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05/10/2014 - 02h03

Cresce a parcela de empresários formais que usam microcrédito; veja as taxas

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
FELIPE MAIA
DE EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"

Com o impulso da lei que tornou mais simples a formalização de pequenos negócios e o estímulo do programa nacional de microcrédito, aumentou a proporção de empreendedores formais que vão em busca desse financiamento em instituições públicas e privadas do país.

A mudança de perfil foi notada em oito instituições consultadas pela Folha, entre bancos e associações que atuam no segmento em diversas regiões. Parte delas já tem mais clientes com CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) do que informais em suas linhas de empréstimo para atividades produtivas.

Em 2013, a oferta de microcrédito produtivo, que trabalha com taxas menores de financiamento, chegou a R$ 9,4 bilhões, montante 44,2% superior ao de 2012, segundo o Ministério do Trabalho.

Karime Xavier/Folhapress
Aguimar de Andrade, que usou financiamento para montar salão de beleza
Aguimar de Andrade, que usou financiamento para montar salão de beleza

Até 2009, 89% dos clientes do Banco do Povo Paulista, programa do governo estadual, trabalhavam na informalidade. Atualmente, 55% dos empreendedores são formais.

Seis em cada dez dos que possuem CNPJ são microempreendedores individuais (MEIs), diz Antonio Sebastião Teixeira Mendonça, diretor do banco, subsidiado em 90% pelo Estado e em 10% pelas prefeituras.

O MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e fatura até R$ 60 mil por ano. Com esse regime, ele recebe CNPJ e tem acesso a benefícios (auxílio-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria). Em troca, paga um valor fixo de imposto por mês.

Editoria de Arte/Folhapress

"Mesmo que esteja formalizado, o pequeno empreendedor, de bairro, ainda está fora do sistema tradicional. Não pode apresentar balanços para pegar empréstimos", diz Amadeu Trentini, vice-presidente da Abcred (associação do setor).

Apesar de o Banco do Nordeste atender mais empreendedores informais entre os 1,8 milhão de clientes desse tipo de programa, também constatou aumento na carteira de formais. Eram 48 mil em 2011 e passaram para 250 mil neste ano, segundo Stélio Gama, superintendente de microfinanças do banco. São, em sua maioria, pequenos empresários que faturam até R$ 60 mil por ano.

ELAS LIDERAM

É entre as mulheres que a proporção de empreendedores formais em busca desse tipo de financiamento mais cresce no Brasil.

"Elas pensam no negócio de forma mais consistente, querem crescer e ampliar seus negócios. Assim como ocorre no mercado de trabalho e na sociedade, a mulher está também mais atuante no empreendedorismo", diz Eduardo Ferreira, superintendente de negócios inclusivos do Itaú Unibanco.

Na base de clientes do banco para esse programa, 20% eram formais no primeiro trimestre de 2011. Esse percentual passou para 40% entre janeiro e março deste ano.

Sócia da fábrica de pães Kero-Kero, Maria Aparecida Morales usa os empréstimos há dois anos para organizar a compra matéria-prima.

"Se o açúcar está mais barato ou se aparece um caminhão fechado' de farinha, tenho condições de usar o microcrédito para comprar a um bom preço", diz a empresária, que há 15 anos está no ramo. Na fábrica, em Mauá (SP), ela emprega 30 pessoas e fornece para as regiões de Guaianazes e Santos.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Maria Aparecida Morales faz empréstimos para comprar matéria-prima
Maria Aparecida Morales faz empréstimos para comprar matéria-prima

Do outro lado da Grande São Paulo, a cabeleireira Aguimar Francisca de Andrade, de Guarulhos, também aderiu a esse serviço para expandir seu negócio.

Com dois empréstimos que totalizaram cerca de R$ 13 mil, ela comprou móveis, alugou um espaço e fez reformas no local para melhorar o atendimento às clientes –parte delas atendidas há cerca de 15 anos.

"Atendia em casa, então senti que não iria crescer. As filhas de minhas clientes não iriam querer ser atendidas no fundo de casa, diz.

Para Priscilla Cortezze, superintendente de assuntos corporativos e sustentabilidade do Citi, a atuação dos agentes de crédito é fundamental na formalização dos pequenos negócios e desenvolvimento de regiões carentes. Em algumas regiões, como a Nordeste, a mulher monta um negócio para ajudar a completar a renda da família e, depois de um tempo, acaba contratando o marido.

"Ela se formaliza, quer ser segura nos negócios e acaba virando o patrão", diz brincando Jerônimo Ramos, superintendente do Santander.

 

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