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10/01/2016 - 01h00

Bom Retiro recebe empreendimentos em áreas de antigos galpões industriais

DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO

No ponto de táxi da rua Três Rios, no Bom Retiro, região central de São Paulo, há informações em hebraico, coreano e espanhol. Foram os imigrantes, desde judeus até bolivianos, que ajudaram a erguer ali um dos maiores centros da indústria de confecção paulistana. Agora, o bairro das fábricas e lojas de roupa entrou no radar do mercado imobiliário.

Os motivos são vários: a região possui uma ampla rede de transportes, comércio consolidado e muitos galpões desativados que têm cedido espaço a novos prédios.

Uma sondagem feita pela consultoria Geoimovel mostrou que sete novos empreendimentos devem ser erguidos por lá nos próximos anos. Os projetos, sem data certa, vão de torre residencial a hotel.

Segundo as incorporadoras, a verticalização será concentrada nas margens do Bom Retiro – entre o Brás, a marginal Tietê e a Barra Funda.

"A escassez de terreno no miolo do bairro e a concorrência do comércio fazem com que as novas construções se concentrem na fronteira", diz Alexandre Frankel, CEO da construtora Vitacon.

Até 2019, a empresa vai desovar no bairro 420 unidades em duas torres. Os imóveis terão entre 14 e 33 m² e custarão a partir de R$ 89 mil.

Raquel Cunha - 23.dez.2015/Folhapress
SAO PAULO - SP, BRASIL - 23.12.2015 - Especial Morar Bom Retiro. Conjunto de predios na Rua Neves de Carvalho são alguns dos novos empreendimentos do bairro do Bom Retiro na Regiao Central de Sao Paulo. (Foto: Raquel Cunha/Folhapress, MORAR) ***EXCLUSIVO***
Prédios na rua Neves de Carvalho, próxima da marginal Tietê, no Bom Retiro, região central de São Paulo

As incorporadoras Kallas e Gamaro apostam na região da avenida Tiradentes. A primeira estuda instalar um empreendimento multiuso; a segunda, constrói um hotel de 180 apartamentos.

"É uma das únicas artérias da cidade que ainda concentra terrenos com preço em conta [entre R$ 4.000 e R$ 6.000 o m²]", diz Vinícius Amato, da Gamaro.

Poucos empreendimentos foram lançados por lá na última década – 1.145 imóveis novos foram colocados à venda contra 2.992 na região da vizinha Barra Funda, de acordo com o Seade (órgão de pesquisa do governo paulista).

Apesar disso, a taxa de venda é alta. Dos 1.070 apartamentos de dois e três quartos lançados nos últimos cinco anos, restam apenas 15, segundo a Geoimovel.

"O Bom Retiro tem atraído pessoas que querem fugir do trânsito e morar mais próximas do trabalho", afirma o demógrafo Valmir Aranha, pesquisador do Seade.

Tanto que, entre 2000 e 2010, o Bom Retiro foi segundo distrito da região que mais registrou crescimento populacional: 2,4% – só perdeu para o Cambuci, com 2,5%
problemas

Quem anda pelo bairro à noite, como fez a reportagem na última terça-feira (5), encontra ruas vazias e cheias de lixo, especialmente as que concentram lojas de roupas, no entorno da José Paulino.

A sujeira é um problema para a costureira boliviana Marta, 52, que vive no local há 13 anos. "Esse lixo virou a marca do bairro", diz.

Outra característica marcante do lugar são os contrastes: de um lado, estão os museus, como a Pinacoteca; de outro, a cracolândia.

O subprefeito da Sé, Alcides Amazonas (PC do B), responsável pela região, diz que a coleta de resíduos é feita diariamente no local e que aplicou 35 multas por descarte irregular de lixo entre julho e dezembro de 2015.

Quanto à cracolândia, Amazonas afirma que o problema já foi maior. "O local já abrigou 1.000 viciados em drogas. Hoje, não passa de 130", diz ele, que contou o número de dependentes químicos na última quinta-feira (7).

Amazonas afirmou ainda que não tem, no momento, um projeto de reurbanização da cracolândia e que o futuro do lugar "será decidido junto com a sociedade". Para ele, a revitalização da região central está acontecendo de forma gradativa. "Há muita coisa a se fazer", diz.

 

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