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29/05/2016 - 02h00

Moradores transformam varandas em brinquedotecas e até cozinhas

DHIEGO MAIA
DE SÃO PAULO

Usada como abrigo de plantas, cadeiras e churrasqueira, a varanda dos apartamentos tem passado por reformas e ganhado novas funções que vão de brinquedoteca a cozinha. A tendência tem sido estimulada, segundo arquitetos, pelo tamanho cada vez menor dos imóveis.

"Os quartos quase nunca têm espaço para brincadeira. Muitos prédios também não têm playground. É isso que tem feito das varandas o novo lugar do brincar", diz a designer Mariane Cunha, da empresa de reformas AH!SIM.

O arquiteto Marcelo Nunes, da DT Estudio, em São Paulo, vê outro motivo. "Além de subutilizadas, as varandas geralmente são entregues com um layout mal resolvido e acabam passando por uma intervenção para ganhar um novo uso pela família", diz.

A publicitária Lucila Zahran, 33, montou uma brinquedoteca na varanda de seu apartamento no Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo) após a chegada de seu primeiro filho, Bento, em 2014. Antes disso, diz ela, o local ficava às moscas.

Danilo Verpa/Folhapress
Lucila Zahan com o filho, Bento, na varanda de seu apartamento em São Paulo
Lucila Zahan com o filho, Bento, na varanda de seu apartamento em São Paulo

"Não tinha função. Na segunda vez que meu marido usou a churrasqueira, esqueceu de ligar o exaustor e o apartamento ficou todo defumado. Foi um horror", afirma a publicitária.

Para criar o canto predileto de Bento, a publicitária pôs abaixo a pia e a churrasqueira e ergueu no lugar um espaçoso armário de freijó -madeira nobre -, onde os brinquedos ficam guardados. "Quando não dá tempo de organizar os brinquedos, jogo tudo lá dentro e fecho. Ninguém vê a bagunça", afirma.

Segundo ela, após a reforma o espaço se tornou o mais frequentado da casa. "A gente janta ali e brinca com ele ao mesmo tempo."

A obra durou um mês e custou cerca de R$ 40 mil -o valor incluiu projeto arquitetônico, obra, marcenaria, redistribuição dos móveis, paisagismo e nova iluminação.

Marcus Leoni/Folhapress
Varanda transformada em cozinha depois de reforma em apartamento nos Jardins, localizado na zona oeste de SP
Varanda transformada em cozinha depois de reforma em apartamento nos Jardins, localizado na zona oeste de SP

AUTONOMIA

No Brooklin Paulista (zona oeste), a psicóloga escolar Carolina Rodrigues, 36, diz que entre 60% e 70% das varandas de seu prédio têm brinquedotecas, apesar do condomínio ter área de lazer.

O espaço reservado para as duas filhas dela na varanda, de 30 metros quadrados, convive com a churrasqueira da família. "Uma parede separa os dois lugares. Não tivemos que fazer nenhuma obra quando adquirimos o apartamento", diz ela.

No piso, a psicóloga instalou um tapete emborrachado. Ela optou por fechar a varanda com vidro para conter o vento -o imóvel está no 22º andar.

Os brinquedos estão distribuídos no local em diversas caixas, cada uma com um tema -umaguarda os itens de cozinha infantil e outra legos, por exemplo. "Todos os brinquedos estão à mão. Elas criam situações com as peças e desenvolvem a autonomia."

"Acho que se a sacada fosse cheia de pufes, poltrona e mesinha, não seria tão usada por nós. Do jeito que está, eu e meu marido interagimos com as crianças, é muito benéfico", afirma ela.

O administrador de empresas Andre Battaglia, 41, levou a cozinha para a varanda de seu apartamento usado para locação, nos Jardins, e acabou otimizando os 25 m² da área total do imóvel. "A reforma ampliou muito a sensação de espaço", diz.

PLANO DE AÇÃO

Reformar a varanda exige tempo, planejamento e paciência, afirma o arquiteto Marcelo Nunes. A obra precisa receber o aval do condomínio e ser assinada por um engenheiro civil.

O segredo para tudo dar certo, complementa Nunes, é planejar. "É melhor ficar três meses em projeto e três meses em obra do que duas semanas em projeto e um ano em obra", afirma.

Para o arquiteto Adriano Mascarenhas, da Sotero Arquitetos, de Salvador, é preciso tomar cuidado com o resultado. "Se a reforma tornar o espaço muito personalista e diferente demais, pode atrapalhar uma venda futura do imóvel", diz.

Mas a designer Mariane Cunha ensina um truque. "Só opte por intervenções que são reversíveis. Assim, a chance de ter dor de cabeça será bem menor", afirma.

 

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