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11/01/2015 - 02h00

Para economizar, empresas recorrem a programadores indianos e do Leste Europeu

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Insatisfeito com a falta de experiência dos programadores que procurava para criar o aplicativo da sua empresa, Mariano Camara, 32, decidiu buscar o serviço em um local mais distante: contratou uma empresa da Índia.

Fundador da rede social de turismo Whisgo, Camara conta que o projeto ficou 30% mais barato do que se fosse feito no Brasil, mas a comunicação e a diferença de culturas e fuso horário geraram problemas, o que causou um atraso de quatro meses.

"O trabalho deles é muito profissional, mas minha sensação é que funciona como uma linha de montagem, que segue passos específicos em uma certa ordem. Enquanto nós costumamos pensar uma parte, parar um pouco, fazer outra coisa e depois voltar ao início com outra ideia."

ELe não está sozinho entre as start-ups (empresas iniciantes de tecnologia) que transpõem fronteiras na tentativa de compensar a dificuldade de contratar profissionais de tecnologia com um baixo orçamento.

A Lalabee, que oferece serviço de ponto eletrônico e cálculo de obrigações previdenciárias para quem tem profissionais domésticos, possui projetos na Índia e Ucrânia.

Danilo Verpa/Folhapress
O presidente da Lalabee Marcos Machuca (esq.) e o diretor de marketing John Drinane, que terceirizam projetos no exterior
O presidente da Lalabee Marcos Machuca (esq.) e o diretor de marketing John Drinane, que terceirizam projetos no exterior

Marcos Machuca, 44, presidente da companhia, conta que a parte principal da plataforma é construída na própria empresa, que tem oito funcionários. Por economia, itens complementares, como aplicativos, são feitos por profissionais em outros países. Enquanto a hora para um projeto desenvolvido no Brasil é de R$ 90 a R$ 100, no exterior sai entre US$ 15 (R$ 37) e US$ 25 (R$ 66), diz.

"Até conseguir um investidor, o empreendedor tem de bancar a arrancada da start-up e mostrar a aplicação em funcionamento. Então ou ele faz tudo sozinho ou vai terceirizar, pois é muito caro contratar programadores."

Buscar profissionais de fora pode tornar as empresas mais competitivas, mas são necessários cuidados, diz Cláudio Carvajal, coordenador na faculdade Fiap.

O principal deles é terceirizar apenas o que é complementar ao negócio, e não o que é mais importante para a companhia. Isso evita que prestadores de serviço copiem aplicações e levem os clientes, afirma.

SELEÇÃO

Os meios mais usados para se encontrar profissionais em outros países são plataformas de contratação de freelances, que permitem visualizar a reputação do candidato e, depois, saber quanto tempo ele dedica ao trabalho, explica Guilherme Junqueira, gerente-executivo da ABStartups (Associação Brasileira de Startups).

Segundo ele, para o sucesso de um projeto desses é fundamental que a empresa tenha clareza sobre o resultado que deseja de seus programas desde o início e saiba comunicar isso adequadamente. É comum que haja dificuldades de entendimento, inclusive devido à falta de fluência em inglês, diz.

Eduardo Knapp/Folhapress
Ricardo Ramos,32, fundador da Precifica e, no computador, o em mineração de dados bulgaro Plamen Ivanov, 25
Ricardo Ramos,32, fundador da Precifica e, no computador, o especialista em mineração de dados bulgaro Plamen Ivanov, 25

No caso da Precifica, empresa que desenvolve ferramenta de comparação e ajustes de preços automaticamente em lojas virtuais, a escolha dos profissionais em um desses sites só foi concluída após testes e entrevistas.

Ricardo Ramos, 32, presidente da companhia, conta que a vaga em aberto foi anunciada no portal de contratação de freelances oDesk em outubro. Foram recebidas 40 candidaturas.

Dos candidatos, seis seguiram para a etapa seguinte, que buscava verificar o comprometimento do profissional e a capacidade técnica. Ao final do processo, a empresa contratou um profissional nos Estados Unidos e outro na Bulgária.

O país também terá programadores da Properati, de anúncios de imóveis na internet. A companhia mantém a maior parte de seus programadores na Argentina, país de origem da empresa, mas um profissional foi contratado na Bulgária para estruturar a equipe que irá desenvolver os aplicativos, conta Renato Orfaly, 45, diretor da Properati no Brasil.

A região do Leste Europeu é escolhida por empreendedores por abrigar profissionais altamente especializados que não cobram tanto quanto em países de ponta, como EUA e Israel, diz Junqueira, da ABStartups.

Fabio Braga/Folhapress
Renato Orfaly, 45, diretor do site de imóveis Properati no Brasil; a empresa está contratando desenvolvedores na Bulgária
Renato Orfaly, 45, diretor do site de imóveis Properati no Brasil; a empresa está contratando desenvolvedores na Bulgária

É BARATO, MAS...
... pode sair bem caro

ESCLAREÇA
Para não ter de pedir novas versões e pagar duas vezes, seja detalhista na hora de solicitar o projeto e, se possível, envie protótipos do que quer exatamente

VEJA A REPUTAÇÃO
Portais para contratação de freelances, como oDesk e 99Designs, permitem que se saiba quantos trabalhos o profissional fez pela plataforma e se quem o contratou aprovou

ENTENDA OS RISCOS
Recorrer à Justiça no caso de contratações feitas internacionalmente pode exigir que se crie um processo fora do Brasil, o que só vale a pena financeiramente em caso de projetos grandes

CONTA-GOTAS
Sempre que possível, combine de pagar pelo serviço aos poucos, à medida que o profissional entrega o que foi combinado

 

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