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26/07/2015 - 02h00

Com menu internacional, restaurante de Londres contrata só mulheres imigrantes

DE SÃO PAULO

O Mazí Mas é um restaurante itinerante que já passou por alguns endereços em Londres, na Inglaterra. Seu cardápio é internacional, com receitas autênticas, feitas não por chefs com formação tradicional, mas mulheres imigrantes ou refugiadas.

No Ovalhouse Theatre até dezembro, a casa serve pratos do país de origem de cada chef, como Peru, Brasil, Etiópia, Irã e Turquia.

A proprietária, Niki Kopcke, 28, conta que o objetivo principal é que mulheres imigrantes, que costumam ter dificuldade para conseguir emprego, sejam valorizadas profissionalmente e independentes financeiramente.

"Nossas chefs são empreendedoras talentosas na área da alimentação, e não objeto de caridade. Elas precisam de oportunidades", diz Kopcke, que classifica seu projeto de "absolutamente feminista".

Kopcke é filha de um alemão e uma gregoamericana e foi criada em Nova York, nos EUA, onde estudou na escola internacional da ONU.

Ela se formou em sociologia e se mudou para a Inglaterra para fazer um mestrado sobre gênero, desenvolvimento e globalização na Escola de Economia de Londres.

Kopcke conta que o projeto foi inspirado na sua madrinha, a grega Maria Marouli, que foi impedida pelo marido de abrir uma padaria.

"Eu tive desde cedo consciência da rejeição patriarcal ao feminino. Valorizar e celebrar essas habilidades se tornou uma parte importante do meu feminismo", diz.

Mas Kopcke só abriu as portas do Mazí Mas depois de ter experiência como voluntária em cozinhas de projetos sociais na capital britânica. "Lá conheci mulheres que não encontravam trabalho, mas eram cozinheiras extraordinárias e sonhavam em ter seu próprio negócio."

SABOR BRASILEIRO

Em uma dessas cozinhas, Kopcke encontrou a carioca Roberta Sião, 43. Ela conheceu o marido em uma viagem a Londres em 2003 e decidiu emigrar no mesmo ano, deixando seu trabalho no setor de RH do Banco do Brasil.

Sião tem um filho, hoje com 11 anos, e conta que o custo de uma babá ou creche é muito alto no país, o que prejudica as mães que querem trabalhar.

"Qualquer imigrante tem dificuldade de se inserir, mas para as mulheres é muito mais difícil", diz Sião. A brasileira conta que nem o fato de falar inglês ajudou na busca por trabalho na cidade.

Sião, responsável entre outros pratos pela musse de maracujá servida no Mazí Mas, diz que o diferencial do restaurante é a comida caseira.

"Queremos cozinhar como qualquer outro bom restaurante, produzindo comida de alta qualidade e de modo profissional, mas com o prazer com que se faz comida em casa", diz Sião, que pretende, contudo, trocar a cozinha do restaurante por outra função no projeto: o recrutamento.

RENDA

Hoje o restaurante emprega 11 pessoas. As chefs, todas imigrantes legais, recebem por horas trabalhadas. Seu rendimento mensal varia de 344 libras (R$ 1.725) a 1.075 libras (R$ 5.385).

Kopcke se dedica exclusivamente ao Mazí Mas que, com o restaurante e o serviço de bufê, fatura cerca de 10 mil libras (R$ 50.100) ao mês, além de cerca de 2 mil libras (R$ 10 mil) em doações.

Ela explica que o projeto busca incentivar que suas chefs sigam novos caminhos profissionais. "Estamos ajudando uma de nossas chefs a criar seu próprio negócio, e outra foi ser chef em outro restaurante", diz.

O nome Mazí Mas significa "conosco" em grego. "Na Grécia, você sempre vai ouvir: 'Venha comer conosco'. Eu queria trazer a sensação de pertencimento e hospitalidade", explica Kopcke.

Outra unidade itinerante do Mazí Mas já está em funcionamento em Sidney, na Austrália, e, em breve, o modelo será replicado nas cidades de Leeds, no Reino Unido, e Berlim, na Alemanha, diz a empresária. "Eu e Roberta gostaríamos que o Brasil fosse o próximo."

Colaborou GABRIELA STOCCO

 

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