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22/03/2015 - 01h29

Aplicativos transformam esquema informal de caronas em negócio

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Novas empresas querem transformar as caronas informais combinadas nos murais das faculdades ou nas redes sociais em negócios.

Apps de carona permitem checar motorista, afirma usuária

Para isso, oferecem aplicativos que permitem encontrar pessoas que farão caminhos conhecidos, pesquisar seus perfis nas redes sociais, e combinar preço e horário.

A Tripda, por exemplo, foi lançada em maio de 2014 no Brasil e poucos meses depois expandiu para outros 12 países da América Latina e Ásia.

Em comum, os locais escolhidos possuem trânsito, densidade populacional alta e preço elevado para carros, explica Pedro Meduna, 30, fundador da empresa.

A companhia privilegia viagens entre cidades. Possui 60 mil usuários no Brasil e realizou cerca de 27 mil caronas até agora.

Adriano Vizoni/Folhapress
Daniel Bedoya e Pedro Meduna (dir.), proprietários da Tripda, empresa de caronas que nasceu há um ano no Brasil
Daniel Bedoya e Pedro Meduna (dir.), proprietários da Tripda, empresa de caronas que nasceu há um ano no Brasil

A start-up (empresa iniciante de tecnologia) israelense BeepMe, com dois anos de mercado, chegou ao Brasil no segundo semestre de 2014. Possui 200 mil cadastrados e recebe cerca de 55 mil ofertas e buscas de caronas mensais, segundo Tatiana Tamezgui, 31, responsável pelas operações no Brasil.

O modelo de negócios das caronas está em consonância com a tendência de compartilhar bens ociosos (seja o assento no carro ou o quarto de uma casa, como no Airbnb).

Porém tornar a carona um negócio exigirá paciência dos empreendedores, diz Marcelo Nakagawa, professor do Insper. Segundo ele, o mercado é grande, mas exigirá uma mudança de cultura dos consumidores.

Entre os desafios dessa mudança, está mostrar que o serviço é seguro e que o motorista aparecerá no horário combinado, diz Newton Campos, professor do Centro de Estudos em Private Equity, da Fundação Getulio Vargas.

Outra dificuldade é que os aplicativos só ficarão realmente interessantes quando tiverem um número maior de pessoas oferecendo e interessadas em pegar caronas.

Se a oferta for muito maior que a demanda, os motoristas se desinteressam e vice-versa, explica Campos.

"Não tenho dúvidas de que vai funcionar. Mas não sei se o mercado brasileiro está maduro para isso. Pode ser cedo demais e talvez as empresas não possam esperar até lá."

Karime Xavier/Folhapress
Marcio Nigro, 41, fundador do Caronetas, que conecta quem mora e trabalha perto
Marcio Nigro, 41, fundador do Caronetas, que conecta quem mora e trabalha perto

E O DINHEIRO?

Outro problema que as empresas de caronas, cedo ou tarde, terão de enfrentar está no modo como vão organizar os pagamentos dos clientes e, mais importante, lucrar.

Isso porque a atividade não é regulamentada pela legislação e o motorista pode ser considerado como um taxista clandestino -como acontece no caso do app para chamada de motoristas Uber, envolto em polêmicas ao redor do mundo.

O Caronetas, que atua no setor desde 2011, criou moedas virtuais como alternativa ao dinheiro real. Elas podem ser compradas no site da empresa para pagar o motorista, que deve trocá-las mais tarde por prêmios.

"O uso das moedas virtuais torna o pagamento da carona um escambo, para o qual não há uma lei contra", diz o fundador Márcio Nigro, 41.

Divulgação
Tatiana Tamezgui, 31, responsável pela expansão do aplicativo de caronas BeepMe no Brasil
Tatiana Tamezgui, 31, responsável pela expansão do aplicativo de caronas BeepMe no Brasil

Hoje a Caronetas tem parceria com outras 1.800 companhias. Cerca de 42 mil pessoas combinam suas idas e vindas com regularidade.

Com o modelo, a empresa chegou ao ponto de equilíbrio (receitas e despesas igualadas) na metade de 2014.

Outras empresas dizem preferir deixar a decisão sobre lucro para mais tarde.

Tamezgui, do BeepMe, diz que no momento a empresa tem como foco aumentar sua base de usuários e tornar a carona um hábito mais popular no Brasil.

Por isso, deixa seus usuários definirem preços e fazerem o pagamento como acharem melhor.

A Tripda permite ao motorista definir o preço, com algumas restrições. A plataforma da empresa dá uma sugestão inicial, baseada na distância da viagem e custos com pedágio. Quem oferece a carona pode elevar ou abaixar o preço até certo limite.

A ideia, diz Daniel Bedoya, 25, coordenador das operações da empresa no Brasil, é impedir que a carona seja dada para se obter lucro.

A empresa não cobra comissão pelo valor pago na carona e, até agora, não tem fonte de receita.

 

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