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01/03/2015 - 01h21

Sacoleiras reclamam das más condições em São Paulo e compram mais em outras cidades

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Bairros comerciais de São Paulo, como o Bom Retiro e o Brás, atraem dezenas de milhares de lojistas de outras partes do país que vêm se abastecer, mas a cidade começa a disputar a preferência com outros centros atacadistas do Brasil.

Nos últimos anos, cidades como São José do Rio Preto (SP), Cianorte e Maringá (ambas no PR) e Santa Cruz do Capibaribe (PE) começaram a atrair mais fortemente os sacoleiros e ameaçam tirar uma fatia do negócio que mobiliza R$ 35 bilhões por ano na capital paulista.

São Paulo tem uma oferta gigantesca de produtos, com 59 ruas de comércio especializado em mais de 20 mil estabelecimentos, segundo dados da prefeitura.

Mas turistas de compras que visitam a cidade reclamam da dificuldade em aproveitar esta variedade em uma metrópole insegura, com transporte insuficiente e sem nenhuma comodidade.

Outras cidades aproveitam as falhas de São Paulo para conquistar esse público com alto potencial de consumo.

Marcio Alves Ferreira, presidente de uma associação de atacadistas de Cianorte, explica que o lojista que visita a cidade tem hospedagem e refeição subsidiadas.

Editoria de Arte/Folhapress
SÃO PAULO S/A COLEIRA Veja qual é o perfil do comércio atacadista no centro da cidade
SÃO PAULO S/A COLEIRA Veja qual é o perfil do comércio atacadista no centro da cidade

"Quem ia só para São Paulo agora vai também para São José do Rio Preto, para Maringá ou para cá", diz.

A lojista Luana Pinheiro, 29, conta que faz a viagem de 896 km de Governador Valadares (MG) a São Paulo cerca de 15 vezes por ano.

Ela diz considerar São Paulo arriscada -o ônibus que a traz para a cidade já foi assaltado, mas ela não estava nesse dia- e que fazer compras no Bom Retiro é cansativo.

Quando vem, chega às 4h, e precisa esperar o horário de abertura das lojas, por volta das 8h, no ônibus.

Ela já experimentou fazer compras em Cianorte -600 quilômetros a mais- e gostou da comodidade. "Só não voltei porque não gostei das roupas. Se tivesse gostado, teria trocado [de cidade], mesmo sendo mais longe."

É a mesma coisa que atrai a lojista de Ribeirão Preto Jaqueline Vieira de Souza, 30. "Para estacionar e comer em São Paulo gasto muito", afirma Souza, que admite que se os valores das mercadorias subirem um pouco, a vinda à cidade deixa de valer a pena.

São José do Rio Preto, no interior do Estado, também tem um polo atacadista. A consultora de imagem Gláucia Monteiro, 38, vive lá e tem usado cada vez mais os serviços de sua própria cidade.

Pelos preços mais baixos, ela ainda frequenta São Paulo, mas reclama de inconveniências: "O custo do táxi é alto e só posso mandar as compras direto para o ônibus se adquiro muita coisa", diz.

O secretário de empreendedorismo do município de São Paulo, Artur Henrique, diz que isso aconteceu, em parte, porque outras cidades tiveram crescimento econômico maior nos últimos anos. "A descentralização de investimentos aumentou o comércio em outras regiões."

A própria prefeitura planeja melhorar a infraestrutura para tentar estancar a perda de sacoleiras. O estudo para o projeto, feito pela Empresa Brasileira de Planejamento, aponta que os turistas de compras que vêm a São Paulo enfrentam falta de organização, dificuldade para estacionar e se deslocar entre os polos comerciais e falta de serviços.

A lojista Kamila Alves, 26, de Curitiba, frequenta a Feirinha da Madrugada, no Brás, desde agosto do ano passado. Ela diz que vir para o centro comercial é cansativo -ela entra no ônibus às 18h e volta às 23h do dia seguinte.

Ela reclama ainda dos vendedores do centro comercial, que só aceitam receber em dinheiro, o que a obriga a circular com os valores em notas. "Isso dá uma sensação de insegurança, que é o pior."

 

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