Publicidade
[an error occurred while processing this directive]
18/10/2015 - 01h15

Inspirado por acidente, americano cria app para facilitar ligações de emergência

GLENN RIFKIN
DO "NEW YORK TIMES"

Durante uma tempestade de inverno em 2014, Charles Martin subiu no telhado de sua casa em Rockport, na região rural do Estado de Indiana, para remover cerca de 30 centímetros de neve pesada e úmida.

Martin escorregou e caiu do telhado, quebrando o pulso e a bacia. Caído na entrada de carros gelada de sua casa, sofrendo severas dores, ele tentou ligar para os serviços de emergência em seu celular, mas não conseguiu sinal. Ficou lá, deitado no frio de menos sete graus até que sua mulher chegasse do trabalho e conseguisse ligar para a ambulância, usando o telefone fixo da casa.

O episódio afetou Michael, o filho de Charles, empreendedor que recentemente concluiu seu curso de gestão na Escola de Administração de Empresas da Universidade Harvard, e que já estava desenvolvendo uma start-up com o objetivo de criar novas tecnologias para resolver os problemas de conexão entre Smartphones e os serviços de emergência. O acidente (do qual seu pai se recuperou completamente) firmou seu compromisso para com essa ideia.

Joshua Bright/The New York Times
Michael Martin (esq.) e Nick Horelik (dir.) da RapidSOS, empresa que lançou um app para melhorar a conexão entre celulares e serviço de emergência
Michael Martin (esq.) e Nick Horelik (dir.) da RapidSOS, empresa que lançou um app para melhorar a conexão entre celulares e serviço de emergência

Ele ficou atônito por os Smartphones, com seu notável conjunto de recursos tecnológicos, entre os quais GPS, vídeo, Wi-Fi, tradução, acesso à Internet e mais, serem incapazes de informar com precisão a localização de uma pessoa que estivesse ligando para os serviços de emergência, especialmente de dentro de prédios.

"Nós dispomos de um dos produtos de tecnologia mais impressionantes do mundo e não estamos usando nenhum de seus recursos quando mais precisamos dele", afirmou Martin.

O problema vem se tornando cada vez mais premente. A Comissão Federal de Comunicação (FCC) estima que mais de 70% dos 240 milhões de ligações anuais para serviços de emergência venham de celulares, e que 60% das pessoas que realizam essas chamadas não são localizadas com precisão.

Como o sistema existente de chamadas telefônicas de emergência, criado pela AT&T nos anos 60, funciona tão bem para os telefonemas feitos com linhas fixas, não havia grande ímpeto para mudá-lo. Mas um relatório preparado para a FCC estimou que 10 mil vidas poderiam ser salvas pela melhora da tecnologia empregada.

Novos regulamentos implementados pela FCC estão buscando resolver o problema. A agência estabeleceu um prazo de cinco anos para a melhora da tecnologia de localização, mas o setor de comunicações, afirmando que o prazo não era realista, conseguiu uma mudança nas regras.

Michael Martin quer preencher essa lacuna na tecnologia, e reconheceu nela uma oportunidade de negócios.

Formou uma sociedade com Nick Horelick, formado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) com um doutorado em engenharia nuclear, o que trouxe os conhecimentos técnicos necessários à empreitada.

Juntos, eles criaram a RapidSOS, uma start-up que oferece um app que conecta o usuário às centrais de atendimento de emergências com apenas um toque - é um processo parecido com chamar um carro do Uber.

Os dois começaram a montar uma equipe e passaram mais de dois anos criando e testando a tecnologia, trabalhando em estreito contato com mais de 150 centrais de atendimento de emergências nos Estados Unidos e Canadá, testando dezenas de milhares de telefonemas e calculando os algoritmos que ofereceriam aos usuários de celulares acesso melhor aos serviços de emergência via telefone 911.

Tendo obtido US$ 500 mil em prêmios em diversos concursos para novos projetos em Harvard e no MIT, a RapidSOS conseguiu criar a tecnologia e a equipe necessárias. A empresa passou a atrair investidores do ramo de capital para empreendimentos, que viam no app a mesma oportunidade percebida por seus fundadores.

"Esse é um grande problema que pode ser resolvido, deve ser resolvido, e quando for resolvido atrairá uma audiência maciça", disse Dan Nova, sócio da Highland Capital Partners, uma companhia de capital para empreendimentos em Boston.

Nova instou a Highland Capital a se tornar a maior investidora na RapidSOS, e o grupo recentemente bancou a maior parte dos US$ 5 milhões envolvidos na primeira rodada de capitalização promovida pela nova empresa.

Diferentemente dos telefonemas via linhas fixas, identificados e localizados instantaneamente pelo sistema de atendimento de emergências existente, uma chamada via celular é direcionada pela antena de telefonia móvel mais próxima a uma central de respostas, por exemplo o quartel da polícia estadual ou a central de emergência mais próxima da antena em questão. O sistema não tem como localizar exatamente o celular, e tempo é desperdiçado com a queda ou má qualidade das ligações.

A RapidSOS criou um programa chamado One-Touch 911 que usa telecomunicações em nuvem e análise de dados para conduzir informação essencial, o que inclui a localização exata da pessoa, ao sistema de emergência.

Basta tocar o ícone na tela do smartphone e a ligação é encaminhada à central de emergência mais próxima, o que significa que o sistema não funcionará apenas nos Estados Unidos mas também nos 135 países que empregam serviços de emergência telefônica identificados por três números, e a mensagem poderá também ser transmitida por Wi-Fi.

O app gratuito inclui também recursos para envio de informações médicas, fotos e vídeos, serviços de tradução e alertas de base geográfica que oferecem instruções aos usuários em caso de emergência.

Os dados são transmitidos diretamente à central de emergência mais próxima, e em formato compatível com o sistema de emergência. "Isso significa que não serão necessários novos equipamentos ou treinamento especializado", explica Martin. "A chamada chega como se fosse via telefonia fixa, mas vem acompanhada por muita informação adicional".

Steve Souder, diretor da central de atendimento de emergência no condado de Fairfax, Virgínia, teve oportunidade de testar o app da RapidSOS. "Trata-se de um gigantesco passo à frente, de uma verdadeira inovação", ele disse.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

Publicidade

 
Busca

Busque produtos e serviços


pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag