Empresas aproveitam aumento da inadimplência para crescer
FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
O ano de economia enfraquecida, com inflação alta e taxas de juros em elevação pode ser uma mina de ouro para negócios voltados para o público endividado.
A inadimplência cresceu 15,8% no primeiro trimestre de 2015, em comparação com o início do ano passado, segundo indicador da Serasa Experian. Quase quatro em cada dez brasileiros estão endividados.
A empresa Kitar, que desde 2012 compra carros financiados e negocia dívidas com bancos, teve um aumento de 100% na demanda em 2015.
Agora, a companhia recebe cerca de 6.000 propostas por mês pela internet, diz o fundador Luiz Barros, 44.
Até o ano passado, a maior parte dos que procuravam a companhia eram pessoas que tinham feito empréstimos de forma equivocada, sem calcular direito se poderiam arcar com as parcelas.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Luiz Barros é fundador da Kitar, que compra carros de pessoas que ficaram inadimplentes no financiamento |
Neste ano, estão se tornando mais comuns clientes que perderam o emprego após pagar poucas prestações e decidem abrir mão dos veículos.
Porém, não são apenas vantagens. A Kitar lucra com a revenda dos carros, mas, com a economia desfavorável, achar motoristas interessados ficou mais difícil.
CRÉDITO
Outro negócio que espera crescer neste cenário é a EasyCrédito.
Há um mês a companhia oferece um aplicativo que permite a consumidores saberem quais lojas podem lhe oferecer crédito (a partir de um cartão com a marca da própria empresa ou de crediário).
O foco da companhia são principalmente aqueles que não têm acesso a cartão de crédito ou estão com o nome negativado.
Marcos Ramos, 28 , explica que o consumidor deve informar dados como CPF, renda e CEP de sua casa. A empresa cruza essas informações com outras bases de dados, como serviços de proteção ao crédito e perfis em redes sociais.
Elas são comparadas pelo EasyCrédito com as regras que cada loja impõe para conceder crédito, evitando que clientes passem o constrangimento de descobrir que não podem comprar depois de ir até elas, diz.
O aplicativo funciona atualmente em Goiás e no Rio Grande do Sul. Deve ser lançado em São Paulo neste mês.
A EasyCrédito recebe cerca de R$ 10 a cada consulta feita por potencial cliente, que leva cerca de 30 minutos.
A ferramenta foi instalada em 1.500 celulares, sendo que 90% destes usaram o serviço pelo menos uma vez.
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