Serviços de entrega rápida ressurgem nos EUA oferecendo bebida alcoólica via app
DANIELLE BEURTEAUX
DO "NEW YORK TIMES"
O cemitério dos serviços de entrega abriga muitas sepulturas. Webvan, Kozmo e Urbanfetch foram todas vistas como empresas muito promissoras antes de desabarem espetacularmente.
Mas a entrega no mesmo dia está voltando ao mercado, e grandes companhias de Internet como a Amazon e o eBay ingressaram no jogo. E esse ressurgimento também envolve pequenas empresas iniciantes que se concentram em um nicho de mercado: bebidas alcoólicas.
O fato de que a geração milênio, acostumada a pedir comida usando apps em seus smartphones, tenha chegado à maioridade alcoólica não atrapalhou. E o momento de ressurgimento da cerveja artesanal e dos coquetéis parece muito oportuno.
"Vejo a entrega de álcool, vinhos e bebidas mais fortes como a última fronteira no mercado das entregas de conveniência", diz Devaraj Southworth, fundador da Thirstie, em Nova York.
Kevin Hagen - 15.fev.2015/The New York Times | ||
Mark Nani deixa a loja de bebidas Casa Oliveira Liquors para fazer entrega pedida pelo app da Drizly, em Manhattan |
Os dois últimos anos viram o surgimento da Drizly, em Boston; Klink, em Orlando; e Drinkos, em Cincinnati. Além de suas escolhas similares de nomes engraçadinhos, as companhias adotam modelo semelhante: elas formam parcerias com lojas físicas de bebidas locais e os consumidores usam o site ou app da companhia de entregas para comprar as bebidas que desejam.
As start-ups entregam o produto comprado em prazo garantido, em geral menos de uma hora, e o motorista encarregado da entrega tem a tarefa de verificar o documento de identidade do comprador. A maior parte desses serviços de entrega tem custo zero para o consumidor.
Porque os pagamentos dos compradores são processados pelas lojas e vão diretamente para elas, as start-ups de entregas podem operar dentro das leis estaduais de venda de bebidas alcoólicas, porque são consideradas como prestadores de serviços terceirizados e não como varejistas de bebidas.
Algumas start-ups cobram taxas fixas e outras comissões sobre o valor dos pedidos, às lojas; ainda outras cobram uma taxa de entrega do consumidor. A Saucey, de Los Angeles, cobra uma taxa fixa por pedido às lojas, e vende as bebidas aos consumidores por preço acima da tabela do varejo.
A taxa cobrada é essencial para garantir o sucesso do empreendimento. Nos anos 90, no apogeu das empresas de delivery, a Kozmo focou mais em crescimento e em ganhar mercado do que em lucrar, disse Christopher Siragusa, seu ex-chefe de tecnologia.
A Kozmo não cobrava taxa de entrega e nem pedido mínimo, o que levou a prejuízo a cada entrega de uma única barra de chocolate, conta Siragusa, que usou os erros da empresa para fundar, em 2004, sua própria - a MaxDelivery.
Com bebidas alcoólicas entre seus produtos de entrega, a empresa, claro, cobra taxa e tem pedido mínimo. Siragusa diz querer um crescimento lento, mas garantido.
Bryan Thomas - 8.dez.2014/The New York Times | ||
Christopher Siragusa, fundador da MaxDelivery, aprendeu com os erros de empresa em que trabalhou para garantir lucro |
EXPERIENTES
Mas o negócio não gira apenas em torno do espocar de rolhas de champanhe, claro. Nicolas Rellas e Justin Robinson, fundadores da Drizly, trabalharam por quase um ano na Gordon's Wines and Liquors, em Watertown, Massachusetts, a fim de criar um modelo de negócios que se enquadrasse ao modo de operação da loja e às leis estaduais de venda de bebidas alcoólicas.
Também passaram nove meses desenvolvendo um sistema de verificação de idade com capacidades avançadas de identificação, o que Rellas diz ser um argumento forte quando eles abordam novas lojas.
"Tivemos de atravessar o lodaçal", ele disse. "Foi uma luta obter compradores, foi uma luta obter lojas, foi uma luta obter investidores".
A Gordon's foi a primeira loja parceira da Drizly quando a empresa foi oficialmente inaugurada, em fevereiro de 2013. O site agora tem 33 funcionários e calcula ter faturado mais de US$ 5 milhões em 2014.
As margens são pequenas no comércio de álcool, segundo Rellas, da ordem de 40% para o vinho, 30% para a cerveja e 20% para bebidas mais fortes. Para compensar, a Drizly negocia uma taxa fixa mensal junto a cada loja, que pode variar de algumas centenas a alguns milhares de dólares. E a empresa conseguiu levantar US$ 4,8 milhões junto ao setor de capital para empreendimentos.
Para muitas dessas start-ups, a receita vem primordialmente das lojas parceiras, e as lojas têm a vantagem de poder expandir sua base de consumidores, especialmente aqueles que desejam se animar com uma bebida forte antes de enfrentar o frio.
Prav Saraff, proprietário da 1 West Dupont Circle Wine and Spirits, loja de bebidas em Washington, assinou com a Ultra, de Nova York, no segundo trimestre de 2014. "Até o momento estamos satisfeitos com o serviço", ele disse. "Recebemos novos pedidos de clientes que normalmente não veríamos na loja".
As companhias de entregas estão ingressando em novos mercados. A Drizly opera em 14 cidades e planeja estar em 12 a 15 Estados até o final deste ano. A Ultra opera em nove cidades, e planeja acrescentar entre três e cinco outras em 2015.
Enquanto isso, companhias estabelecidas de internet expandiram seus serviços de entregas. A Amazon oferece entrega de mantimentos e álcool no mesmo dia por meio do programa AmazonFresh, na cidade de Nova York, Seattle e algumas partes da Califórnia. Amazon e Google estão considerando o uso de drones (aeronaves de pilotagem remota) para acelerar as entregas.
À medida que a concorrência se intensifica nesse campo cada vez mais movimentado, Southworth, da Thirstie, antecipa que algumas companhias não se sustentem, e que haja consolidação e aquisições da parte de grandes companhias que estão acompanhando o teste desse mercado pelas empresas iniciantes.
"As indicações são de que elas estão de olho, para determinar como melhor aproveitar empresas pequenas e ágeis que já estão no mercado, como a nossa, a fim de melhor atender os seus consumidores", ele disse.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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