'Meme' vira produto e ajuda no marketing, mas não gera lucro
DE SÃO PAULO
Os "memes" (conteúdo que se espalha rapidamente pela web) estão se transformando em produtos -por enquanto, as empresas os usam para se tornar conhecidas dos internautas, mas a ideia é faturar com eles no futuro.
O caso mais recente é o da mordida do jogador de futebol uruguaio Luis Suárez na Copa do Mundo. Dias após o incidente, já era possível encontrar produtos como abridores de latas e até brinquedos eróticos estampados com o rosto do jogador.
O sex shop sueco Oliver & Eva lançou um grampo de mamilo (brinquedo sexual que aumenta a sensibilidade dos seios) que leva a imagem de Suárez. O item é vendido pela internet a um valor equivalente a R$ 97.
"Este não é um produto criado para vendas. Vimos a chance de transformar um incidente negativo em algo positivo", diz Tobias Lundqvist, fundador da empresa.
Depois da vitória de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, o sex shop também lançou um vibrador que tem 7,1 polegadas (aproximadamente 17 cm) para homenagear a seleção vencedora.
No Brasil, o estúdio de design Boo! cria e disponibiliza "paper toys" (miniaturas 3D de objetos ou personagens).
Em 2013, eles lançaram uma miniatura ironizando o pastor e deputado federal Marco Feliciano, com a frase "sem a senha do cartão, não tem milagre"- em menção a uma declaração polêmica do pastor. O produto teve 10 mil downloads.
Também há miniaturas de personagens de novelas, como a Carminha de "Avenida Brasil", e de séries como "Game of Thrones".
Zô Guimaraes/Folhapress | ||
Anthony de Barros e Bruno Maia, sócios e criadores de paper toys de memes famosos na internet |
Os internautas podiam baixar as miniaturas gratuitamente. Hoje, quem faz o download das criações pode pagar quanto quiser.
"Nós já pensamos em tornar isso mais rentável, mas esbarramos em algumas questões gráficas. É um projeto", afirma o sócio-fundador Anthony de Barros, 29. "A ideia inicial era divulgar o trabalho do estúdio", conta.
Entretanto, essas empresas podem ter problemas na Justiça, diz o advogado Tomás Teixeira, do escritório Aidar SBZ. Ele explica que todo uso de nome e imagem precisa ser autorizado.
"Essas empresas podem ser acionadas na Justiça Civil por uso indevido de imagem e nome e ter que pagar indenização por danos morais."
Para Gil Giardelli, professor de inovação digital da ESPM, as empresas que querem utilizar memes e virais para fazer marketing precisam ser ágeis. "Algumas companhias podem perder o 'timing' e chegar atrasadas."
Ele também afirma que essa estratégia pode não ser a ideal para qualquer tipo de negócio. "Não adianta querer parecer moderninho e não ser. Essas são estratégias de empresas que vendem atitude", explica.
Segundo ele, deve-se ficar atento à linha tênue entre o humor e a situação desagradável. "A melhor empresa não é a mais curtida na internet, mas a mais interessante. O mundo precisa de humor, mas não precisa se tornar um stand-up", explica.
Colaborou BÁRBARA LIBÓRIO, de São Paulo
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