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27/03/2015 - 16h29

Contra desigualdade, Microsoft impõe férias pagas para funcionários de fornecedores

RICHARD WATERS
DO "FINANCIAL TIMES", EM SAN FRANCISCO

A Microsoft ingressou no debate sobre a contribuição do setor de tecnologia para a crescente desigualdade de renda, e se tornou, segundo sua definição, a primeira grande companhia dos Estados Unidos a insistir em que seus fornecedores concedam férias pagas aos funcionários deles.

A maior produtora mundial de software decidiu tomar essa medida depois de reconhecer que as grandes empresas foram colocadas na defensiva como resultado do debate sobre desigualdade de renda, que se intensificou no período posterior à crise financeira mundial. As companhias de tecnologia se viram colocadas no epicentro do debate por conta da grande riqueza que geraram para seus fundadores e acionistas.

A Microsoft tem reservas líquidas de caixa de US$ 62 bilhões, e esse dinheiro quase todo está investido fora dos Estados Unidos a fim de evitar os impostos mais altos.

Em outro exemplo de esforços das grandes empresas norte-americanas para tomar a iniciativa no debate sobre a desigualdade, a Walmart, maior empregador do setor privado norte-americano, no mês passado anunciou que elevaria o piso salarial de 500 mil de seus funcionários mais mal pagos a US$ 9 por hora.

A Microsoft reconheceu que o requisito de que os fornecedores concedam férias pagas ao seu pessoal poderia elevar as despesas de seus dois mil fornecedores. Brad Smith, o vice-presidente jurídico da companhia, indicou que ela antecipava arcar com parte do custo. Em um post no blog da empresa anunciando a medida, ele escreveu: "Compreendemos que isso em última análise possa resultar em custos mais altos para a Microsoft, e adotaremos um processo para tratar dessas questões com os nossos fornecedores".

A preocupação crescente quanto ao impacto da automação sobre os empregos até mesmo dos trabalhadores mais capacitados agravou a inquietação sobre a desestabilização do trabalho e a ameaça aos níveis de renda que a tecnologia representa.

"Ao longo dos últimos 12 meses, vem havendo debate cada vez mais intenso sobre a desigualdade de renda e os desafios que os trabalhadores e suas famílias enfrentam", escreveu Smith. Ele acrescentou que algumas dessas preocupações faziam referência direta a companhias de tecnologia, o que inclui a Microsoft, e que isso a havia levado a agir.

As férias pagas obrigatórias se aplicarão aos funcionários de todos os fornecedores que realizem "trabalho substancial para a Microsoft".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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