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11/12/2011 - 07h05

Pequenas empresas sofrem para contratar qualificados

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Pequenas e médias empresas enfrentam mais dificuldade para contratar mão de obra formada em cursos técnicos ou de qualificação do que grandes companhias, afirmam executivos e analistas ouvidos pela Folha.

"Quando uma pessoa faz curso, quer vaga em grande empresa, com salário alto", explica Paulo Roberto Feldmann, presidente do Conselho da Pequena Empresa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.

Mesmo assim, boa parte dos empreendedores prioriza candidatos que passaram por curso. O dono da Casa Bonita, empresa de reformas em residências, Júlio Nóbrega, 63, está entre eles.

O empresário chega a oferecer salário 30% mais alto a quem tem qualificação.

"A quantidade de formados não é suficiente", avalia Nóbrega, que diz ser difícil atrair esses profissionais.

Letícia Moreira/Folhapress
No Hotel Emiliano, a maioria dos funcionários passa por treinamento
No Hotel Emiliano, a maioria dos funcionários passa por treinamento

O dono de choperia Eugênio Bolini Kronka, 52, já tentou recrutar pessoas em escolas, mas, se as achava, "já estavam em algum lugar".

Da sua equipe, só o garçom Fernando Mendonça, 39, passou por qualificação. Quem fez curso "sabe atender, explicar, especificar" informações, diz Mendonça.

O quadro operacional do hotel Emiliano tem cerca de 170 funcionários, dos quais 120 passaram por salas de aula, estima o diretor Gustavo Filgueiras, 35.

Apesar de identificar vantagens na contratação, ele pondera: "[cursos] agregam mais ao currículo [do empregado] do que à empresa".

Roseli Hannun, 51, gerente do Augusta Park Hotel, diz que "um funcionário ensina o outro". Ela conta que já procurou funcionários em cursos, mas não os achou.

EXPERIÊNCIA BOA

O chefe de confeiteiros da padaria Portugalia começou na empresa como faxineiro.

Foi o proprietário, Rui Gonçalves, 52, quem investiu no curso de qualificação do funcionário. "Vi que ele tinha vontade de crescer; demorou três anos para chegar aonde está", afirma.

Depois dessa experiência, Gonçalves apostou de novo -ofereceu capacitação a outro faxineiro da empresa, que hoje é padeiro.

O empresário pagou curso e jornada completa -sem descontar as horas em que os profissionais estavam nas aulas- e condução.

"Devido à dificuldade de achar mão de obra, [a estratégia] compensa", afirma.

Os cursos, segundo Gonçalves, "são bons, mas poderiam ser melhores" se, entre os professores, houvesse mais padeiros.

EXPERIÊNCIA RUIM

A chef Daniela França, 35, dona dos restaurantes Lola Bistrot e Marcelino Pan y Vino, diz ter tido boas e "desastrosas" experiências com profissionais formados em cursos de culinária.

"Já aconteceu de o funcionário achar que é muito mais do que é de fato -isso é supercomum-, e não estar a fim de fazer alguns trabalhos de base dentro de uma cozinha", diz ela.

Segundo ela, os trabalhadores se negam a fazer determinados serviços, como cortar alimentos. "A pessoa acha que, por ter um curso, não tem mais que cumprir aqueles papéis. Confunde as coisas", pondera.

França, que tem restaurante há nove anos, diz achar que os cursos deveriam salientar que a formação "é só o primeiro passo para ingressar no mercado".

 

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