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26/04/2016 - 12h00

Empresa dos EUA quer transformar dados obtidos por celular em negócio

STEVE LOHR
DO "NEW YORK TIMES"

Uma empresa americana quer transformar em negócio lucrativo uma fonte quase inesgotável de informações sobre milhões de usuários de todos os perfis que ainda é pouco explorada: os dados coletados pelos sensores dos smartphones.

A CrowdSignals deu seu primeiro passo com uma campanha de financiamento coletivo, buscando contribuições de menos de US$ 100 de pesquisadores universitários e empresas. O dinheiro será usado para pagar os participantes que aceitarem fornecer dados dos sensores de seus smartphones para pesquisas e estudos.

Justin Sullivan/Getty Images/AFP
Empresa tenta transformar dados produzidos por smartphones em negócio
Empresa tenta transformar dados produzidos por smartphones em negócio

"Ainda mal começamos a explorar o potencial dos dados dos smartphones", diz Evan Welbourne, cientista da computação que lidera o projeto CrowdSignals.

O futuro promissor dos dados móveis, concordam os especialistas, é o de que possam apontar para novas percepções na saúde, transporte, planejamento urbano e ciências sociais.

Mas dados móveis como esses tipicamente custam caro, sua coleta é demorada para os pesquisadores, e sua interpretação é difícil.

A grande melhora em ramos como o reconhecimento visual veio de vastas fontes de dados e técnicas de software em constante melhora, em um ramo da inteligência artificial conhecido como aprendizado mecânico.

Mas essa feitiçaria tecnológica depende da ajuda humana. O software é treinado usando conjuntos de dados rotulados por seres humanos —para identificar, por exemplo, imagens de cachorros, gatos e cavalos.

Criar conjuntos de dados rotulados por seres humanos é um procedimento simples no caso de palavras e imagens. Os seres humanos são capazes de identificar imagens rápida e precisamente.

O desafio da rotulação é mais complicado quando se trata de dados de sensores em aparelhos móveis,. Por exemplo, uma pessoa que esteja contribuindo dados têm de registrar quando está andando, correndo ou pedalando. Se um pesquisador deseja correlacionar estado de ânimo e atividade, o colaborador poderia ter de responder a uma pergunta ou duas na tela de toque.

Os dados de um aparelho pessoal - um smartphone ou relógio inteligente - também são delicados, suscitando questões de privacidade e uso de dados, o que complica a coleta dos dados dos sensores.

O desenvolvimento de modelos de software usando dados de sensores móveis foi prejudicado, diz Deborah Estrin, professora de ciência da computação na Universidade Cornell de Tecnologia, pela "ausência de conjuntos de dados rotulados". E o motivo para isso é a falta de um esforço comunitário para realizar esse trabalho de maneira ética e eficiente.

Estrin é um dos diversos cientistas da computação de universidades de todo o mundo que estão assessorando a CrowdSignals, da mesma forma que pesquisadores de empresas como a Intel e a Microsoft.

A maioria das pesquisas que usam dados de aparelhos móveis acompanha número relativamente pequeno de pessoas em uma única cidade ou região, muitas vezes usando dados exclusivos de operadoras de telefonia móvel ou fabricantes de aparelhos. O CrowdSignals tem por objetivo superar essas limitações, disse Daniel Gatica-Perez, pesquisador do Instituto de Pesquisa Idiap, da Suíça, que assessora o projeto.

Tanto a Apple quanto a Samsung introduziram ferramentas de software para coleta e compartilhamento de dados móveis. O sistema SAMI da Samsung é uma plataforma de troca de dados por meio da qual desenvolvedores podem compartilhar seus dados e colaborar com outros profissionais. O Research Kit da Apple permite que usuários do iPhone compartilhem de dados para uso em projetos de pesquisa, muitos dos quais estudos relacionados à saúde.

A CrowdSignals está tentando criar um mercado para dados com incentivos financeiros para que as pessoas participem e rotulem seus dados. A organização garante que todos os dados serão anônimos.

O objetivo de longo prazo da CrowdSignals é obter milhares de participantes para seus estudos, mas ela está começando com um projeto piloto. Espera obter US$ 15 mil em sua rodada inicial de financiamento coletivo, diz Welbourne, e então recrutar entre 30 e 50 participantes de cujos smartphones dados serão recolhidos por um mês.

No projeto piloto, o software da CrowdSignals só poderá recolher dados de pessoas cujos smartphones usem o sistema operacional Android, do Google. Posteriormente, Welbourne espera acomodar também usuários do Apple iPhone.

Os participantes, diz ele, receberão remuneração fixa da ordem de US$ 100 por mês. Mas a remuneração pode aumentar ou diminuir, a depender do volume de dados pessoais que os participantes optem por fornecer. Além disso, eles receberão pagamentos de incentivo de alguns dólares se optarem por rotular os seus dados.

Boa parte das verbas obtidas via financiamento coletivo será dedicada à seleção e instrução dos participantes. O esforço será realizado por meio de sites e e-mails de acompanhamento. A CrowdSignals terá vídeos e um sistema de atendimento via Skype para tirar dúvidas sobre o projeto. Mesmo o projeto piloto, disse Welbourne, tentará obter um grupo diversificado por sexo, idade, localização geográfica e etnia.

Os pesquisadores universitários e empresariais participantes obterão acesso antecipado aos conjuntos de dados. Os acadêmicos pagarão taxa de licença de US$ 20 e os pesquisadores empresariais de US$ 50. As licenças terão validade de cinco anos, mas depois de um ano os conjuntos de dados serão liberados para uso acadêmico.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

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