Publicidade
22/03/2015 - 01h04

Crescimento do funk cria negócio para produtoras de clipes; assista

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

O funk, que nos últimos anos deixou de ser um ritmo só do Rio de Janeiro e começou a ser produzido e consumido no Brasil inteiro, fez surgir um novo tipo de negócio, o das produtoras de videoclipes contratadas por cantores (chamados MCs).

Elas são pagas pelos artistas, mas também ganham dinheiro com a publicidade de seus canais no YouTube.

Assim como em outros estilos musicais, a internet virou a principal forma de divulgação dos funkeiros.

O YouTube é a principal plataforma usada pelos fãs para escutar música, dizem os cantores.

Veja

"É um meio de comunicação rápido que chega em qualquer lugar. Se não fosse isso, estaria vendendo tapete na rua", diz MC Nego Blue.

Ao menos três produtoras de vídeo estão nesse mercado: Kondzilla, Tom Produções e P.drão, que, somadas, têm 856 milhões de visualizações no site. As duas primeiras estão entre os 50 maiores canais do Brasil em número de assinantes.

Os produtores de vídeos ganham em duas pontas: cobram uma taxa dos artistas (R$ 1 mil no caso da P.drão) e também recebem parte do dinheiro das visualizações.

MCs que já são conhecidos fora do círculo do funk, como Guimê e o próprio Nego Blue, contratam essas produtoras e deixam seus vídeos serem veiculados nesses canais.

Geralmente, quem paga pelo cenário do clipe é o próprio artista -se ele quiser mansões, carros, helicópteros e modelos, vai ter que desembolsar por tudo isso.

Se ele optar por algo mais intimista, sai mais barato.

DIVISÃO DOS LUCROS

As produtoras têm diferentes políticas para distribuir o dinheiro das visualizações.

Na Kondzilla, a empresa fica com metade e repassa a outra parte aos artistas.

A P.drão fica com tudo, mas permite que os MCs publiquem o vídeo em seus próprios canais do YouTube.

Pedro Henrique Moreira, 30, o dono da P.drão, e Konrad Dantas, 25, da Kondzilla, evitam falar em valores.

"Somos caras públicos, e tem assalto a toda hora", argumenta Moreira.

Dantas diz apenas que, com o dinheiro, "dá para pagar algumas contas".

O dono da Tom Produções não quis dar entrevista.

Dificilmente os proprietários de canais no YouTube revelam como funciona o acordo entre eles e o site.

O Google, proprietário do YouTube, não revela valores relativos à renda com publicidade, dizendo que são questões contratuais.

Mas é possível ter alguma medida do desempenho deles: a Kondzilla tem 13 funcionários fixos, a P.drão, 3, e ambos contratam free lancers para diferentes projetos.

O MC Nego Blue, que tem sete vídeos com suas músicas em canais de produtoras de funk, conta que recebe cerca de R$ 22,5 mil por mês com as visualizações.

Ele tem um canal próprio, com 43 mil inscritos e, além disso, quatro clipes na página do Kondzilla. Somados, seus vídeos têm cerca de 24 milhões de visualizações.

DO RAP AO FUNK
O primeiro cliente de Dantas foi ele mesmo. Antes de ser dono de uma produtora, ele cantava em uma banda de rap. Como trabalhava com audiovisual, resolveu fazer um clipe da própria banda.

"Não deu certo, mas decidi que era isso que eu queria da vida", conta.

Em pouco tempo, ele formou uma clientela entre os MCs do funk ostentação.

Hoje, diz, há novas vertentes do ritmo, que não falam sobre motos, dinheiro e carros, mas sobre sexo e drogas (especialmente maconha e lança-perfume, dizem funcionários da Kondzilla).

Os temas das canções às vezes são um problema para o dono da produtora, que é evangélico. "Muitas das coisas que faço fogem do que acredito espiritualmente. Mas meu pai não é rico", diz Dantas, acrescentando que trabalha por dinheiro.

Ele conta que edita cerca de 60 clipes por ano, pouco mais de um por semana.

Moreira, da P.drão, também começou fazendo clipes para a própria banda de rap.

Depois disso, começou a fazer vídeos para MCs de "funk consciente" e, em seguida, passou a atender clientes do subgênero ostentação.

Desde 2008, diz, ganha dinheiro exclusivamente com a produção de videoclipes.

 

Publicidade

 
Busca

Busque produtos e serviços


pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag