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22/03/2015 - 01h06

Serviços de entrega rápida ressurgem nos EUA oferecendo bebida alcoólica via app

DANIELLE BEURTEAUX
DO "NEW YORK TIMES"

O cemitério dos serviços de entrega abriga muitas sepulturas. Webvan, Kozmo e Urbanfetch foram todas vistas como empresas muito promissoras antes de desabarem espetacularmente.

Mas a entrega no mesmo dia está voltando ao mercado, e grandes companhias de Internet como a Amazon e o eBay ingressaram no jogo. E esse ressurgimento também envolve pequenas empresas iniciantes que se concentram em um nicho de mercado: bebidas alcoólicas.

O fato de que a geração milênio, acostumada a pedir comida usando apps em seus smartphones, tenha chegado à maioridade alcoólica não atrapalhou. E o momento de ressurgimento da cerveja artesanal e dos coquetéis parece muito oportuno.

"Vejo a entrega de álcool, vinhos e bebidas mais fortes como a última fronteira no mercado das entregas de conveniência", diz Devaraj Southworth, fundador da Thirstie, em Nova York.

Kevin Hagen - 15.fev.2015/The New York Times
Mark Nani deixa a loja de bebidas Casa Oliveira Liquors para fazer entrega pedida pelo app da Drizly, em Manhattan
Mark Nani deixa a loja de bebidas Casa Oliveira Liquors para fazer entrega pedida pelo app da Drizly, em Manhattan

Os dois últimos anos viram o surgimento da Drizly, em Boston; Klink, em Orlando; e Drinkos, em Cincinnati. Além de suas escolhas similares de nomes engraçadinhos, as companhias adotam modelo semelhante: elas formam parcerias com lojas físicas de bebidas locais e os consumidores usam o site ou app da companhia de entregas para comprar as bebidas que desejam.

As start-ups entregam o produto comprado em prazo garantido, em geral menos de uma hora, e o motorista encarregado da entrega tem a tarefa de verificar o documento de identidade do comprador. A maior parte desses serviços de entrega tem custo zero para o consumidor.

Porque os pagamentos dos compradores são processados pelas lojas e vão diretamente para elas, as start-ups de entregas podem operar dentro das leis estaduais de venda de bebidas alcoólicas, porque são consideradas como prestadores de serviços terceirizados e não como varejistas de bebidas.

Algumas start-ups cobram taxas fixas e outras comissões sobre o valor dos pedidos, às lojas; ainda outras cobram uma taxa de entrega do consumidor. A Saucey, de Los Angeles, cobra uma taxa fixa por pedido às lojas, e vende as bebidas aos consumidores por preço acima da tabela do varejo.

A taxa cobrada é essencial para garantir o sucesso do empreendimento. Nos anos 90, no apogeu das empresas de delivery, a Kozmo focou mais em crescimento e em ganhar mercado do que em lucrar, disse Christopher Siragusa, seu ex-chefe de tecnologia.

A Kozmo não cobrava taxa de entrega e nem pedido mínimo, o que levou a prejuízo a cada entrega de uma única barra de chocolate, conta Siragusa, que usou os erros da empresa para fundar, em 2004, sua própria - a MaxDelivery.

Com bebidas alcoólicas entre seus produtos de entrega, a empresa, claro, cobra taxa e tem pedido mínimo. Siragusa diz querer um crescimento lento, mas garantido.

Bryan Thomas - 8.dez.2014/The New York Times
Christopher Siragusa, fundador da MaxDelivery, aprendeu com os erros de empresa em que trabalhou para garantir lucro
Christopher Siragusa, fundador da MaxDelivery, aprendeu com os erros de empresa em que trabalhou para garantir lucro

EXPERIENTES

Mas o negócio não gira apenas em torno do espocar de rolhas de champanhe, claro. Nicolas Rellas e Justin Robinson, fundadores da Drizly, trabalharam por quase um ano na Gordon's Wines and Liquors, em Watertown, Massachusetts, a fim de criar um modelo de negócios que se enquadrasse ao modo de operação da loja e às leis estaduais de venda de bebidas alcoólicas.

Também passaram nove meses desenvolvendo um sistema de verificação de idade com capacidades avançadas de identificação, o que Rellas diz ser um argumento forte quando eles abordam novas lojas.
"Tivemos de atravessar o lodaçal", ele disse. "Foi uma luta obter compradores, foi uma luta obter lojas, foi uma luta obter investidores".

A Gordon's foi a primeira loja parceira da Drizly quando a empresa foi oficialmente inaugurada, em fevereiro de 2013. O site agora tem 33 funcionários e calcula ter faturado mais de US$ 5 milhões em 2014.

As margens são pequenas no comércio de álcool, segundo Rellas, da ordem de 40% para o vinho, 30% para a cerveja e 20% para bebidas mais fortes. Para compensar, a Drizly negocia uma taxa fixa mensal junto a cada loja, que pode variar de algumas centenas a alguns milhares de dólares. E a empresa conseguiu levantar US$ 4,8 milhões junto ao setor de capital para empreendimentos.

Para muitas dessas start-ups, a receita vem primordialmente das lojas parceiras, e as lojas têm a vantagem de poder expandir sua base de consumidores, especialmente aqueles que desejam se animar com uma bebida forte antes de enfrentar o frio.

Prav Saraff, proprietário da 1 West Dupont Circle Wine and Spirits, loja de bebidas em Washington, assinou com a Ultra, de Nova York, no segundo trimestre de 2014. "Até o momento estamos satisfeitos com o serviço", ele disse. "Recebemos novos pedidos de clientes que normalmente não veríamos na loja".

As companhias de entregas estão ingressando em novos mercados. A Drizly opera em 14 cidades e planeja estar em 12 a 15 Estados até o final deste ano. A Ultra opera em nove cidades, e planeja acrescentar entre três e cinco outras em 2015.

Enquanto isso, companhias estabelecidas de internet expandiram seus serviços de entregas. A Amazon oferece entrega de mantimentos e álcool no mesmo dia por meio do programa AmazonFresh, na cidade de Nova York, Seattle e algumas partes da Califórnia. Amazon e Google estão considerando o uso de drones (aeronaves de pilotagem remota) para acelerar as entregas.

À medida que a concorrência se intensifica nesse campo cada vez mais movimentado, Southworth, da Thirstie, antecipa que algumas companhias não se sustentem, e que haja consolidação e aquisições da parte de grandes companhias que estão acompanhando o teste desse mercado pelas empresas iniciantes.

"As indicações são de que elas estão de olho, para determinar como melhor aproveitar empresas pequenas e ágeis que já estão no mercado, como a nossa, a fim de melhor atender os seus consumidores", ele disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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