Vizinha ao Morumbi, Vila Andrade ganha novos prédios em ruas recém-abertas
GABRIEL JARETA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A crise parece passar longe dos limites da Vila Andrade, bairro da zona sul de São Paulo, vizinho ao Morumbi, que abriga lado a lado os condomínios de luxo do Panamby e a favela Paraisópolis.
Só nos últimos 12 meses foram lançados 11 empreendimentos na região, de acordo com dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio). No mesmo período, o Brooklin, também na zona sul, recebeu dois.
O "boom" imobiliário não é de hoje. Nos últimos cinco anos, 43 residenciais verticais foram erguidos no local, de acordo com um levantamento feito pela consultoria Geoimovel a pedido da Folha. A maior parte dos imóveis tem perfil econômico (até R$ 399 mil) e dois dormitórios.
"É um bairro pouco adensado, com ruas mais largas do que em outras regiões", diz Vitor Marques, diretor da Marques Construtora, que lançou 17 empreendimentos na região desde 2009. Em um deles, as 176 unidades foram vendidas em seis horas.
Para Marques, o grande atrativo é o valor do metro quadrado (R$ 7.580 para imóveis novos, em média, segundo a Geoimovel). "Isso é praticamente metade do valor encontrado na Chácara Santo Antônio ou no Brooklin."
O baixo custo se soma ao perfil dos imóveis: apartamentos compactos, com grande oferta de lazer para atrair o público-alvo –famílias jovens em busca de um primeiro apartamento.
É o caso do consultor de seguros Victor Neves Pereira, 27, que comprou um imóvel no local. A previsão dele é se mudar para o apartamento de 66 m² no começo de 2017, após seu casamento.
"Queremos ficar lá um bom tempo, criar os filhos até a adolescência", diz. Na escolha, pesaram boa localização, infraestrutura do prédio e a oferta de restaurantes do local. "É uma região com potencial de desenvolvimento."
URBANIZAÇÃO
Para construir no miolo do bairro, em muitos casos as incorporadoras investiram em infraestrutura, como iluminação pública e tubulação de água. A Marques chegou a abrir uma rua – a Celso Ramos – para dar acesso a pelo menos cinco edifícios novos.
Atualmente, a via, larga e com fios subterrâneos, é restrita a moradores. A separação é informal, feita com correntes de um lado e tubos de concreto do outro, mais próximo a Paraisópolis.
De acordo com a prefeitura, muitas dessas melhorias são contrapartidas exigidas para reduzir o impacto das construções.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Empreendimentos na rua Celso Ramos, aberta por construtora |
Em boa parte das vias sinuosas que abrigam os novos empreendimentos não há linhas de ônibus. Os terrenos são tomados por máquinas de construção e placas anunciando mais prédios.
A principal via da região, a avenida Giovanni Gronchi, costuma travar nos horários de pico. A rua, que já abriga o Shopping Jardim Sul, em breve vai receber o Shopping Morumbi Town, com inauguração prevista para o primeiro trimestre deste ano.
CRESCIMENTO
O comerciante Antonio Insuellos, proprietário de uma loja de pisos e cortinas no local, diz que o trânsito "não tem solução". Há 19 anos no mesmo ponto, viu "matagais" virarem prédios. "A população cresceu muito, mas as vias públicas e o transporte não acompanharam", diz.
Para o urbanista Valter Caldana, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o crescimento vai causar impacto na infraestrutura do local, mas a tendência é o bairro chegar a um ponto de equilíbrio entre oferta de imóveis e obras de infraestrutura.
"Vai depender de investimentos viários e de transporte urbano. É natural que o mercado imobiliário fosse nessa direção", afirma.
Segundo a prefeitura, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) está implantando corredores de ônibus na Giovanni Gronchi, que devem ficar prontos a partir de 1º de fevereiro e por onde vão passar seis linhas. Nas ruas do miolo do bairro, pelo menos três linhas já atendem à população.
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