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19/10/2014 - 02h00

Com dificuldades, aceleradoras de negócios buscam alternativas

FILIPE OLIVEIRA
ANDRÉ CABETTE FÁBIO
DE SÃO PAULO

Atualizado em 20/10/2014 às 18h19.

Aceleradoras de negócios são formadas por investidores interessados em ajudar start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) a crescer para lucrar depois, quando as companhias são vendidas ou faturam alto. Mas, no Brasil, o mercado está andando mais devagar do que o esperado, o que as força a buscar alternativas para ter receita.

Humberto Matsuda, conselheiro da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), diz considerar ter havido um choque de realidade no setor, que passou por um momento de otimismo exagerado.

A principal saída adotada tem sido oferecer serviços de educação para futuros empreendedores, universidades ou empresas.

Trata-se de um recurso que vem de forma mais garantida do que na arriscada espera pelo sucesso de uma start-up –as aceleradoras investem entre R$ 20 mil e R$ 50 mil em cada negócio e dão mentoria e estrutura física às iniciantes em troca de uma participação acionária. Depois, torcem para que ela dê certo.

Divulgação
Frederico Lacerda, sócio da aceleradora carioca 21212, que começa a estruturar programa para formação de empreendedores
Frederico Lacerda, sócio da aceleradora carioca 21212, que começa a estruturar programa para formação de empreendedores

A aceleradora carioca 21212, a capixaba Start You Up, a mineira Acelera MGTI e a gaúcha Estarte.me estão estruturando programas assim.

"Quando fizemos nosso primeiro Demo Day [evento para mostrar as empresas aceleradas ao mercado], em 2011, ele foi falado em inglês para cem investidores estrangeiros. Nosso último, no final de 2013, foi em português, porque eles não estavam mais interessados", diz Frederico Lacerta, 28, sócio da 21212. Segundo ele, havia mais investidores brasileiros do que internacionais no evento.

Ele diz acreditar que a mudança no cenário se deve a dois principais fatores: empreendedores com boas ideias, mas ainda carentes de experiência, e a piora no cenário econômico brasileiro, que afugentou investidores.

Da primeira turma do grupo, formada em 2011 por oito empresas, uma sobreviveu. Lacerda afirma que nas turmas posteriores a mortalidade diminuiu porque foram selecionadas empresas mais maduras.

A 21212 Academy, que deve começar a funcionar em novembro, atualmente está recebendo inscrições de interessados e deve combinar conteúdo on-line com encontros presenciais. Ainda não estão definidos os preços e formatos das aulas.

Na Aceleratech, a opção para aumentar a rentabilidade no curto prazo foi desenvolver uma forma de atender grandes empresas.

A parceria pode incluir a seleção de start-ups para receber investimento de grandes empresas ou oferecer aconselhamento a profissionais dessas corporações que estejam desenvolvendo projetos. Dependendo do caso, a Aceleratech pode colocar dinheiro nessas ideias também.

Pedro Waengertner, 37, sócio do grupo, conta que duas acelerações nesse modelo estão em andamento e a terceira em negociações avançadas. Ele não revela para quem está prestando esse serviço.

MENOS RISCO

Outras tendências do mercado são a busca por start-ups em um estágio de desenvolvimento mais avançado do que nos anos anteriores, com modelo de negócios bem estruturado e, de preferência, já pagando suas próprias contas. A procura ativa pelos candidatos, mais do que a recepção e análise passiva dos currículos, também tem sido mais frequente.

Apu Gomes/Folhapress
Pedro Waengertner, 37, socio da Aceleratech, que oferece programas de aceleração em conjunto com grandes empresas
Pedro Waengertner, 37, socio da Aceleratech, que oferece programas de aceleração em conjunto com grandes empresas

"No ecossistema brasileiro atual, nosso trabalho não é criar empresas bonitinhas, que resolvem problemas de primeiro mundo do tipo como achar aquela menina da balada', mas que não sabem como ganhar dinheiro. Precisamos de empresas que vão faturar", diz Waengertner

A 21212 também passou a focar em menos e melhores empresas. No início, a meta era acelerar 30 empresas por ano. Agora são dez.

IMPRESSÕES

Empreendedores que passaram por aceleradoras dizem que a experiência permitiu conhecer investidores, ganhar noções de como desenvolver seus negócios e errar.

Fabiany Lima, 35, participou com a sua empresa, a Timolico, da primeira turma da Aceleratech, em 2011. Ela diz que lá aprendeu a testar seu negócio e a avaliar se o mercado está preparado para ele.

A empresa de e-commerce de pijamas e moletons customizados para famílias fechou em 2013 por dificuldades de crescer em escala.

Ela se concentra hoje no Timokids, um aplicativo de leitura de livros infantis e jogos 3D com áudio em três idiomas que, acredita, deve crescer mais facilmente.

Davi Ribeiro/Folhapress
Fabiany Lima, que foi dona da Timolico, de roupas personalizadas
Fabiany Lima, que foi dona da Timolico, de roupas personalizadas

Márcio Gonçalves, 39, diz que foi em um evento da 21212 que ganhou uma bolsa do Silicon Valey Bank que permitiu que fosse aos EUA captar investimentos para a Pagpop em 2012. A empresa facilita o processo de receber pagamentos por cartão.

Rodrigo Palos, 26, diz que o maior benefício da passagem da CargoBR por uma aceleradora foi levá-la do interior de São Paulo à capital.

Ela tem um cadastro a partir do qual coloca transportadoras em contato com clientes. Em São Paulo, "o volume de negócios cresceu exponencialmente", conta.

Também foi na capital que surgiram os primeiros investidores.

 

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