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30/08/2015 - 01h02

Empresas americanas transformam contêiner em casas

EILENE ZIMMERMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Morar em um contêiner de carga não é o que Scott Crosby imaginava para ele, a mulher e as três filhas. Mas eles devem se mudar em breve para um cubo de paredes metálicas em San Diego, nos EUA.

A família já era dona de um pequeno bangalô de praia na cidade, com três quartos e um banheiro em 100 metros quadrados. Com um terreno grande, Crosby, 45, fundador de uma companhia de software adquirida pelo Google, estava em busca de uma maneira barata de ampliar o espaço da casa quando viu em uma revista uma casinha construída com um contêiner reciclado.

A casa foi fabricada pela Montainer, de Missoula, Montana. "Achei que aquilo seria perfeito para nós", disse Crosby. "Por isso encontrei o site no celular e encomendei uma igual. Foi simples assim".

Crosby fez um depósito inicial de US$ 2,5 mil (R$ 8,9 mil) pela compra de um contêiner de 7,25 metros de comprimento e 2,40 metros de largura, que oferecerá à sua família um quarto adicional, uma sala de estar, um banheiro e uma pequena cozinha. O contêiner é feito de aço Corten, o mesmo usado na fabricação de navios, resistente à corrosão e tão forte que é empregado na construção de pontes.

Crosby disse que a simplicidade do processo de encomenda foi o que o levou a comprar a casa. "Não tive de tomar decisões sobre a divisão dos aposentos, os eletrodomésticos de que precisaria, ou sobre alvarás", ele disse. "Só apertei o botão de comprar e pronto".

A Montainer é uma empresa iniciante que busca tirar vantagem do movimento da "casa minúscula", iniciado por pessoas que desejam viver de maneira menor, mais simples e com menos impacto sobre o ambiente.

Ryan Mitchell, criador do site TheTinyLife.com e da Tiny House Conference, disse que a popularidade das casas de tamanho diminuto é fruto também do número de pessoas que necessitam de habitação de preço mais acessível. Quase metade das pessoas que moram de aluguel nos Estados Unidos gastam mais de 30% de sua renda com despesas de moradia, de acordo com o Centro Unificado de Estudos da Habitação, da Universidade Harvard.

A Tiny House Conference, que surgiu em 2014, atraiu 400 pessoas este ano, mais que o dobro do número de participantes do ano passado. "Creio que o interesse seja mais que uma resposta à recessão, porque se fosse esse o caso, os números estariam caindo", ele disse. "Mas desde a recessão o tráfego em meu site quadruplicou. Tenho milhões de visitantes ao ano".

Na Wheelhaus, uma companhia de Jackson Hole, Wyoming, que produz casas pequenas por encomenda desde 2007, o faturamento triplicou nos três últimos anos, de acordo com o fundador e proprietário Jamie Mackay. As casas que ele fabrica têm entre 36 e 140 metros quadrados, e custam de US$ 89 mil (R$ 318,4 mil) a US$ 295 mil (R$ 1 milhão).

A Montainer surgiu em 2013 como um site e uma página no Facebook. No primeiro ano, recebeu 1,2 mil consultas de possíveis compradores.

Os imóveis podem ser feitos com um ou mais contêineres reciclados, organizados em cerca de dez configurações. Os módulos têm áreas que variam de 15 m² a 30 m². O interior é projetado para servir como uma casa autônoma ou apenas um de seus componentes, seja um quarto, sala de estar e banheiro. Os compradores que desejem casas maiores podem encaixar diversos módulos, como blocos de Lego, disse Patrick Collins, presidente-executivo da empresa.

A Montainer produzirá 15 casas este ano e, com base nas pré-encomendas, entre 30 e 50 no ano que vem.

O pedido mais comum é de uma casa de um módulo. A maioria dos clientes da Montainer vivem na costa oeste, em mercados nos quais a habitação é muito cara, como Seattle e a região de San Francisco.

Como a maioria das casas minúsculas dos Estados Unidos é feita de madeira, o emprego de materiais reciclados confere prestígio ao produto da Montainer. "Amo o fato de que eles aproveitam algo descartado e encontram novo uso para isso", disse Crosby.

Os contêineres são instalados sobre uma fundação e devem respeitar os códigos locais de construção, além de obter os devidos alvarás. O processo de autorização pode ser árduo. A companhia percebeu que, para ter sucesso, precisava cuidar da burocracia para os compradores (se um alvará não for concedido, o valor é reembolsado).

As casas são construídas e entregues com todos os alvarás requeridos, e prontas para instalação.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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