Analfabeto funcional, peixeiro estuda vendas e cria empresa milionária
MARCIA SOMAN
DE SÃO PAULO
GABRIELA STOCCO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Aos 10 anos, Hélio Tatsuo Yostsui já ajudava o pai em sua banca de peixes em feiras em São Miguel Paulista (SP).
Aos 15, deixou a escola para trabalhar e pouco depois percebeu que era analfabeto funcional. Mas não desistiu dos livros -principalmente os de negócios. Aos 29, abriu uma empresa própria.
Hoje, aos 46, é dono de uma fábrica de filtros de água que faturou R$ 120 milhões no ano passado.
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Hélio Tatsuo Yostsui trabalhou na feira até os 19 anos e hoje fatura R$ 120 milhões em sua fábrica de filtros de água |
Leia o depoimento de Yostsui à Folha:
"De certa forma, comecei minha carreira como empreendedor, trabalhando desde a infância na feira com meu pai, que tinha uma banca de peixes em São Miguel Paulista (SP).
A rotina era muito cansativa e, aos 15 anos, deixei a escola para seguir trabalhando.
Quando tinha 19 anos, em 1988, decidi que era hora de buscar um novo caminho e fui trabalhar como vendedor de uma companhia japonesa de produtos para saúde.
Os dirigentes de vendas dessa empresa eram oriundos da Enciclopédia Britânica, que publicava a Barsa. Aprendi com eles a fazer venda direta, de porta em porta.
Na mesma época, eu percebi que era analfabeto funcional. Eu lia um texto e não entendia. O meu deficit de aprendizado era grande e percebi que me atrapalharia.
Então passei a ler muito, um exercício que incluiu ler o mesmo livro várias vezes até que o compreendesse.
Eu nunca voltei para a escola, mas fiz muitos cursos de vendas e até um MBA na Fundação Getulio Vargas como ouvinte.
Em 1993, um colega da empresa decidiu abrir uma franquia de venda de plano de saúde e me convidou para gerenciar uma das unidades.
Recebi um investimento de US$ 20 mil com a condição de que, até pagá-lo, eu deveria receber apenas comissões como vendedor. Eu sanei a dívida em seis meses e, então com 26 anos, faturava ao menos US$ 40 mil por mês.
Com o dinheiro, decidi investir em um negócio próprio e comprei uma empresa de filtros de água com um sócio.
Dois anos depois, em 1997, decidi vender minha participação para empreender sozinho, e recebi mil filtros como parte do pagamento.
Eu pretendia voltar para o setor de planos de saúde, mas, na época, o governo mudou as regras de venda, e eu acabei ficando na área de tratamento de água com a criação da Hoken.
Eu fabricava um produto muito simples, e então decidi ir para os Estados Unidos buscar novas tecnologias em uma feira do setor. Lá conheci um tailandês que criou a técnica da qual precisava e até hoje a parte de desenvolvimento é feita em Bancoc. Foi assim que comecei a ter um mix de produtos.
Hoje a empresa produz e aluga filtros de água. Temos 150 franqueados, uma fábrica em São José do Rio Preto e indústrias terceirizadas, inclusive produzindo algumas coisas na China. Nosso faturamento foi de R$ 120 milhões em 2014 e, neste ano, esperamos aumentar esse valor para R$ 150 milhões.
Empreender é fazer coisas difíceis, arriscar. Antes de decidir por esse caminho, a pessoa deve avaliar se tem características empreendedoras, como garra e pensamento positivo. Eu tinha isso desde quando trabalhava na feira.
Quando a empresa está começando, o que faz diferença é o comportamento do dono. Às vezes, você precisa fazer tudo: carregar o caminhão, cuidar do financeiro, atender o telefone e falar com todos os clientes."
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