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14/02/2016 - 01h00

Áreas periféricas de zonas nobres têm coberturas a preço baixo

FERNANDA ATHAS
DE SÃO PAULO

Quatro quartos, cinco banheiros, sacada com churrasqueira, sala com três ambientes e piscina particular. A descrição faz parte do anúncio de uma cobertura duplex com 650 metros quadrados no Jardim Ampliação, entre a Vila Andrade e a favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. O preço: R$ 1,3 milhão.

São R$ 2.000 por metro quadrado –menos de um terço do preço médio da região, que é R$ 7.850, segundo o portal de imóveis VivaReal.

Moacyr Lopes Junior-11.fev.2016/Folhapress
Uma das três salas de cobertura no Jardim Ampliação, na região do Morumbi, em São Paulo
Uma das três salas de cobertura no Jardim Ampliação, na região do Morumbi, em São Paulo

A pedido da Folha, o site listou dez coberturas com mais de 500 metros quadrados vendidas por menos de R$ 4.500/m². Entre as regiões citadas, há imóveis no Panamby, na zona sul; no Morumbi e no Butantã, na zona oeste; e no Jardim Anália Franco, na zona leste.

"A zona sul é a que mais tem coberturas desse tipo", afirma Alexandre Tirelli, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo.

Para o arquiteto e urbanista, Issao Minami, esses imóveis estão em regiões que sofreram especulação imobiliária e agora têm muitos apartamentos em estoque.

"São regiões de luxo. [Para continuar construindo] as incorporadoras buscaram terrenos mais baratos em regiões mais distantes, muitas vezes próximos de favelas. O Morumbi foi o campeão nesse tipo de prédio", afirma.

INVESTIMENTO

Segundo Minami, a queda nos preços traz boa oportunidade a quem deseja investir. "Esses imóveis nunca estiveram em um valor tão baixo, você acha coisas muito boas com preços achatados."

Paola Alambert, diretora de marketing da imobiliária Brasil Brokers, ressalta que é importante estar atento a ofertas que parecem vantajosas, mas podem não ser.

"Normalmente, coberturas já possuem metros quadrados mais baratos do que imóveis menores, porque nem toda sua área é construída."

Para não perder dinheiro, é preciso analisar cuidadosamente as características do imóvel. "As coberturas têm uma singularidade: inventam áreas para valorizar a metragem. Muitos espaços são inúteis: salão de festas, sauna, depósito, etc", afirma o arquiteto e urbanista.

CASA DAS MÁQUINAS

Já Paola diz ser comum problemas de infiltração em imóveis desse porte, além de problemas com ruídos, já que a cobertura fica próxima à casa das máquinas dos elevadores. "Além disso, é importante observar se o local é rota de aviões", acrescenta.

No Butantã, uma das coberturas à venda por R$ 2,1 milhões (650 m²) fica a um quarteirão do metrô, na avenida Vital Brasil.

Nos arredores há bancas de revista, mercados, restaurantes, comércio e uma base de guarda policial. No entanto, na rua do imóvel quase não há movimento à tarde e há um ponto de prostituição.

"Isso incomoda, já liguei para a polícia, mas eles falam que prostituição não é crime. Ninguém toma uma atitude e isso fica acontecendo em frente a uma escola pública", afirma Jorge Sanders, 52, administrador de empresas, que mora no prédio e, apesar de tudo, não pretende se mudar.

Para evitar surpresas, a urbanista Silmara Salvetti aconselha o comprador a visitar a região do imóvel em diferentes dias e horários antes de fechar negócio, além de se informar sobre índices de criminalidade do local, se há comércio, transporte público e se é uma área com histórico de alagamentos.

De acordo com Alexandre Tirelli, os compradores desses imóveis são, em maioria, empresários.

"São pessoas que querem morar com um pouco mais de privacidade. Além desse público, há a classe média emergente, e, em alguns casos, pessoas mais desavisadas, que compram sem o suporte de corretor e depois se arrependem", afirma.

 

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