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08/05/2016 - 02h00

Repaginadas como 'garden', unidades no térreo de prédios ganham popularidade

LEANDRO NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem recebe as visitas no apartamento 01 de um prédio antigo na Aclimação é Bamboo. O buldogue francês de um ano e quatro meses, que "gosta de aprontar", foi a razão para seu dono, o publicitário Rafael Marques, trocar um loft de 54 m² por um imóvel no térreo com o dobro do tamanho e quintal.

"As portas para a área externa ficam sempre abertas. Tenho até um amigo que deixa o cachorro dele aqui todos os dias. Como passo o dia fora, um faz companhia para o outro", diz Marques.

O privilégio de ter a segurança de um prédio, mas com a estrutura de uma casa, às vezes com quintal e jardim, é o que motiva a procura por um apartamento térreo -ou "apartamento garden", como é chamada a versão "gourmetizada" desse tipo de imóvel nos novos empreendimentos.

Danilo Verpa/Folhapress
O produtor Rafael Marques em seu apartamento térreo na Aclimação, em São Paulo
O produtor Rafael Marques em seu apartamento térreo na Aclimação, em São Paulo

"A demanda aumentou muito nos últimos cinco anos. A indústria imobiliária criou condições para tornar esse tipo de planta mais desejada", afirma Alexandre Tirelli, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo.

O novo térreo tem jardins com grife de paisagistas, churrasqueira, ducha para os dias quentes e possibilidades de personalização.

"Em relação ao remake do antigo, prefiro o original", afirma a produtora Camila Bueno, 43. Ela e o marido, o montador de vídeos Ricardo Gonçalves, 40, compraram há três anos o térreo de um edifício dos anos 1970, na zona oeste. "Sempre quis, mas o Ricardo resistia por falta de vista e de privacidade", diz Camila.

Preconceitos e ressalvas são comuns. De acordo com Paola Alambert, diretora de marketing da Abyara Brasil Brokers, ainda é a minoria de compradores que valoriza esse tipo de unidade.

"A queixa de vizinhos que jogam lixo pela janela existe até em apartamentos de alto padrão. E não tem muita privacidade", afirma Alambert.

Mas o térreo tem seu público fiel: casais com filhos, pessoas que não abrem mão de uma hortinha própria, donos de animais de estimação e gente que adora receber.

CHURRASCO GONGADO

Fazendo caminhadas pela Vila Madalena a produtora Camila encontrou um térreo com janelas voltadas para o fundo, que emolduram uma vista panorâmica da cidade, já que o terreno está no alto de um morro. "Aqui temos privacidade, vista -e é no térreo. Agradou todo mundo."

O casal negociou até o valor que coube no orçamento: pagaram R$ 700 mil no apartamento de 115 m².

Parecia perfeito. Até compraram Biscoito, um coelho que reina no quintal. No entanto, a localização da área externa, sob as janelas das áreas de serviço dos outros moradores, gerou um imprevisto. "A gente fez um churrasco. Mas foi a primeira e última vez. Fomos gongados pelos vizinhos. Reclamaram da fumaça", diz Camila.

No apartamento do publicitário Rafael Marques o churrasco é liberado. O problema é outro. Embora seja privativo, o espaço aberto não pode ter nada. "Posso usar mesa, churrasqueira, cadeira, mas nenhum objeto permanece do lado de fora. Tenho de recolher tudo depois. Nada de decoração, móveis, vasos. Regras do condomínio", diz.

Marcus Leoni/Folhapress
O casal Ricardo Gonçalves e Camila Bueno em unidade térrea de prédio na Vila Madalena
O casal Ricardo Gonçalves e Camila Bueno em unidade térrea de prédio na Vila Madalena

De acordo com o advogado Marcio Rachkorsky, especialista em condomínios e colunista da Folha, muitas vezes as interferências do morador no quintal térreo alteram a fachada, daí a existência de regras limitantes.

"As regras devem estar bem definidas na convenção e no regulamento. Quando isso não ocorrer, a assembleia deve tratar do tema. O segredo é que a decoração e a utilização do espaço não afetem a harmonia da fachada e do prédio, tanto nas questões estéticas quanto nas comportamentais", diz.

O transtorno de Marques é compensado pelo preço do aluguel. Ele não revela o valor, mas diz pagar no apartamento de 110 m² o mesmo que desembolsaria por uma quitinete na região.

Há um risco maior de roubos em térreos, especialmente se o quintal do imóvel termina no muro que delimita o terreno, segundo Samuel Pereira, diretor do Grupo Haganá, especializado em segurança patrimonial. "Numa invasão, há acesso direto à unidade. No caso de outros apartamentos, é preciso passar por áreas comuns e usar elevador ou escada antes de ter acesso à porta."

Para aumentar a segurança, ele sugere a instalação de cerca eletrificada, sensor de presença e botão de pânico.

 

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