Revelar ideia e dados a possível investidor provoca receio

Mesmo com o portal para contratação de prestadores de serviço Bougue já lançado no mercado, seu idealizador, Fernando Canuto, 36, tinha receio de revelar detalhes a um investidor.

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"Você fica preocupado com a possibilidade de essa pessoa só querer tirar informações e investir em um negócio parecido", diz.

Ele achava "deselegante" pedir ao investidor que assinasse um acordo de confidencialidade. Esse documento pode estabelecer multa caso as informações trocadas durante a negociação vazem.

	Alessandro Shinoda/Folhapress
	Canuto só revelou dados sigilosos no quinto encontro com investidor

Fazer ou não esse pedido é algo polêmico. "Muitos investidores não aceitam assinar o acordo, ou teriam de fazer isso 300 vezes por ano", diz Adalberto Brandão, do centro de estudos sobre "private equity" (compra de participação de empresas) da Fundação Getulio Vargas. "Se ficar escondendo projeto, pode não conseguir executá-lo."

Para a advogada Fernanda Pascale, não se deve negociar antes de ter o documento de confidencialidade assinado. Mas ela reconhece que o acordo é frágil. "É possível receber a multa, mas a ideia poderia valer mais no futuro."

Saulo Camarotti, 26, sócio da Behold Studios, que recebeu investimento no fim do ano passado, acredita que a melhor estratégia é espalhar a ideia. "Tem gente que fracassa por não ter aberto o projeto para as pessoas certas."

Marcelo Nakagawa, do Insper, destaca que a melhor proteção é escolher bem o investidor. "Não se pode conversar com qualquer um."
Canuto, por exemplo, só abriu dados sigilosos, como o número de usuários que seu site já tinha, na quinta conversa com o investidor que fez aportes na sua empresa.