Despojamento e minimalismo unem trabalhos de estreantes na Casa Cor
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma leva de estreantes chegou à Casa Cor com a intenção de levar ar fresco à mostra que completa 30 anos.
Dos 70 espaços, 24 foram criados por nomes novos -alguns já bem conhecidos do mercado, mas que expõem no evento primeira vez. A maior parte deles assina os ambientes do pavimento superior.
"A turma nova veio para arejar o que se vê todo ano", afirma a arquiteta Marilia Pellegrini, 37, que projetou a Cozinha Essencial.
Pellegrini, que é do Espírito Santo, mas trabalha em São Paulo, diz ter buscado o máximo de funcionalidade com o mínimo de interferência estética na cozinha. O espaço, inspirado no design dinamarquês, tem muita madeira clara e bom aproveitamento da luz natural. (No caso da mostra, ela simulou essa luz com iluminação artificial atrás da janela que dá para o corredor).
Minimalista e prática, a cozinha foi montada com materiais ecológicos, como o piso e os revestimentos de bambu, e ganhou uma horta vertical.Na lavanderia integrada ao ambiente, há uma composteira para fabricar o adubo que serve à horta.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
A cozinha básica de Marilia Pellegrini |
MENOS ACÚMULO
Para Pellegrini, importa também o que a cozinha não tem: móveis e objetos demais.
"As pessoas querem racionalizar a vida, acumular menos coisas. Estamos caminhando para essa simplicidade", afirma a arquiteta.
O mesmo conceito foi seguido por Nildo José, 27, criador do Estúdio Jabuticaba. Em 42 m², o arquiteto nascido em Feira de Santana (BA) montou um loft que "parece ter o dobro do espaço".
Para isso, ele usou cores claras nos móveis e no revestimento do piso sem rodapé, que se prolonga pela parede, como as placas usadas para criar o "fundo infinito" dos estúdios de fotografia.
Um banco contorna todo o ambiente, servindo a diversos usos: chapeleira, mesa de jantar, criado-mudo, apoio de toalhas. É a peça-chave, diz Nildo, mas o que mais chama a atenção do público é a árvore pendurada no teto.
Raquel Cunha/Folhapress | ||
Loft de Nildo José, com jabuticabeira 'flutuando' |
A jabuticabeira suspensa foi cultivada com a técnica japonesa "kodekama", variação do método bonsai usado para criar jardins aéreos.
"A Casa Cor percebeu que precisa ser reciclada. O grupo de nomes novos na mostra chegou sem medo de arriscar, não se preocupou em entupir os ambientes com produtos de fornecedores, como se fosse um show-room", afirma Nildo.
Os estreantes se preocuparam mais em provocar impacto. Moacir Schmitt Jr., 37 e Sálvio Moraes Jr., 36, da CASAdesign, de Balneário Camboriú (Santa Catarina), tiveram isso em mente ao criar o "Hot Spot", uma sala de estar revestida com madeira carbonizada.
"Para a estreia em São Paulo quisemos trazer um conceito forte e apresentar um diferencial. Apostamos na base escura", diz Schmitt Jr.
Isso fez o ambiente se destacar também entre os tons dominantes da turma do segundo andar, onde predominam as cores claras.
MENOS PRETENSÃO
Como na Cozinha Essencial e no Estúdio Jabuticaba, os tons claros são a marca do loft batizado de Unidade Shoji 04, criado pelo escritório carioca Yamagata Arquitetura. Trata-se de um ambiente que mistura a influência do design tradicional do Japão com o visual industrial -aí a presença de materiais como ferro e cimento.
A ideia foi criar um espaço "despretensioso, prático e básico", segundo Aldi Flosi, 33, um dos sócios da Yamagata.
Para Flosi, a turma do segundo andar "deu uma injeção de criatividade" na mostra. "Admiro os profissionais do andar de baixo, mas estão há décadas na Casa Cor. Depois de 30 anos, é difícil fazer algo realmente novo.".
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