Artista plástica se reinventa ao colocar buquês em máquinas de vendas
FERNANDO SILVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Fatima Casarini buscava os dois filhos em uma escola de inglês em Pinheiros (zona oeste de São Paulo) quando avistou uma loja que mudaria sua vida.
"Cafona", segundo ela, a floricultura a impulsionou a empreender de novo – após o fiasco de sua confecção de roupas, em 1990, na onda do Plano Collor. "Se aquela loja com misturas erradas de flores e cheia de enfeites coloridos dava certo, eu poderia investir", relembra.
Artista plástica formada pela Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), a paulistana transformou o desejo de dar outra cara ao ramo da floricultura em um negócio no quintal de sua casa. Ela começou em 1992, com cerca de R$ 20 em flores que comprou no Ceagesp, feira em São Paulo.
Seis anos depois, foi para a internet, criando a Flores Online ainda nos primórdios da rede, e chegou a fazer 500 arranjos por dia. Agora, aos 62 anos, investiu R$ 1 milhão na Ramo Urbano, de buquês em máquinas de venda.
A companhia instalou o primeiro equipamento, igual àqueles em que se compram salgadinhos e refrigerantes, em março de 2014, no shopping Pátio Higienópolis. Depois, vieram mais quatro.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
Fatima Casarini, 62, entra em uma de suas máquinas de flores em São Paulo |
Para este ano, a empresária e o sócio, o irmão Antonio Madaleno, 55, preveem faturar R$ 420 mil e negociam levar as máquinas a Portugal.
O funcionamento se assemelha ao das máquinas de bebidas, mas o elevador interno garante que as flores fiquem intactas ao cair.
Pode-se escolher arranjos em seis prateleiras, a preços entre R$ 16 e R$ 48, dispostas dentro de um sistema refrigerado a 9°C. Para pagar, só são aceitos cartões.
O conceito não veio de primeira. "Foi de uma grande frustração que surgiu a ideia", diz ela. "Eu, o Antonio e a Lorena [Duff, 31, designer que trabalha na empresa] queríamos vender em truck flowers, em carrinhos bem charmosos. Mas, após ir à prefeitura, meu irmão voltou desanimado, pois disseram só ser permitido carros de pipoca e cachorro-quente. Aí, a Lorena nos mostrou a máquina em um site."
BONS CONSELHOS
Fatima sempre foi adepta de dar uma chance ao acaso. A escolha por artes plásticas veio da sugestão de uma amiga nos anos 1980, quando discutiam sobre o que estudar.
Já o talento para fazer arranjos foi descoberto depois que ela leu em uma revista o anúncio de um curso na mesma semana em que vira a floricultura "cafona".
"Na aula, percebi que aquele era meu mundo. Lembro da satisfação de mostrar o resultado em casa."
As três aulas levaram-na a trabalhar com flores, e a propaganda dos próprios clientes impulsionou os negócios. "Por mais que a tecnologia avance, o boca a boca é muito confiável", afirma.
Em 2012, a Flores Online virou sociedade: a norte-americana 1-800-Flowers.com tem 32,5% da empresa, o fundo nacional BR Opportunities, 30,5%, e a família Casarini, 37%.
Ao sair do comando da marca, em 2013, Fatima se estabeleceu em um estúdio no bairro da Lapa. No local, sede da Ramo Urbano, ela também prepara flores para casamentos e outros clientes, dá cursos e se diverte com os casos que seu irmão conta.
Graças ao telefone informado na lateral dos aparelhos, Madaleno atende as dúvidas dos clientes, incluindo eventuais problemas técnicos. "Às vezes, quando a pessoa quer comprar e não consegue, ele para que o cliente desligue a máquina da tomada", diz ela, aos risos.
+ Livraria
- Livro traz poemas curtos em japonês, inglês e português
- Conheça o livro que inspirou o filme "O Bom Gigante Amigo"
- Violência doméstica é tema de romance de Lycia Barros
- Livro apresenta princípios do aiuverda, a medicina tradicional indiana
- Ganhe ingressos para assistir "Negócio das Arábias" na compra de livro
Publicidade
Publicidade
Publicidade