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06/03/2016 - 01h00

Metrô e monotrilho são chamarizes para novos prédios na Vila Prudente

DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO

Nas bordas da Vila Prudente, distrito da zona leste entre o Ipiranga e a Mooca, há um corredor de edifícios novos, que se formou principalmente depois da chegada do metrô, em 2010, e do monotrilho, em 2014.

Atrás dos espigões, no miolo do bairro, predominam as casas e os comércios pequenos, que dão ao local um jeito de cidade do interior onde todos se conhecem.

Essa paisagem começou a ser construída no início do século 20 com a chegada de imigrantes do Leste Europeu, que foram atraídos por empregos nas fábricas locais. Hoje, o bairro é um reduto de russos, lituanos, búlgaros e romenos.

O "boom" imobiliário aconteceu em 2013, quando foram anunciados 2.550 imóveis novos na região -a que mais registrou lançamentos em toda a capital naquele ano, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).

Entre 2006 e 2015, o distrito recebeu 13.542 apartamentos em 69 torres -o correspondente a 4,16% das unidades lançadas na capital no período-, mostram dados da consultoria Brasil Brokers.

"Terrenos subutilizados, galpões e casas antigas estão dando vez a empreendimentos verticais", diz Reinaldo Fincatti, diretor da Embraesp.

O transporte também impulsionou o comércio e atraiu faculdades, como a Uninove (Universidade Nove de Julho), que montou um campus ao lado da estação Vila Prudente, em 2014.

MAIS BARATO

Além da boa oferta de transporte público, outro atrativo do distrito é o custo do metro quadrado.

O valor chegou a R$ 6.629 em 2015 -uma valorização real de 156,2% em dez anos-, mas é só cruzar o rio Tamanduateí e chegar ao Ipiranga para ver a diferença: lá, o metro quadrado custa R$ 8.483, segundo o Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário).

Entre os lançamentos, predominam os apartamentos de padrão médio (a partir de R$ 351 mil a R$ 500 mil), com dois e três dormitórios e no máximo 75 m².

A maioria dos 104,2 mil moradores do distrito têm renda familiar entre um e cinco salários mínimos, segundo o último censo do IBGE.

É mirando a classe C que a construtora Atua ergue em um terreno de 57 mil m², no Jardim Ibitirama, um complexo de 16 torres com 2.300 imóveis -metade deles tem entre 35 e 40 m² e custa, em média, R$ 200 mil a unidade.

"A Vila Prudente melhorou muito graças ao transporte. Os nossos prédios estão a 800 metros da estação Tamanduateí da CPTM", diz Gil Vasconcelos, diretora de incorporações da empresa.

O empresário Luciano Ferreira, 35, comprou um imóvel um pouco maior, de 55 m², no "Selfie São Paulo", também construído pela Atua. De padrão médio, o projeto tem 25 itens de lazer, entre eles piscina e espaço gourmet.

"Adquiri para investir, mas agora penso até em morar no imóvel. O condomínio tem de tudo e está perto da rede de transporte", afirma.

Moradora do distrito há 35 anos, a dona de casa Eliane Granato, 43, diz que a vida mudou para melhor depois do metrô. "Só gasto 15 minutos para ir ao centro."

Mas a favela Vila Prudente, nas margens da avenida Luiz Ignácio Anhaia de Mello, ainda incomoda. "Parece descaso. Nada muda na vida daquelas pessoas."

Já para a jornalista Helaine Martins, 35, moradora da região há sete anos, são os alagamentos que atrapalham. "Quando chove, alaga embaixo do monotrilho. Conheço pessoas que já ficaram ilhadas em casa."

Em nota, a assessoria de imprensa do metrô afirmou que as obras da linha 15-prata (monotrilho) "não alteraram as condições originais de drenagem da região".

A Folha tentou entrevistar desde quarta-feira (2) a subprefeita do distrito de Vila Prudente, Sandra dos Santos, que informou estar sem agenda para atender a reportagem. Os questionamentos enviados por e-mail também não foram respondidos até o fechamento desta edição.

 

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