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23/04/2015 - 13h59

Pequenos produtores de cinema dos EUA formam grupo para combater pirataria

MICHAEL CIEPLY
DO "NEW YORK TIMES", EM LOS ANGELES

Cinco pequenas produtoras de cinema - Millennium, Voltage Pictures, Bloom, Sierra/Affinity e FilmNation Entertainment - anunciaram a formação de uma nova coalizão de combate à pirataria, com o objetivo de mobilizar pequenas empresas nos setores de televisão, música, jogos, e software contra o roubo online.

A aliança adotou o nome de Internet Security Task Force.

O presidente da Millennium, Mark Gill, descreveu o projeto como um esforço final de companhias relativamente frágeis, com menos de 50 funcionários, para evitar o que, segundo elas, é a quase destruição de seus potenciais sucessos de bilheteria, como aconteceu com a Millennium e seus parceiros em "Os Mercenários 3", no ano passado.

"Talvez as empresas maiores sejam capazes de arcar com o baque", disse Gill em entrevista por telefone na semana passada. "Mas não temos esse luxo; não temos como sobreviver".

Divulgação
Sylvester Stallone (esq.) e Jason Statham (centro) em cena de "Os Mercenários 3", que vazou na internet três semanas antes do lançamento
Sylvester Stallone (esq.) e Jason Statham (centro) em cena de "Os Mercenários 3", que vazou na internet há três semanas

Ainda não se sabe precisamente o que o novo grupo poderia fazer que já não tenha sido feito por organizações como a Motion Picture Association of America (MPAA) e a CreativeFuture, mas Gill diz que o novo grupo está considerando ampla gama de opções, entre as quais uma campanha de mídia a ser organizada pela Mercury, uma companhia de lobby de assuntos públicos; um esforço de lobby pelo Heather Podesta & Partners, escritório de lobby sediado em Washington; e intensificação da pressão sobre empresas que anunciam em sites piratas.

Não existem planos para promover ações judiciais, a não ser que as empresas membros decidam fazê-lo individualmente.

Nicolas Chartier, presidente-executivo da Voltage Pictures, causou furor na Internet em 2010 ao abrir processo contra 5.000 usuários de internet não identificados, acusando-os com base em seus endereços de IP e buscando indenização por downloads ilegais de "Guerra ao Terror".

Ainda que cauteloso quanto a processos contra grande número de acusados, normalmente marcados por reações hostis e por complicações jurídicas, Gill disse que o grupo estava observando de perto o Canadá, onde um procedimento de "detecção e notificação" está em funcionamento. Desde janeiro, o Canadá requer que os provedores de acesso à Internet imediatamente encaminhem notificação de supostas violações de direitos autorais aos suspeitos de roubo, em lugar de esperarem por repetidas violações, como acontece nos Estados Unidos.

Os provedores canadenses, disse Gill, agora fazem sete vezes mais notificações a suspeitos de download ilegal do que as empresas do mesmo ramo nos Estados Unidos, e esperam que esse volume de notificações desencoraje os potenciais delinquentes, quando forem informados de que estão sob vigilância.

Jeremy Malcolm, analista mundial sênior de política da Electronic Frontier Foundation, uma organização que defende a liberdade na Web, disse que seu grupo - embora normalmente encare Hollywood com cautela - na realidade favorece um sistema ao estilo canadense, que facilita a notificação mas não força os provedores a tomarem medidas imediatas.

"Mas sentimos que o sistema necessita de sintonia fina", acrescentou Malcolm. Ele disse que algumas companhias norte-americanas estavam empregando as notificações para solicitar indenizações muito maiores do que as permitida sob as leis canadenses.

A Millennium, cujo presidente do conselho, Avi Lerner, é um dos principais proponentes do novo grupo, sofreu prejuízos especialmente graves no ano passado com o roubo online de "Os Mercenários 3", que vazou para a Web em 25 de julho, três semanas antes de seu lançamento nas salas de cinema. Esta semana, policiais de Londres detiveram um suspeito de causar o vazamento.

Mas, disse Gill, mais de 60 milhões de downloads ilegais já haviam causado forte prejuízo. No total, de acordo com a Boxofficemojo.com, "Os Mercenários 3" arrecadou US$ 206 milhões nas bilheterias mundiais, muito abaixo dos US$ 305 milhões do filme precedente da série. Em alguns países, disse Gill, as bilheterias caíram em até 89%.

Gill disse que o novo grupo teria foco mais estreito na pirataria do que a MPAA, que conduz um esforço mundial nesse sentido (e ajudou na recente detenção do suspeito pelo vazamento de "Os Mercenários"), mas precisa atender às necessidades ocasionalmente divergentes de seus seis integrantes, todos os quais grandes estúdios.

E, disse Gill, o grupo espera promover suas metas por meio de publicidade ou iniciativas legislativas que podem ser mais aguçadas que esforços semelhantes da CreativeFuture, uma organização de combate à pirataria em Hollywood, cujos 350 membros incluem grandes estúdios, agências de talentos e sindicatos de profissionais do cinema - bem como a Millennium e outras companhias.

"Trata-se de um jogo agressivo, mas que só o outro lado vem jogando agressivamente", disse Gill.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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