Jovens investem R$ 25 mil em loja virtual de camisetas "de direita"
ISABEL KOPSCHITZ
DE SÃO PAULO
Cansados da dificuldade de achar camisetas com slogans nos quais realmente acreditassem, os catarinenses Daniel Peçanha, 26, e Carlos Alexandre Machado, 33, resolveram empreender num terreno polêmico. Com um investimento inicial de R$ 25 mil, eles criaram a grife virtual Vista Direita.
A empresa vende camisetas de algodão e estampas em silk screen com 12 dizeres como "vivemos uma ditadura de esquerda", "reacionário", "mais liberdade, menos Estado" e "não existe almoço grátis" (frase atribuída ao economista americano Milton Friedman).
Segundo os empreendedores, em quatro dias de negócio, já foram feitas 38 vendas on-line, além de preenchidos cerca de 80 cadastros para compra. Entre os produtos mais visualizados está a camiseta branca "vivemos uma ditadura de esquerda", com 10 mil acessos.
Divulgação/Vista Direita | ||
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Uma das camisetas mais procuradas na grife Vista Direita, "vivemos uma ditadura de esquerda" |
"Nosso maior objetivo é ser um contraponto à hegemonia da esquerda e dos socialistas em produtos como camisetas do Che Guevara. Estamos criando alternativas para quem não concorda com o comunismo ou o socialismo e quer se expressar", afirma Peçanha, idealizador da grife, que diz fazer parte de comunidades de orientação "libertária", na internet. Ele é administrador de empresas.
EXPANSÃO
Embora não possuam mentores ou aportes financeiros externos –eles dizem procurar um investidor-anjo–, os empreendedores se preparam para lançar, dentro de 30 dias, a linha feminina. Além disso, a dupla vai produzir novos modelos masculinos com diferentes padronagens, tecidos e cortes.
"É muito comum encontrar camisetas temáticas com estampas mais caseiras. Nossa ideia é nos diferenciarmos, apostando na qualidade da confecção", explica Machado, que é designer gráfico.
Por trás da ideia do negócio, diz Peçanha, está a defesa de um Estado mínimo, que não intervenha na economia. Seguindo esta linha, os empreendedores estão entrando em contato com personalidades que eles acreditam que apoiam a causa, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), alguns economistas e o músico Lobão.
"Estamos enviando as camisetas e esperamos que algumas dessas pessoas gostem e usem. Não temos nenhuma expectativa além dessa", garante Peçanha.
Ao ser questionado sobre algumas das opiniões de parcela dos compradores das camisetas, o mentor do negócio é enfático.
"Antes de tudo, a gente quer vender. Vai ter racista usando a nossa camiseta, homofóbicos e defensores da ditadura militar. Não quer dizer que acreditamos nisso. A palavra que nos norteia é a liberdade. Mas não podemos controlar quem compra os nossos produtos", diz Peçanha.
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