Prática auxilia mudança de rota
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
Experiências com um negócio fracassado são usadas mesmo quando há mudança radical de foco ou migração para o mercado de trabalho.
"Algumas tarefas são universais, como administrar capital de giro e questões burocráticas", afirma Marcelo Aidar, coordenador de curso de empreendedorismo da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Antônia Joyce Venâncio, que realizou o sonho de ter um café, em 1996, no Jardim Bonfiglioli (zona oeste de São Paulo), confirma o saldo positivo de gerir uma empresa.
O local era "bonito e charmoso", mas teve de ser fechado depois de três anos.
"O público não diferenciava o café expresso do comum, e a aparência [refinada] do lugar intimidava os clientes", justifica ela, que atribui o fracasso à falta de pesquisa.
Apu Gomes/Folhapress |
Depois de ter um café que fechou, Antônia Joyce Venâcio abriu uma loja de bonecas |
Depois que o café faliu, Venâncio foi trabalhar em uma produtora de vídeos. Ao ser demitida, empreendeu de novo, mas migrou para um negócio bastante diferente do anterior: venda porta a porta de bonecas artesanais.
Comercializava o produto em reuniões de amigas. A loja Preta Pretinha nasceu dessa forma, há 11 anos.
"Tenho bonecas obesa, nariguda, com orelha de abano, moradora de rua, cadeirante, com câncer e amputada", lista. "Não dá para ficar só em uma coisa [apenas um tipo de produto]", considera ela.
A diversidade também faz parte da vida empresarial de Felipe Albuquerque, 26.
Seu primeiro empreendimento, um site com ofertas de imóveis e veículos na região oeste do Estado de São Paulo, não deu certo.
Para financiá-lo, usou o dinheiro que recebeu no período em que trabalhou como empregado em uma usina.
"Existe um tempo de maturação do negócio, até começar a dar retorno. Mas calculei mal e faltou dinheiro."
Para manter o site, ele e o sócio começaram a prestar consultoria de crédito empresarial -que tornou-se a atividade principal depois de perceberem que o negócio na internet não traria resultado.
EMPREGO
A experiência empreendedora também pode auxiliar quem deseja garantir um emprego, na avaliação de Marcelo de Lucca, diretor da consultoria Michael Page.
O supervisor Marcos Dechelli, 50, que diz ter adquirido habilidades no ano em que teve distribuidora de produtos de limpeza, é exemplo.
Antes da empresa, Dechelli havia trabalhado apenas em ambientes muito técnicos. Com o negócio próprio, aprendeu "a lidar com o público e com os fornecedores".
Para Lucca, há uma ressalva em relação a ex-empresários que querem trabalhar como empregados. Quem passou muito tempo gerindo um negócio não está acostumado a ter chefe, assinala.
SOBREVIVÊNCIA
Em média, 27% dos empreendimentos fecham nos dois primeiros anos no Brasil.
É o que aponta o primeiro censo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que fez parceria com a Receita Federal para conhecer o destino de pequenas empresas.
Pelo estudo, Pernambuco é o Estado em que a mortalidade de negócios com até dois anos é maior: 42%.
Nesse percentual está a empresa de acessórios de Adeilton Alves do Nascimento, 45, que foi fechada no ano passado no Recife.
Nascimento, que originalmente é publicitário, faz uma lista de problemas que teve de enfrentar: "Não tinha formação na área e não conseguia capital de giro nem repor todos os produtos".
Para Roberto Castelo Branco coordenador do Sebrae-PE, uma das explicações para a taxa de mortalidade pernambucana ser superior à do país é o aquecimento do mercado de trabalho.
Cerca de um terço dos empreendedores só abre empresa porque não tem emprego, segundo Castelo Branco.
Quando os empresários encontram colocação, fecham o negócio. "[Eles] preferem a segurança do salário, dos benefícios e da Previdência."
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