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24/12/2012 - 12h37

Videochamadas por celular criam novos modelos de negócio

QUENTIN HARDY
DO "New York Times"

A próxima área de concorrência na tecnologia será o seu rosto --em qualquer lugar, a qualquer hora. Com o avanço das câmeras e telas dos celulares inteligentes e dos tablets, e a maior oferta de banda larga sem fio, mais companhias estão entrando no negócio de videochamadas móveis.

Os detalhes variam de serviço a serviço, mas as experiências são semelhantes: de qualquer lugar do mundo onde existe uma moderna rede sem fio, a tela do celular pode ser ocupada pelo rosto de um parente ou um amigo. A qualidade é semelhante à dos vídeos dos computadores --funcional, ainda que não perfeita. Há problemas de sincronia entre som e imagem, mas os lapsos não são longos. As chamadas começam e são encerradas do mesmo jeito --premindo um botão na tela.

As videochamadas móveis vêm registrando ascensão tão rápida que os analistas ainda não compilaram números precisos. Mas ao longo do caminho estão criando novos modelos de negócios, novas sobrecargas para as redes de telefonia móvel e até mesmo novas regras de etiqueta.

"Todas as comunicações --mensagens nas rede social, telefonemas, textos e vídeos-- estão se fundindo rapidamente", disse Eric Setton, cofundador e vice-presidente de tecnologia da Tango Mobile, cujo serviço gratuito de videochamadas conta com 80 milhões de usuários ativos. Setton diz que cerca de 200 mil novos usuários se registram a cada dia.

No passado uma empreitada que interessava apenas a algumas pequenas empresas iniciantes como a Tango, as videochamadas móveis agora atraíram a atenção das grandes companhias. A Apple criou o FaceTime e fez desse recurso um dos argumentos de promoção do iPad. Em setembro, ela abriu o acesso ao FaceTime por meio das redes de telefonia móvel, em lugar de limitá-lo às redes Wi-Fi, quase certamente em resposta à crescente demanda dos consumidores.

O Yahoo! adquiriu uma companhia de videochamadas chamada OnTheAir. E em 2011, a Microsoft pagou US$ 8,5 bilhões pelo Skype, um serviço de telefonia e videochamadas. Ainda que a maioria das pessoas use o Skype em computadores de mesa ou laptops, o software do serviço foi baixado por mais de 100 milhões de usuários de celulares equipados com o sistema operacional Google Android. A Microsoft criou um serviço para celulares equipados com o seu Windows 8 que permite que pessoas recebam chamadas mesmo que o Skype não esteja ativo.

O Google, que conta com mais de 100 milhões de usuários mensais em seu serviço de rede social Google+, agora oferece mais de 200 aplicativos de videochamadas. A companhia afirma que seu interesse não está em faturar com os aplicativos, mas em aprender mais sobre eles, para poder vender mais publicidade ao convencer as pessoas a utilizar seu serviço gratuito de vídeo, o Hangouts. O Hangouts pode ser usado para conversas de pessoa a pessoa ou para videoconferências com até dez participantes.

"No nível mais alto, o Google funciona melhor quando sabemos quem são vocês e quais são seus interesses", diz Nikhyl Singhal, diretor de administração de produtos no grupo de comunicação em tempo real do Google. "As videochamadas estão se tornando um serviço básico, em diferentes frentes". Embora Singhal seja usuário ocasional do recurso, diz, sua filha de quatro anos "o emprega todos os dias".

Não espere que as videochamadas propiciem ganhos de produtividade. A Tango utiliza a mesma tecnologia que aciona suas videochamadas para vender videogames que podem ser jogados simultaneamente. Vende decorações virtuais, por exemplo balões, que surgem em torno da imagem de alguém durante uma conversa de aniversário (os dois lados veem a imagem festiva). O Google diz que alguns dos aplicativos mais brincalhões para o Hangouts, como o recurso que permite acrescentar um bigode à imagem dos interlocutores, parecem alongar as conversas.

APLICAÇÕES

No momento, jogos para duas pessoas como o "Words With Friends", no Facebook, funcionam em turnos alternados; o jogador faz seu lance e passa a vez para o oponente, sem ver o que este está fazendo. Outra área promissora é a dos avatares, por exemplo cachorros e gatos em desenho animado cuja imagem aparece em uma videochamada quando um dos interlocutores não quer que sua imagem seja vista.

A perspectiva de aparecer na tela a qualquer momento poderia parecer preocupante para as pessoas que se incomodam com a aparência. Mas usar os aparelhos móveis para videochamadas pode, na prática, ser menos incômodo do que parece.

"Talvez haja inibição natural em ser visto, mas quando estou usando um aparelho móvel, em geral estou fora de casa, o que significa que esteja mais ou menos apresentável", diz Michael Gartenberg, analista de tecnologia ao consumidor na Gartner. "Resta determinar como as pessoas usarão esse recurso, mas elas já parecem esperar que ele esteja presente".

E uma nova etiqueta para videochamadas já começa a emergir. As pessoas muitas vezes enviam primeiro uma mensagem de texto para determinar se uma conversa com câmera é possível. Imagens em vídeo transmitidas pelo serviço de mensagens, como cenas de uma festa ou os primeiros passos de uma criança, também servem como precursores úteis a uma videochamada.

Singhal diz que a criação de avatares para usuários do Hangout pode ser "uma área extraordinariamente importante", também.

O maior desafio para o novo negócio talvez não seja obter mais usuários, mas sim garantir que o serviço funcione. A maioria dos celulares apresenta pequenas variações em quesitos como o posicionamento de câmera ou formato de vídeo, entre um e outro modelo.

"Uma câmera pode mostrá-lo de cabeça para baixo caso você esteja usando o software incorreto", diz Setton, da Tango.

Como resultado, os 80 engenheiros que existem entre os 110 funcionários da companhia ajustam seu software para que funcione com mais de mil tipos diferentes de celulares, em todo o mundo. Os 20 modelos mais usados contam cada qual com mais de um milhão de usuários, mas a complicação de ajustar o software a uma gama maior de aparelhos torna difícil a entrada de novas companhias de videochamadas móveis no mercado, diz Setton.

A videochamada média da Tango costumava durar seis minutos, segundo Setton, mas quando a companhia começou a acrescentar aplicativos para uso nos vídeos, a duração média subiu para 12 minutos.

P. Tradução de Paulo Migliacci

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