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21/02/2016 - 01h01

Muros do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, viram hall da fama de grafiteiros

FERNANDA ATHAS
DE SÃO PAULO

Da janela das casas dá para ver a verticalização do bairro, mas a mudança mais constante na paisagem do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, acontece nos muros.

A região abriga painéis de artistas brasileiros e estrangeiros, como Binho Ribeiro, Cranio e Tinho -os três do Tucuruvi-, e de gringos, como o americano Daze e o alemão Cantwo.

Há uma efervescência do grafite no bairro desde a década de 1980, segundo Eduardo Kobra, 40, autor de grafites famosos, como o retrato de Oscar Niemeyer, na avenida Paulista, região central.

"A cultura do grafite está enraizada na zona norte. Muita gente vai para lá só para contemplar. Para mim, não existe galeria melhor que a rua e o Tucuruvi é um prato cheio", afirma. Segundo ele, depois da Vila Madalena, na zona oeste, o bairro é o que mais tem painéis.

Binho Ribeiro, 44, mora no Tucuruvi desde 1973, quando tinha um ano. A proximidade com a serra da Cantareira criou um elo entre o artista e a natureza, relação que é expressa em seus grafites.

Peixes, corujas, coelhos e animais marinhos, representados em cores vibrantes, fazem parte da sua obra. "Tudo que você vivencia reflete em você e na sua arte", diz Binho, que tem painéis em 14 países além do Brasil.

Tinho, 42, é outro grafiteiro influente da região. Formado em educação artística, deixou as salas de aula da rede pública estadual há seis anos, quando resolveu se dedicar a telas e grafites.

Desde 2009, ele abre seu ateliê para outros artistas que querem estudar os conceitos e técnicas do grafite. Hoje, Tinho coordena dois grupos de estudo. "São mais 35 artistas que vem de outros bairros, semanalmente", conta. Os interessados podem procurar informações em seu Facebook (tinho23sp).

HALL DA FAMA

Binho, que pinta quase diariamente no bairro e conta mais de 50 painéis na região, considera os muros do Tucuruvi um verdadeiro hall da fama -conceito usado pelos grafiteiros para descrever uma galeria a céu aberto com produções de alto nível.

"O grafite é, também, a busca pela fama. Você expõe sua arte para a cidade, e outro artista vai ver e querer fazer melhor", diz Binho.

Quando um muro é eleito para se transformar em painel, é preciso uma autorização do dono da casa. O reconhecimento dos artistas é tão grande que muitos moradores autorizam mesmo sem saber qual vai ser o desenho.

O comerciante José Alfredo Guerra, 53, se diz privilegiado por ter uma obra de Binho na parede do seu comércio. Ele mora no Tucuruvi há mais de 30 anos e, há seis, cede o espaço para que o artista crie, anualmente, um novo grafite. "Acho bacana, a molecada não picha, eles respeitam o grafite. E o Binho tem um trabalho muito bonito", diz.

 

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