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10/01/2016 - 01h00

Bom Retiro reúne de centros judaicos a templos coreanos

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Novas obras vão começar na rua Três Rios, uma das principais vias do Bom Retiro, distrito na região central de São Paulo. Não se trata de um novo prédio mas de uma reforma para solucionar problemas estruturais num centro de cultura e memória do bairro, a Casa do Povo.

O prédio modernista foi construído pela comunidade judaica e inaugurado em 1953. As atividades culturais, que minguaram nos anos 1980, foram retomadas em 2010.

Nos últimos dois anos, a casa ganhou fama no circuito cultural alternativo da cidade. Tanto que as obras, que vão começar ainda neste mês, só foram possíveis graças a um financiamento coletivo, realizado em dezembro passado.

Os R$ 86.412 mil arrecadados (115% da meta) serão usados para resolver problemas como infiltração de água e reformar o 3º andar. Segundo Jairo Degenszajn, presidente da Casa do Povo, isso ajudará a atender a demanda pelo uso do espaço por artistas.

Eduardo Knapp/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 07-08-2013 16h59: Antigo colegio de judeus comunistas, a CASA DO POVO (predio localizado na Rua Tres Rios, no bairro Bom Retiro) em mal estado de conservacao,esta se transformando em centro cultural. (.Foto Eduardo Knapp/Folhapress.ILUSTRADA)
Casa do Povo, no Bom Retiro, quando começou a ser transformada em centro cultural, em 2013

"A procura é grande por ser um local alternativo, um espaço de memória, experimentação e debates", afirma.

A nova fase do centro cultural é um pouco a cara do bairro: mantendo a essência, absorve novas populações e reflete manifestações de diferentes culturas.

IMIGRANTES

Os judeus ergueram a Casa do Povo nos anos 1950, mas chegaram à região antes disso, na época da Primeira Guerra Mundial. Desde o século 19, porém, italianos e espanhóis já ocupavam o lugar. Mais tarde foi a vez dos coreanos, com seus restaurantes e templos.

Hoje, todos convivem com bolivianos e paraguaios, além de artistas independentes de outros pontos da cidade.

Segundo o historiador Roney Cytrynowicz, editor de "Dez Roteiros Históricos a Pé em São Paulo" (Narrativa), uma característica do Bom Retiro é ser um lugar onde diferentes comunidades mantêm suas identidades e ao mesmo tempo convivem entre si.

Os imigrantes são atraídos pela possibilidade de moradia, trabalho e serviços num mesmo lugar. Esse perfil começou a se configurar a partir da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí, no final do século 19, que trouxe os italianos e os espanhóis.

Raquel Cunha/Folhapress
SAO PAULO - SP, BRASIL - 23.12.2015 - Especial Morar Bom Retiro. Vitrais da Paroquia Coreana Sam Kim Degun que representa um pouco da imigracao coreana no bairro do Bom Retiro, na regiao Central de Sao Paulo. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress, MORAR) ***EXCLUSIVO***
Vitrais da paróquia coreana São Kim Degun no Bom Retiro, região central de São Paulo

Foram eles que fundaram, em 1910, o Sport Club Corinthians Paulista, em um terreno baldio da rua José Paulino –que logo se transformaria no centro comercial de moda popular que é hoje.

"O Bom Retiro sempre foi um bom lugar para chegar e começar a vida em São Paulo. Próximo do centro, começou a ter serviços urbanos desde cedo, como a primeira linha de bonde", diz Cytrynowicz.

O bairro logo ganhou importantes instituições de ensino: o Liceu de Artes e Ofícios, em 1873, a Escola Politécnica, em 1893, e a Faculdade de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia, em 1898.

A antiga Poli é a atual sede do Arquivo Histórico de São Paulo, e o prédio da faculdade é hoje a Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Também ficam na região os museus de Arte Sacra e da Resistência, a Pinacoteca do Estado, o Memorial Frei Galvão e a Sala São Paulo.

 

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