Saiba como preparar a casa para enfrentar as temperaturas baixas
VICTOR GOUVÊA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O maior vilão na hora de esquentar a casa no inverno é o vento gelado que entra pelas frestas. Isso acontece, segundo arquitetos, porque na maior parte do ano a preocupação maior no país é como enfrentar o calor, não o frio.
"No inverno, o problema é que venta muito, mas não é tão frio assim" diz a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Joana Gonçalves.
O arquiteto Ricardo Gonçalves, do escritório Hiperstudio, concorda. "Para um clima quente e tropical como o do Brasil, o objetivo é criar um bom desempenho contra as altas temperaturas", diz.
Resolver o problema é mais simples do que parece, já que as soluções para temperaturas altas e baixas muitas vezes são parecidas. "Se um apartamento é bom para o verão, não é difícil prepará-lo para o inverno", afirma Joana Gonçalves, da USP.
Um caminho para fazer isso, segundo ela, é melhorar a vedação das janelas –algumas têm muitas frestas. "Isso aumenta a troca de ar e torna a perda de calor mais rápida", diz Gonçalves.
PREPARAÇÃO
O ideal, apontam os especialistas, é preparar a casa para todas as temperaturas desde a construção. "Não adianta aplicar soluções paliativas em um projeto que já começou fadado ao fracasso", diz Ricardo Gonçalves.
Nesse caso, é importante ficar de olho nos materiais das paredes. No projeto da nova base brasileira na Antártida, o arquiteto Fabio Faria utilizou 22 cm de aço e poliuretano nas paredes para proteger o ambiente do frio. Ainda que a técnica não seja viável em casas, o conceito pode ser aplicado, defende ele.
Já em caso de reformas ou mudanças de decoração, aquecedores e lareiras podem ser opções. Foi isso que o Studio Guilherme Torres fez na reforma de uma casa em São Paulo. A solução foi reaproveitar e integrar à casa uma lareira que já existia.
VARIAÇÕES
As variações térmicas comuns em São Paulo exigem que os arquitetos criem soluções simples para os dias mais frios –de modo que elas não deixem a casa quente demais durante o verão.
"No caso de São Paulo, é um pouco mais complicado criar soluções para todos os dias. Mas um projeto com isolamento térmico adequado irá garantir um bom desempenho nos dias quentes e nos frios", diz o arquiteto Ricardo Gonçalves.
"O ideal é buscar soluções passivas de resfriamento, para não depender tanto de mecanismos ativos que consomem energia, como o ar-condicionado", completa ele.
Existe uma série de procedimentos que podem ajudar a proteger a casa do frio –alguns deles requerem mudanças estruturais, mas muitos podem ser feitos sem grandes dificuldades.
Segundo Joana Gonçalves, da USP, a melhor estratégia no frio é isolar os cômodos em uso, fechando as portas. "Ao concentrar atividades em um só lugar, a iluminação, a respiração e eletrodomésticos em funcionamento geram calor ali, que fica retido pelas portas", afirma.
Segundo ela, o hábito de abrir as janelas para renovar o ar não é necessário, já que infiltrações que existem nas estruturas dão conta de arejar o ambiente sem perder o calor acumulado. A recomendação, pelo contrário, é para selar frestas da melhor maneira possível.
"Colocar borrachas e almofadinhas sob os vãos das portas minimiza a perda de calor. Podem ser utilizadas até em janelas", diz ela.
PSICOLÓGICO
Já o uso de tapetes e cortinas, recurso muito utilizado no frio, nem sempre dá o resultado esperado.
"A escolha de materiais como tapetes e cortinas podem auxiliar na ambientação, mas seu efeito será mais psicológico", afirma o arquiteto Ricardo Gonçalves.
De acordo com Joana Gonçalves, da USP, eles podem inclusive ser prejudiciais –o tapete, por exemplo, piora a qualidade do ar devido ao acúmulo de bactérias e ácaros em ambientes fechados.
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