38,84%) foi anunciada no ano passado, ainda no calor da Copa. Já em 2015, o ritmo diminuiu: 128 unidades foram anunciadas até novembro, o menor índice de lançamentos desde 2011.
Hoje, o preço médio do metro quadrado em Itaquera para condomínios verticais e horizontais é R$ 5.660.
MAR DE CASAS
Apesar da valorização, a paisagem local ainda é a de um bairro-dormitório das classes C e D. As vias comerciais são minoria, assim como os edifícios: do alto da subprefeitura de Itaquera, uma vista privilegiada do distrito mostra um mar de pequenas casas e sobrados que abriga mais de 200 mil habitantes, segundo o IBGE.
"O processo de verticalização é lento, ocorre em um prazo de dez a 20 anos", afirma o professor de urbanismo Luiz Guilherme Rivera de Castro, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Edilson Dantas/Folhapress | ||
Estação Corinthians-Itaquera do metrô, no bairro Itaquera, na zona leste |
O urbanista Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade, concorda: "A zona leste está se adensando de forma impressionante, e Itaquera hoje tem importantes pontos de atração, como o estádio, o metrô e a ligação com o trem".
Para quem vive por lá, as melhorias também não são tão perceptíveis. Um dos maiores problemas apontados pelos moradores é a violência.
"Onde moro tem muitos assaltos. Para mim, não melhorou", diz a balconista Priscila de Souza, 31.
Para alguns, o estádio se tornou um inconveniente. É o caso da estudante de veterinária Renata Oliveira, 38, que mora a 15 minutos a pé do Itaquerão. "Em dias de jogo, a condução fica péssima, o bairro vira uma bagunça."
Mas Priscila também aponta pontos positivos na vida pós-Copa: "Está mais fácil chegar ao centro de ônibus".
Para Giovan Lisboa, 46, a oferta de empregos cresceu na região em janeiro, ele começa um novo trabalho, como vendedor. "Também quero cursar gestão pública na Fatec do bairro", conta.
OUTRO LADO
O subprefeito de Itaquera, Maurício Luis Martins, reconhece que segurança é um problema, mas diz que a "prefeitura vem fazendo sua parte" e instalou 6.000 pontos de iluminação. Quanto ao trânsito em dias de jogos, Martins diz que "a chegada a Itaquera de fato é prejudicada", mas que se trata de um problema "pontual": "São três jogos por mês".
O subprefeito também afirma que muitas das melhorias devem vir a médio prazo. Um dos objetivos previstos pelo novo Plano Diretor da cidade é levar mais empresas e comércios à região, para aumentar a oferta de emprego.
Muitas das obras, no entanto, ainda não foram entregues entre as previstas para 2016 estão uma Unidade de Pronto Atendimento, um prédio do campus da Unifesp e um novo terminal de ônibus, com três plataformas e um estacionamento.
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